Eu tenho quase certeza que já fiz essa pergunta antes neste blog, mas diante dos últimos acontecimentos, entendo que vale a pena voltar ao debate.
Os filmes baseados nos heróis dos quadrinhos se tornaram parte de um dos fenômenos de cultura pop mais importante dos últimos 15 anos (pelo menos), além de motivos de fúria dos diretores mais tradicionais ou conservadores.
Mas os últimos fracassos de bilheteria levantam dúvidas sobre a sua longevidade.
Agora, vamos analisar fatos concretos que apontam para um claro esgotamento da fórmula dos heróis dos quadrinhos nos cinemas.
Será que as pessoas se cansaram desse tipo de filme? Ou estamos diante de exceções pontuais em uma fonte inesgotável de dinheiro nas salas de cinema.
Vamos aos números
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania teve uma estreia de US$ 120 milhões na bilheteria, superando os números dois primeiros filmes. Porém, registrou o recorde negativo para o MCU na queda de audiência na segunda semana, com 72%.
Enquanto isso, Shazam: A Fúria dos Deuses registrou decepcionantes US$ 30,5 milhões na semana de estreia, 43% a menos do que o arrecadado pelo primeiro filme do herói, e muito abaixo dos US$ 67 milhões arrecadados por Adão Negro.
E muitos se perguntam: o que está por trás desses dois fracassos comerciais?
Fim de um ciclo
Tudo começa pelo pouco apelo ou interesse que os dois protagonistas despertam no público.
No caso de Homem-Formiga, sua missão de iniciar a Fase 5 do MCU era bem complicada, e só ficou pior diante de todo o caos que vive a Marvel Studios hoje: uma Fase 4 confusa, efeitos visuais pobres pelos problemas laborais dos profissionais da área e a cabeça de Victoria Alonso rolando por causa de tudo isso (ou não).
Já no caso do Shazam, o pobre coitado foi eclipsado pelas mudanças na DC Films, pelo pouco esforço da Warner Bros. Discovery em promover o filme, e por todos os problemas criados por Dwayne Johnson revelados recentemente.
Antes que eu me esqueça… a Marvel Studios também passa por mudanças com a volta de Bob Iger no comando da Disney, o que resultou em problemas diretos para Quantumania.
E o último motivo que explica o fracasso dos dois filmes é: todos estão “de saco cheio” de tantos filmes de herói.
O pouco agrada. O muito enjoa…
É evidente que o público está saturado com tantos conteúdos relacionados com os heróis de quadrinhos. O volume de filmes e séries com esses personagens (principalmente no caso da Marvel) resultou em um cansaço na audiência.
Até eu, que assisto tudo da Marvel Studios, reconheço que seguir de forma constante um volume enorme de filmes e séries deixou de ser algo divertido ou saudável.
E isso está impactando até mesmo produções que não tem nada a ver com os universos da Marvel e da DC. A terceira temporada de The Mandalorian no Disney+ perdeu 23% de audiência em sua estreia quando comparada com o início da temporada anterior.
Se bem que, neste caso em particular, a culpa pode muito bem cair nos ombros de O Livro de Boba Fett.
E a pior parte de tudo isso é que James Gunn e Peter Safran deixam claro os seus planos para a DC: copiar o modelo da Marvel Studios e construir uma única história entre séries, filmes, comics e videogames.
Sério… poucas pessoas vão ter saco para acompanhar tudo isso.
Diante de tudo isso, a pergunta que fica no final deste conteúdo é: estamos diante do início do fim do cinema de heróis de quadrinhos tal e como conhecemos?
Ainda não dá para ter uma resposta precisa. Os Guardiões da Galáxia Vol. 3 e The Flash são filmes muito mais interessantes, e devem atrair uma audiência maior. E tudo indica que veremos uma grande mudança de estratégia para 2023, principalmente diante dos dois maiores fracassos de bilheteria de um ano que mal começou.
Tanto, que a Disney já confirmou que vai reduzir o volume de produções da Marvel. Porque entendeu que “menos é mais”. E eu sinceramente torço para que a DC e a Warner Bros. Discovery copiem esse conceito também.
Todo mundo precisa ter vida para fazer outras coisas. Certo?