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A E3 ainda faz algum sentido em existir?

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Depois de 20 anos de sucesso e serviços prestados ao mundo dos videogames, nos deparamos com os sinais claros da morte da E3, feira de videogames que tradicionalmente é realizada no mês de julho em Los Angeles.

Não quero ser profeta do apocalipse, mas os sinais para mim são mais do que claros. Com o esvaziamento do evento por parte das três principais empresas do setor, fica difícil realizar um evento que tenta chamar a atenção do grande público apenas com os títulos dos parceiros e desenvolvedores independentes.

Sem Sony, Microsoft e Nintendo presentes na E3, não dá para imaginar um futuro válido para a feira. Logo, é melhor dar um tiro de 12 na cabeça dessa morta-viva.

 

O que sabemos até o momento?

Justo no ano em que a E3 voltaria a ser um evento 100% presencial, Nintendo, Sony e Microsoft confirmam que não vão participar do evento, que já não aconteceu no ano passado.

Até o momento em que este conteúdo é produzido, a E3 2023 está prevista para acontecer entre os dias 13 e 16 de julho. E até segunda ordem, isso não muda. Ou melhor, pode mudar se os desenvolvedores parceiros das três gigantes do setor de videogames também desistirem de participar da festa.

Se nada mudar, a E3 2023 ainda será o local onde os expositores poderão apresentar os seus jogos e futuras tecnologias, mas não será o palco de grandes anúncios como novos consoles e produtos vindos dos fabricantes de hardware.

A primeira a abandonar o barco da E3 foi a Sony em 2019, e desde então nunca mais pisou os pés no solo da Califórnia no mês de julho. A Microsoft confirmou na semana passada que fará uma apresentação por conta própria em Los Angeles durante o verão norte-americano, mas em nenhum momento menciona o termo E3.

E a Nintendo abraçou com força o seu formato próprio para anunciar as suas novidades para o grande público, fazendo do Nintendo Direct o seu evento oficial. Com isso, não tem mais a necessidade de dividir atenção com outras empresas ao participar da E3.

Na verdade, o cenário atual de desinteresse dos grandes fabricantes de videogames em participar de grandes eventos conjuntos foi basicamente criado pela dona Nintendo, que buscou uma solução própria para resolver o seu problema.

Por outro lado, essa tendência de grande evento em conjunto está entrando em extinção. Os grandes fabricantes de tecnologia seguiram os passos de Nintendo e Sony para apresentar os seus produtos em eventos próprios, monopolizando as atenções quando precisam.

E no caso da E3 em particular, outras grandes feiras estão tomando o seu lugar.

 

Já existem substitutos para a E3

Enquanto a E3 ia ladeira abaixo, outros palcos digitais para editores e desenvolvedores de games apareceram.

Eventos como o The Game Awards e o Summer Game Fest se tornaram protagonistas, roubando os holofotes que antes eram da E3. Coincidência ou não, os dois cenários são comandados por ninguém menos que Geoff Keighley, o que significa que ele no mínimo sabe o que está fazendo, ou que está acertando nos seus movimentos.

Sem falar na Gamescom e na Tokyo Game Show, que ganharam um maior protagonismo nos últimos anos. E todos esses eventos em ascensão mostram que feiras de videogames ainda fazem muito sentido para o lado que mais interessa: os fãs, que são os clientes em potencial.

São esses eventos que permitem que os jogadores tenham acesso antecipado aos jogos, consoles de videogames e tecnologias que eles poderão comprar no futuro. Além disso, não existe oportunidade tão boa para medir a temperatura dos usuários diante de suas criações quanto ver como os jogos se saem nas mãos dos jogadores.

Logo, o problema não está exatamente nos eventos de videogames. Eles podem não mais funcionar para as três gigantes do setor, mas ainda são muito viáveis para os demais envolvidos no processo, incluindo os jogadores.

Olhando para essa perspectiva, o problema está mesmo é na E3, que precisa encontrar uma maneira de voltar a ser interessante para o grande público. E essa é uma missão que precisa ser cumprida pelos organizadores do evento, com ou sem a ajuda de Nintendo, Sony e Microsoft.

As três gigantes do mundo dos videogames estão muito confortáveis na posição que estão. Neste momento, elas podem dizer como, quando e em qual formato vão mostrar os seus jogos e novos produtos, sem precisar competir a atenção entre si e com os demais desenvolvedores.

Obviamente, quem sai perdendo com isso são os jogadores, que deixam a ter o tal acesso antecipado às novidades, como eu mencionei um pouco antes. Porém, está evidente que Nintendo, Sony e Microsoft nem querem sair de casa porque a festa promovida pela E3 deixou de ser a melhor balada da temporada a algum tempo.

Dito tudo isso, eu realmente não gostaria de reconhecer que a E3 já deu o que tinha que dar. Mas é mais do que urgente que a feira se renove para encontrar uma nova maneira de ser atraente para os desenvolvedores e fabricantes, ao mesmo tempo em que tem que ir atrás do seu público para sustentar a própria razão de ainda existir em um segmento que naturalmente encontrou outros palcos para a divulgação dos produtos.

E não me pergunte como eu resolveria esse problema. A E3 não me paga um centavo para pensar por eles. Que os seus organizadores se virem para descobrir como sair do atoleiro sozinhos.


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@oEduardoMoreira