Eu bem sei que a internet de banda larga fixa no Brasil não é lá grande coisa. Dependendo da operadora que você está utilizando, além de ser obrigado a lidar com taxas de upload muito mais baixas do que as taxas de download, você pode se deparar com a ilegal redução de banda de internet, prática nefasta que é proibida pela Anatel.
Mas vamos olhar para os lados para descobrir o que os nossos vizinhos estão fazendo de correto neste aspecto. O Chile conseguiu a façanha de alcançar a mais elevada média de velocidade de internet banda larga fixa, superando países que historicamente comandaram esse ranking, como China e Cingapura.
Então… onde foi que o Chile acertou (e o que podemos copiar de correto no país)?
Quem diz que o Chile tem a internet mais rápida?
Os dados que mostram o Chile como uma referência de internet banda larga fixa no planeta foram registrados pela OOKLA, a partir do seu índice global baseado nos testes de velocidade realizados pelos usuários da popular ferramenta Speedtest.
O estudo leva em consideração os dados coletados nos testes de velocidade realizados entre novembro de 2021 e novembro de 2022.
Considerando esse período de análises, o Chile registrou uma velocidade média de internet de 216.46 Mbps, superando todos os demais países que formam o ranking do TOP 10 neste aspecto, que é composto por países que sempre figuraram entre as maiores médias globais na banda larga de internet fixa.
O Chile tem uma média de velocidade de internet mais alta que a China (214.58 Mbps), Cingapura (214.23 Mbps), Tailândia (205.63 Mbps), Hong Kong (194.35 Mbps), Estados Unidos (189.48 Mbps) e Emirados Árabes Unidos (186.76 Mbps), entre outros.
Não é a primeira vez que o Chile se destaca no estudo da OOKLA. Na análise de 2021, o país já estava na segunda posição do ranking, ficando atrás de Cingapura.
E para confirmar que o país está acertando na oferta de internet banda larga fixa, o estudo realizado pelo site Uswitch em março de 2022 publicou os seus dados relacionados com os países da OCDE, e o Chile estava na liderança, com uma velocidade média de download de 189.36 Mbps.
Outro estudo, o Worldwide Broadband Speed League 2022, identifica o Chile como o país líder de velocidade de download na América Latina e Caribe, posicionando o país na 27ª posição do ranking global.
O que mais os dados revelam?
O mesmo estudo da OOKLA mostra que a velocidade média global de internet banda larga fixa aumentou aproximadamente 17% nos últimos 12 meses, e o aumento de usuários desse formato de internet em todo o mundo foi de 28% em média.
O Speedtest Global Index também classificou as velocidades médias de internet nas grandes cidades, onde Pequim está na liderança, com 238.86 Mbps. Por outro lado, a cidade de Valparaíso vem na segunda posição, com 22.75 Mbps, superando outros grandes centros urbanos como Xangai (22.85 Mbps), Nova York (218.04 Mbps), Bangkok (217.19 Mbps) e Madrid (196.70 Mbps).
Lembrando que o Chile foi o país escolhido por Elon Musk para iniciar as suas operações de internet via satélite na América Latina.
A liderança do Chile é absoluta?
Não.
A liderança do Chile é apenas na banda larga fixa, e não na banda larga móvel, onde o Catar (176.18 Mbps) lidera neste aspecto, seguido dos Emirados Árabes (139.41 Mbps) e da Noruega (131.54 Mbps).
O resultado do Speedtest Global Index não deve ser considerado algo surpreendente, pois o Chile ficou muito tempo no TOP 10 do estudo. O país expandiu a sua rede de internet de forma sustentável, alcançando um nível de excelência de velocidade de internet em pelo menos 89% dos lares.
O governo chileno identificou que a internet de banda larga por fibra ótica era a preferida dos seus cidadãos, estimulando os investimentos nessa estrutura em específico. Hoje, é muito comum ver nos lares do país planos de internet com 100 Mbps ou mais de velocidade, principalmente depois desses planos de expansão e melhorias das redes diante da crise da COVID-19.
Aliás, a pandemia foi um motivador para um desenvolvimento rápido das redes de internet no país, algo que o Brasil poderia (ou melhor, deveria) ter copiado sem maiores pudores. Porém, o nosso país optou por investir na expansão do 5G, o que não é errado, mas deixando de lado as estruturas de fibra ótica que alcançam as residências em larga escala.
O resultado disso é ver grandes cidades como Florianópolis sem uma cobertura adequada das redes de fibra ótica. Ou operadoras reduzindo deliberadamente a velocidade dos planos de clientes que usam mais internet em casa, passando por cima da Anatel e prejudicando os usuários.
Ah… como eu queria morar no Chile…
Quem sabe um dia…