Lost é uma das séries mais icônicas da televisão. Para o bem, e para o mal também, pois quem me conhece sabe muito bem como eu era completamente indiferente à história do bando de gente morta em uma ilha depois de um acidente aéreo.
Independentemente da minha opinião, Lost é também um exemplo de como uma ideia inicial pode se transformar em algo muito maior do que se imaginava. A história por trás da criação da série é bem interessante, e demonstra a coragem e a determinação de seus criadores e produtores em levar adiante um projeto ambicioso.
Neste artigo, vou compartilhar um pouco da história do desenvolvimento de Lost, que quase virou um filme e não uma série de TV com 121 episódios.
Como Lost nasceu (e quase teve um fim antes mesmo de começar)?
O processo de desenvolvimento de Lost foi longo e desafiador. Tudo começou com um esboço de 22 páginas escrito por JJ Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof. Esse esboço se transformou em um piloto de TV, que custou entre 10 e 14 milhões de dólares para ser produzido.
Durante as filmagens desse piloto, a equipe teve que trabalhar em um ritmo frenético para conseguir entregar o episódio a tempo. Foi um desafio e tanto em uma janela de tempo relativamente curta, mas eles conseguiram.
E nada foi fácil para Lost, tal e como não foi para os seus personagens ao longo de seis temporadas da série. Durante a produção do piloto, o presidente da ABC, que havia aprovado a série, foi demitido. Seu substituto, Stephen McPherson, não tinha tanta fé na série quanto seu antecessor, e sugeriu que a produção fosse transformada em um filme para a TV.
Na verdade, ele foi além, já que pediu que os produtores filmassem um final para a série logo depois da gravação do piloto. Isso poderia ter acabado com Lost antes mesmo da série começar.
O que pouparia muitos problemas para mim e para a humanidade como um todo. Vocês, jovens, não tem ideia de como a vida de todo mundo foi um pesadelo por causa dessa série. Sem falar na enorme quantidade de pessoas decepcionadas com o final no melhor estilo “novela do Manuel Carlos”.
No final, os produtores não cederam à pressão. Eles sabiam que tinham algo especial em mãos e se recusaram a comprometer a visão que eles tinham para a série. Eles conseguiram convencer a ABC a dar uma chance para Lost e, como resultado, a série se tornou um dos maiores sucessos da televisão.
O que tornou Lost tão especial?
A melhor resposta para essa pergunta é a capacidade dessa série em contar uma história cativante e intrigante, que mantinha os espectadores presos à tela durante os episódios e expandindo o debate sobre os acontecimentos da narrativa durante a semana nas redes sociais.
Para aqueles que nunca viram um episódio de Lost na vida (e podem agradecer à Deus por isso), a série contava a história de um grupo de supostos sobreviventes de um acidente de avião que ficam presos em uma ilha misteriosa, repleta de segredos e acontecimentos que não contavam com qualquer tipo de explicação lógica.
Esse plot manteve o público ansioso para descobrir o que estava acontecendo.
Além disso, Lost contava com personagens cativantes e bem desenvolvidos. Cada personagem tinha uma história de fundo interessante e complexa, e a audiência se identificou com algumas das personalidades apresentadas com facilidade.
Essa combinação de elementos fez de Lost um fenômeno global, e uma das séries mais amadas de todos os tempos.
Menos por mim, que ignorou tudo isso. E eu não me arrependo, pois acertei o final da série mesmo sem precisar passar pela tortura de assistir a todos os 121 episódios dessa série pedante e irritante.
De qualquer forma, foi a persistência dos produtores enfrentando o chefão da ABC que resultou na primeira grande série de TV da era da internet.
Isso, e os fãs tarados por histórias de mistério.
Dá até para dizer que, sem Lost, Stranger Things jamais existiria. Então, só por causa disso, não posso reclamar tanto da insistência de JJ Abrams.