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Compreenda o que é o “Paradoxo da Amizade”, ou porque os seus amigos tem mais amigos que você

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Não é impressão sua: os seus amigos são mais populares do que você nas redes sociais. E está tudo certo. Não existem motivos para revolta.

Bom, quero dizer… popularidade é algo subjetivo, e tudo nessa vida é uma questão de perspectiva. O que você talvez não saiba é que alguém decidiu transformar essa teoria em um teorema estruturado. Só para você ser consolado aos olhos da ciência.

O sociólogo Scott L. Feld publicou o trabalho chamado “Por que os seus amigos tem mais amigos que você” na revista American Journal of Sociology em 1991. Ou seja, em um tempo em que as redes sociais simplesmente não existiam. E é preciso entender que, quando estamos falando em redes, estamos falando de estruturas formadas por nós e das conexões entre elas.

Neste caso os nós seriam as pessoas, e as relações de amizade entre uma pessoa e outra, as conexões entre elas.

Nem todas as pessoas contam com o mesmo número de conexões em seus nós. Existem pessoas com um número muito maior de amigos que outras, e as chances de uma pessoa completamente aleatória estar conectada a um desses nós é enorme.

Então, Feld decidiu ilustrar esse fenômeno com um grupo de pessoas que se conhecem ou não, criando uma rede social de amostra. As linhas entre cada uma das pessoas representam as efetivas relações de amizade.

Ou seja, algumas pessoas são mais populares de forma direta, e acabam agregando contatos periféricos entre os grupos. Isso faz com que uma pessoa acabe com um número médio de amigos dentro de um campo de normalidade, e outras acabam se conectando a mais pessoas de forma natural e, em função disso, agregam pessoas periféricas e aleatórias, aumentando de forma orgânica o número de pessoas que aquela pessoa principal conhece.

O experimento de Feld está comprovado nas redes sociais atuais, e a estrutura de rede ajuda a explicar a popularidade de uma pessoa e a baixa adesão de outra. E a internet é apenas mais um exemplo disso: a ciência das redes pode afetar muitos outros campos de nossas vidas, indo além da comunicação, da informática e da sociologia, afetando a medicina, a engenharia e a economia.

Esse tipo de paradoxo também ajuda a entender outro fator que é considerado essencial para a nossa saúde: os sentimentos de isolamento e solidão.

As redes sociais aumentaram a sensação de isolamento de um indivíduo, apesar de uma maior conexão com outras pessoas. Isso se explica (em partes) pela sensação de que o nosso ciclo de amizades é mais limitado do que de outras pessoas ao nosso redor.

Na prática, nós não estamos sozinhos. Porém, estamos em um processo que é estatisticamente natural.

Ter muitos amigos continua a ser algo muito menos importante do que ter bons amigos. E existe uma base científica para comprovar isso (também).

Neste caso, entra em ação um fenômeno já observado por sociólogos: o número de Dunbar, que é o resultado do cálculo da capacidade e tempo que podemos destinar a manter contatos, algo que é limitado para todo mundo porque, convenhamos, todo mundo tem uma vida para gerenciar.

Por isso, o número de pessoas que mantemos um contato regular no dia a dia é algo mais reduzido, e isso depende do nível de proximidade que você tem com as pessoas.

Na prática, temos meia dúzia de pessoas muito próximas a nós na vida. Depois, um segundo círculo com 15 amigos próximos, e assim por diante. O número de Dunbar pode contar com até 150 pessoas dentro do círculo de pessoas que podemos manter um contato regular.

E, mesmo assim, não dá para contar com precisão o número de amigos que você tem. E esse negócio de ter 1 milhão de amigos é uma bobagem que Roberto Carlos inventou para vender discos.


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