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Android One já não faz o menor sentido…

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Era para o Android One ter funcionado muito melhor do que o Android Go, mas… sabe como é o Google…. adora ser uma indústria Beta, e transformar boas soluções em eternos experimentos que não chegam a lugar nenhum.

Hoje, praticamente nenhum smartphone conta com o sistema operacional Android One para gerenciar o seu hardware. Algumas poucas marcas muito corajosas como a Xiaomi ainda apostam neste software, que se distanciava dos demais por não contar com capas de personalização, o que era uma vantagem muito desejada por muitos usuários.

É até difícil entender por que o Android One não deu certo. Mas é meu trabalho explicar onde o Google errou neste caso.

 

Tinha tudo para dar certo, mas falhou miseravelmente

O Android One era tudo o que muitos usuários de smartphones mais modestos desejavam na vida. Passamos a primeira década do Android utilizando telefones pobres nas especificações que foram obrigados a lidar com um sistema operacional mais pesado e, em muitos casos, abandonado nas atualizações. E a iniciativa do Google prometia corrigir todos esses pontos.

Além de entregar para os dispositivos um sistema operacional limpo e livre de personalizações, uma das principais bases do Android One e um forte argumento da iniciativa em relação à toda a concorrência dentro do próprio Android era a proposta de atualizações rápidas e a curto prazo dos dispositivos.

Ou seja, o Google estava copiando alguma coisa boa da Apple, já que todos os telefones com Android One iriam receber a atualização do sistema operacional de forma direta e em um curto espaço de tempo, da mesma forma que a gigante de Cupertino fazia com os diferentes modelos do iPhone.

Com o passar do tempo, o Android One foi perdendo força porque, em partes, os fabricantes foram alterando as suas respectivas políticas de atualização do sistema operacional. Hoje, muitas empresas estão entregando três e até quatro anos de updates de sistema operacional, e até cinco anos de correções de segurança.

Marcas como Samsung e OPPO garantem hoje mais atualizações de versões do Android que o próprio Google com os seus dispositivos Pixel. E esse cenário constrangedor afetou o Android One de forma quase inevitável.

 

O Android One já não é mais o que era

Vou colocar o cenário em contexto, entregando uma ideia geral do quão obsolescente se tornou o Android One em sua política de atualizações.

Os telefones que fazem parte desse programa recebem atualizações rápidas durante pelo menos dois anos, correções de segurança mensais e a integração do Google Play Protect.

Não ter uma capa de personalização entrega como efeito colateral prático um telefone muito mais limpo e com maior capacidade de armazenamento, o que é algo muito bem vindo para os dispositivos mais baratos e limitados no seu hardware.

Por outro lado, os updates rápidos deixaram de ser uma prioridade para os usuários, que optaram por contar com um bom e durável smartphone a longo prazo, e receber dois anos de atualizações de versão do Android significa que o dispositivo iria ficar obsoleto em um curto espaço de tempo.

Isso foi determinante para que muitos usuários optassem por propostas similares de fabricantes de telefones Android com capas personalizadas, mesmo que esses smartphones custassem um pouco mais caro. Por mais que o Android One estivesse repleto de boas intenções, sua proposta ficou desatualizada.

O que não é necessariamente algo ruim. Os fabricantes de smartphones Android finalmente entenderam o que os usuários desejam, e decidiram entregar (em partes) aquilo que esses usuários mais demandavam. Hoje, temos telefones de entrada e linha média recebendo pelo menos três anos de atualizações, e os dispositivos mais avançados contando com quatro anos de novas versões do Android.

E a “culpa” por isso acontecer é, em partes, do Android One.

Modelos como o Samsung Galaxy A53 5G fazendo parte do mercado de linha média de telefonia e recebendo até quatro anos de grandes atualizações do Android é uma vitória para o consumidor e, por que não dizer, uma consequência da existência do Android One no mercado.

Esse modelo recebe características de hardware que são desejadas por muitos brasileiros, ao mesmo tempo em que entrega um suporte de atualizações de software de longo prazo. E esses dois fatores combinados fazem desse smartphone uma aposta segura para os usuários de linha média.

 

Ainda existem smartphones com Android One?

Sim, existem. Eles são poucos, mas existem.

É importante lembrar mais uma vez que os telefones com Android One contam com atualizações garantidas por pelo menos 24 meses após o lançamento de cada modelo, mas essa janela pode ser mais longa em alguns casos. Já as correções de segurança estão garantidas por três anos.

Mas quando esses dois critérios forem contemplados após esse tempo, os dispositivos serão abandonados. Logo, se você está pensando em comprar um dos poucos modelos que ainda contam com o Android One no mercado, vale a pena verificar a janela de lançamento de cada dispositivo.

Entre os modelos mais conhecidos, destaco o Xiaomi A3, o Nokia 2.4, o Nokia 9 Pureview e o Nokia 5.3. Neste caso, os quatro smartphones mencionados já contam com um bom tempo de mercado, e suas vendas minguaram diante da perda dos benefícios mencionados neste artigo.

 

Conclusão

O Android One era sim uma iniciativa muito positiva, que poderia dar certo a longo prazo para os telefones de entrada e linha média. Porém, o próprio avanço da tecnologia e a mudança de filosofia dos fabricantes de smartphones Android mataram essa iniciativa.

Pode até ser que tenha faltado uma grande dose de boa vontade por parte do Google para fazer o Android One ir um pouco mais longe do que ele chegou. Por outro lado, se o nosso olhar for um pouco mais empático para a iniciativa, podemos enxergar a sua contribuição para esse melhor cenário na política de atualizações do Android.

Não dá para dizer que vamos sentir falta do Android One, mas podemos agradecer pelos serviços prestados. Ele não desapareceu oficialmente, mas ver que o Android Go foi mais longe do que ele no mercado de telefonia móvel chega a ser algo surpreendente.


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@oEduardoMoreira