Tudo igual.
Max Verstappen venceu a Sprint Race do GP da China de Fórmula 1, e eu admito que já tenho essa primeira linha do texto pronta. Só mudo o nome do país ou do tipo de corrida. Entendo que, dessa forma, eu pouco meu tempo (e o seu também).
O que não significa que não tivemos algumas coisas boas em uma corrida odiada pelos pilotos, mas que agrada por ter um pouco mais de dinamismo do que muitas das provas de duas horas que testemunhamos nessa temporada de 2024.
Pelo menos aconteceram algumas disputas na parte da frente do grid, o que revelou algumas coisas bem interessantes sobre as equipes e os carros em disputa.
Por força das circunstâncias
Lewis Hamilton chegou em segundo em uma Mercedes que claramente não tinha condições de competir com Max. E me arrisco a dizer que nem mesmo com Lando Norris. Mas Lewis ficou nessa posição por uma série de fatores.
Para começar, Sainz acordou mais excitado hoje e decidiu dar um calor no Verstappen enquanto podia (sem a asa móvel como fator), nos vendendo a ilusão de que a Ferrari poderia mesmo disputar em pé de igualdade com a Red Bull.
Lando errou e foi lá para trás. Alonso ficou brigando com Perez, Sainz e LeClerc, e não ameaçou Hamilton. Logo, tudo o que ele tinha que fazer era abrir distância dos demais e aguardar pelo inevitável: ser ultrapassado por Max Verstappen, que venceu com mais de 12 segundos de vantagem para o heptacampeão.
Por força das circunstâncias, Lando Norris, que largou mal, não conseguiu fazer uma prova melhor. O que eu poderia considerar como falta de sorte, mas vou colocar na conta da incompetência mesmo.
Aliás, por força das circunstâncias (também), Alonso foi obrigado a ir para os boxes e recolher o carro mais cedo, pois teve problemas com Carlos Sainz no meio de tantas disputas.
Mais importante do que ficar brigando por pontos na Sprint Race é buscar uma boa posição para a largada de domingo.
E para uma corrida que estava conservadora na primeira metade (provavelmente para evitar problemas para o treino de classificação para a prova principal), aquele embate entre os dois carros da Ferrari veio bem a calhar.
LeClerc finalmente foi para cima do Sainz
O movimento mais interessante da corrida foi mesmo o duelo entre LeClerc e Sainz, que começou na verdade com a briga entre Sainz e Alonso.
Como os dois pilotos da Ferrari decidiram entrar no tapa em pista, Perez se beneficiou disso, e garantiu a terceira posição na Sprint Race. E o piloto mexicano precisa mostrar ainda mais serviço, pois a partir de agora ele sabe que um dos seus concorrentes pela vaga no carro da equipe dos energéticos é justamente Carlos Sainz.
O piloto espanhol da Ferrari segue em modo “eu não tenho mais nada a perder”, e está disposto a correr riscos. O que pode nos garantir um pouco mais de eventual diversão durante as provas.
Por outro lado, ver LeClerc tomando uma atitude também valeu a pena. O piloto monegasco não pode agir como mosca morta, ficando atrás de Sainz e despertando dúvidas se não era ele (Charles) que deveria ser mandado embora da equipe italiana.
Obviamente isso não vai acontecer, pois as decisões estão tomadas. Mas ter Sainz morando na sua cabeça por meses deve ser uma das piores coisas que poderia acontecer com o piloto monegasco.
Todos se guardaram para a classificação
Os pilotos podem não gostar da Sprint Race, e eu entendo o lado deles. Mas para nós, que acompanhamos a chatice das quatro primeiras etapas, dá para dizer que essa prova curta na China foi a melhor da temporada 2024 da Fórmula 1 até agora.
E essa nem era uma missão tão difícil assim para essa corrida.
As brigas intermediárias e de fundo de grid até que foram animadas. Por exemplo, Ricciardo finalmente terminou alguma coisa na frente do Tsunoda, a Alpine ultrapassou algum carro, Lance Stroll foi (de novo) um inútil, Zhou quase marca pontos e a estratégia do Russell falhou miseravelmente.
Mas… nada como ver as disputas acontecendo na parte da frente do pelotão, que é o que interessa para todo mundo.
Confesso que ainda tenho dúvidas se a Ferrari realmente pode competir com a Red Bull. Do que vi nessa Sprint Race, ainda entendo que não é a hora.
Mas o esboço dessa disputa já gerou resultados bem interessantes, e uma corrida que me agradou mais do que a zona da pasmaceira das primeiras etapas do campeonato.
Não vou ver o treino oficial ao vivo, pois não tenho mais idade para isso. Estou terminando este artigo com os olhos quase fechados. Mas ao menos fiz o registro daquela corrida que tem tudo para ser a que vai valer a pena assistir ao vivo neste final de semana.
A não ser que chova na China amanhã. Aí, tudo muda de figura.
E… vou torcer para chover. É claro.