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Comprou uma mansão com o dinheiro de uma transferência errada da Crypto.com e se ferrou…

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De novo: eu não estou querendo zicar o negócio das criptomoedas, muito menos quero demonstrar inveja por não ter dinheiro para investir nisso. Porém, de tempos em tempos, eu recebo provas claras que esse negócio “vai dar muito ruim” em um futuro não muito distante.

E o tema deste post é mais uma prova do que eu estou falando.

A australiana Thevamanogari Manivel solicitou um reembolso de 100 dólares australianos (US$ 69) no site Crypto.com em 2021. Então, a plataforma de câmbio de criptomoedas cometeu um erro de processamento do pedido, e autorizou uma transferência de nada menos que 10,5 milhões de dólares australianos (ou US$ 7 milhões).

E no lugar de devolver o dinheiro, Manivel fez o mesmo que praticamente todo mundo faria: torrou o dinheiro para comprar uma mansão com cinema privado.

Resultado: se ferrou.

 

Faça a coisa certa. Sempre!

Não é porque uma empresa de criptomoedas erra no processamento do seu pedido de resgate que você pode se dar ao direito de ficar com todo o dinheiro que foi enviado para você por engano. Isso parece meio lógico na minha cabeça, mas algumas pessoas não conseguem pensar da mesma forma.

Neste caso, o tempo foi passando, e a australiana começou a gastar o dinheiro que recebeu em sua conta bancária via Crypto.com por erro da empresa que, aparentemente, não se deu conta do problema. Mas nada como o tempo para detectar falhas que podem ser reparadas com uma cobrança severa de quem gastou uma grana que não lhe pertencia.

Sete meses depois da transação problemática, uma auditoria no site Crypto.com ligou o sinal de alerta sobre a falha, o que iniciou uma investigação interna para descobrir o que aconteceu.

Depois que a Crypto.com descobriu o erro, decidiu processar a pobre Manivel para recuperar o dinheiro transferido por engano. Detalhe: tecnicamente, as transações de criptomoedas não são reversíveis (pois, em teoria, elas não são detectáveis ou rastreáveis), mas a justiça australiana pode interferir nos casos de fraude ou erro.

Resultado: em fevereiro de 2022, a conta bancária de Manivel foi congelada, pois ela já tinha gastado parte do dinheiro recebido de forma irregular. Ela transferiu a maior parte dos 10,5 milhões de dólares australianos para a conta de outra pessoa, e enviou outra parte do dinheiro para a conta de sua filha, mostrando que ela sabia que não poderia ficar com todo aquele dinheiro.

 

E a mansão comprada com o dinheiro irregular de criptomoedas? Como é?

Além disso, Manivel decidiu comprar uma mansão para a sua irmã (ou pelo menos usando o nome dela como laranja, para que o imóvel não fosse devolvido em caso de ação judicial) Thilagavathy Gangadory, no valor de 1,35 milhões de dólares australianos. E não teria nada de estranho se essa irmã não morasse na Malásia.

A propriedade possui quatro quartos e quatro banheiros, e está localizada em Melbourne. Possui 539 metros quadrados, cinema particular, ginásio e estacionamento para dois carros.

Ao que tudo indica, o plano de nossa protagonista não deu muito certo, pois muito provavelmente ela terá que se desfazer dessa propriedade nos próximos meses. O juiz do caso ordenou a venda da mansão e a devolução do dinheiro para a Crypto.com.

Além disso, os custos do processo (US$ 19 mil) e 10% do valor transferido por engano precisam ser pagos por Manivel, que ainda pode apelar dessa primeira decisão judicial. O caso vai voltar para os tribunais australianos em outubro de 2022.

 

Não deveria ser culpa só dela

Não quero dar uma de advogado do diabo, mas vale a pena pontuar algumas coisas antes de encerrar o artigo.

Em um mundo normal e perfeito, qualquer pessoa precisa devolver um dinheiro que recebeu de forma irregular através de qualquer instituição financeira. Não importa qual. O fato de um banco ou empresa de criptomoedas errar em uma transação não faz com que o dinheiro seja automaticamente seu.

Entendo que existe aqui um princípio de honestidade e transparência que qualquer pessoa precisa cumprir, independente da situação. Se bem que conheço alguns brasileiros hipócritas que jamais tomariam a atitude em devolver o dinheiro. E, para mim, isso só mostra o caráter dessas pessoas.

Por outro lado, a culpa também é da Crypto.com, que não vive o seu melhor momento.

Em junho de 2022, a empresa revelou que iria despedir 260 dos seus funcionários, revelando assim um cenário complexo que ela e outras empresas do mundo criptográfico se encontram por conta da queda das cotações das moedas virtuais e de novas dinâmicas econômicas.

Outro exemplo claro desse momento de crise é o da Coinbase, que também projetou demissões em massa depois de quedas financeiras expressivas. Porém, depois que a empresa conseguiu fechar um acordo com o maior fundo de investimentos, renovou suas esperanças por dias melhores.

De qualquer forma, o momento ruim da Crypto.com está bem longe de ser um motivo para que as pessoas se aproveitem dos seus erros para ficar com um dinheiro que não lhes pertence.


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@oEduardoMoreira