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Dan Schneider, o Harvey Weinstein da Nickelodeon

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Eu acho impossível fazer piada sobre esse tema, e confesso que estou com gatilhos emocionais apenas ouvindo os relatos de outros produtores de conteúdo. Mas quero ver esse documentário com muita atenção.

Neste momento, considero Dan Schneider, ex-produtor executivo de várias das principais e mais relevantes séries do canal de TV a cabo Nickelodeon, o Harvey Weinstein infanto-juvenil.

E eu desafio a qualquer adulto que tenha o mínimo de caráter, bom senso e vergonha na cara que venha na minha frente relativizar tudo o que foi relatado até agora em “Quiet on Set: The Dark Side of Kids TV”.

 

Circo dos horrores

Assim como Harvey Weinstein (o principal “protagonista” – ou melhor, criminoso – do movimento #MeToo, que denunciava o assédio e crimes sexuais contra mulheres), Dan Schneider é o típico executivo que tinha o poder nas mãos e, por causa disso, controlava tudo e todos ao seu redor.

Os incidentes relatados nos primeiros episódios do documentário em exibição no Investigação Discovery nos EUA (Max e Discovery+ também; não há previsão de lançamento para o Brasil por enquanto) são de embrulhar o estômago a ponto de sentir o suco gástrico voltando.

E o que mais revolta é que todas as referências estavam bem na nossa cara, tanto nas piadas gráficas quanto nas atitudes roteirizadas por ele que são altamente sugestivas.

Eu era uma criança quando assisti as séries da Nickelodeon, mas me sinto culpado e enojado mesmo assim. E, por incrível que pareça, não estou furioso apenas com as atitudes de Schneider (pois indignação e raiva são os sentimentos mínimos para demonstrar empatia pelas vítimas).

O meu ódio é que minha maturidade precoce e pensamento objetivamente mais amplo para a minha idade poderiam me ajudar a perceber tudo o que está acontecendo.

Porque Dan Schneider é tão desgraçado, que deixou tudo na tela.

 

Tudo respaldado pela Nickelodeon

Outro ponto que me deixa à beira da condenação em segunda instância é a postura da Nickelodeon diante de tudo isso.

Para começo de conversa, não deixar claro as regras para os seus profissionais, indicando CLARAMENTE o que eles NÃO PODERIAM FAZER SOB NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA foi a porteira aberta para que criminosos como Dan Schneider prevalecessem.

O “na dúvida, não ultrapasse” na Nick se transformou em “se não está escrito NÃO, significa que eu posso fazer”.

E o comunicado de imprensa que o canal soltou depois da exibição do primeiro episódio nos EUA é algo tão vergonhoso que me faz querer processar a Nickelodeon por danos morais.

É ofensivo. Ultrajante. Patético.

Revoltante.

Eu sempre disse no meu finado podcast de TV e Séries (SpinOff… #saudades) que “Hollywood é a vila dos malucos”, e esse episódio só mostra que eu não passo frio na vida nunca mais, pois estou coberto de razão.

O que torna o caso da Nickelodeon mais grave é que as vítimas de Schneider eram CRIANÇAS. Seres humanos que mal tinham começado a vida. Pessoas que tinham um futuro brilhante pela frente.

Bom, posso dizer que a irresponsabilidade e a crueldade de Dan Schneider custaram pelo menos três carreiras de futuro em Hollywood: Drake Bell, Jennette McCurdy e Amanda Bynes.

Esses três astros teen sofreram, de alguma forma, da monstruosidade do Schneider.

E deve vir mais por aí, já que outros episódios do documentário ainda serão exibidos.

E quero pensar que tudo o que acontece com Dan neste momento é um merecido linchamento público.

Não aceito menos que isso.


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@oEduardoMoreira