A Intel Arc marca a volta da Intel para o mercado de placas gráficas dedicadas após mais de 20 anos de tentativas fracassadas. Tal decisão está diretamente relacionada com a trajetória dos processadores x86 nos últimos anos, principalmente por conta do avanço da ARM.
Sabe como é… a AMD deu na cabeça da Intel com a tecnologia Bulldozer, e a ARM se tornou uma arquitetura muito desejada por fabricantes e usuários. E a Intel precisava reagir de alguma forma.
Outro motivo de preocupação da Intel foram os processadores Ryzen da AMD, que ficaram em pé de igualdade com os chips Core, tanto no desempenho quanto nos resultados finais de experiência de uso.
Logo, a Intel tinha que dar uma resposta mais contundente ao mercado. E essa resposta veio na forma da Intel Arc.
Intel Arc, um movimento necessário
Sim, amigo leitor. O nascimento das placas gráficas Intel Arc tem um ponto de necessidade, pelos motivos mencionados na introdução desse artigo.
O crescimento da arquitetura ARM, a ressureição da AMD no mercado de processadores para desktops e notebooks e as placas gráficas dedicadas ganhando mais funções e características forçaram a Intel a tentar de novo neste segmento.
Dá para dizer que o ensaio para esse lançamento foi a chegada das placas gráficas integradas Intel Iris Xe, que entregaram resultados muito positivos, principalmente nos equipamentos ultrafinos e pensados na maior autonomia de bateria.
Agora, o desafio da Intel é justamente convencer que as placas gráficas dedicadas Intel Arc podem avançar em um mercado consolidado, se apresentando como alternativas para propostas que já mostraram sua qualidade, conquistando um grande público consumidor ao longo do tempo.
Um hardware ótimo, mas com um software que precisa melhorar
Pelo menos durante os testes de benchmarks de referência, a Intel está na frente da AMD no que se refere às tecnologias aplicadas para o desenvolvimento da Intel Arc por conta do hardware dedicado para o ray tracing, uma das principais necessidades atuais para o uso de placas gráficas dedicadas em computadores.
Modelos como Arc A750 e A780 demonstram ser um hardware top de linha, mas o grande problema da Intel Arc nesse momento é o seu software, mais precisamente os drivers, que não estão a altura de todo o seu poderio.
A Intel reconhece isso, e afirma que está trabalhando para melhorar os drivers compatíveis com suas placas gráficas dedicadas. Acredita que, dessa forma, consegue obter um sucesso maior para ser efetivamente competitiva diante da concorrência.
Quando você precisa convencer os convencidos
A maioria dos usuários está mais do que convencida com as placas gráficas da NVIDIA, que não apenas conta hoje com uma posição claramente dominante no mercado consumidor (principalmente quando pensamos no uso dos computadores Windows para os jogos), mas também no segmento de inteligência artificial, modelagem, paralelização e processamento gráfico avançados.
Neste sentido, a Intel precisa oferecer soluções que entregam uma relação custo-benefício mais vantajosa, pois não basta entregar uma tecnologia avançada. Os usuários querem pagar preços atraentes. E isso é necessário também para se construir uma grande massa de usuários. Qualquer fabricante sabe disso.
Em teoria, a Intel Arc pode crescer entre os usuários de computadores com Linux, explorando inclusive uma teórica limitação técnica da NVIDIA com esse sistema operacional, inclusive com a já conhecida enorme dificuldade em manutenção dos drivers.
Neste aspecto, a Intel está na frente, dando uma atenção muito maior para os usuários Linux, principalmente aqueles que usam o sistema operacional no setor profissional, onde os gráficos dedicados podem entrar em ação em servidores, softwares de programação ou em tarefas mais pesadas.
A Intel precisa seguir insistindo. É para o nosso bem
Existe uma grande controvérsia na Intel Arc: o suporte ao DirectX 9 é fornecido pelo D3D9On12, um renderizador Direct3D 9 sobre o DirectX 12, que pode ser considerado uma espécie de “tradutor”.
O grande problema aqui é o desempenho dessa tecnologia em jogos no Windows, algo que não foi muito bem sucedido no passado, já que a performance de alguns títulos foi melhor no DirectX 9 de forma nativa do que no D3D9On12. Resta saber se o mercado vai confirmar essa tendência negativa com o passar do tempo.
Seja como for, a NVIDIA domina o mercado de placas gráficas dedicadas e com uma força cada vez maior. E toda concorrência é necessária. A Intel Arc já mostrou ter potencial para isso, mas a Intel precisa ter o pé no chão para trabalhar com a sua tecnologia.
Muito mais do que ganhar dinheiro com a venda de computadores potentes. O que está em jogo de verdade é evitar um futuro monopólio da NVIDIA que pode ser prejudicial para todos nós.
Não que a Intel seja a nossa salvação. Mas pode ajudar a evitar o pior.