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Minha declaração de amor (e confissão) para a cidade de São Paulo

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Por você… São Paulo!

Eu poderia ter escolhido “Sampa” de Caetano Veloso para falar do lugar que eu aprendi a amar desde a infância. Mas como no final do texto vou compartilhar com você uma das mais importantes confissões da minha vida, opto por “Sinfonia Paulista”, canção de Billy Blanco.

Essa canção, que é a trilha sonora dessa minha declaração de amor pela Paulicéia Desvairada, em forma de linhas mal escritas. Mesmo porque essa música está diretamente conectada com a minha história.

Faço isso porque São Paulo completou 470 anos. E ela, a cidade, é a senhora que mais desejei na vida.

A cidade grande. A grande cidade. Aquela que não para. Que te empurra para frente. Ou que te atropela por não parar.

Você não escolhe São Paulo. É ela quem te escolhe. Testa suas capacidades, habilidades e sonhos, e só depois te recebe, de braços abertos e com o ar cheio de poluição.

E como eu amo me sentir intoxicado pelo ar cheio de gás carbônico e vida pulsante ao meu redor que São Paulo sempre me entrega!

São Paulo me escolheu para amar e ser amada por mim. Porque eu precisava dela para descobrir aquelas partes de mim que eu jamais descobriria que existiam se eu permanecesse na tacanha e patética vida que mal e porcamente empurrava com a barriga morando no interior.

Essa selva de pedra pronta para me devorar me abraçou com tanta força, que seu calor me protegeu do frio da Avenida Paulista nas noites de inverno. Seus choques de realidade me despertaram para uma visão de mundo mais ampla e consciente. Suas luzes intensas me permitiram enxergar suas belezas e mazelas, e me mostraram qual é o meu verdadeiro lugar no mundo.

Por causa de você, São Paulo, eu escrevo, questiono, brigo com meio mundo e dou risada de mim mesmo.

Se minha mente trabalha de forma frenética, tentando fugir de um iminente Alzheimer ou elaborando o próximo texto, é porque São Paulo, na sua velocidade constante e incessante, me inspira a acelerar e avançar.

Caminhar. Para frente. Sempre em frente, com a cabeça erguida. E jamais retrocedendo.

Eu te amo tanto, São Paulo, que sou torcedor do São Paulo Futebol Clube. E só Deus e o Rogério Ceni sabem o quanto isso me custa. Tudo bem, sou tricampeão mundial. Mas recentemente fui eliminado pelo Mirassol e pelo Água Branca.

Sem comentários. Continuando…

Foi São Paulo que confirmou que o meu trabalho poderia me abrir portas que jamais poderia passar sem estudo e esforço. Cada evento, cada coletiva de imprensa, cada cobertura de lançamento de tecnologia… tudo o que fiz de mais importante na minha profissão está diretamente relacionado com a capital paulista.

E São Paulo me ama tanto, que me deixa trabalhar longe dela. Qual esposa, companheira, namorada, amante ou seja lá quem for que decidisse me amar permitiria isso em sã consciência?

São Paulo… eu estou longe, mas estou perto. Porque amor assim a distância não mata. Só fortalece. Por estar longe, eu te amo cada vez mais. E sei que você me ama também, pois a cada vez que te visito, você está cada vez mais bela diante dos meus olhos.

Nunca contei isso para ninguém (e nem para você, São Paulo), mas… por diversas vezes eu te deixei em lágrimas. Em todas as vezes que parti, eu quis ficar. Por te amar demais.

Sinto você quando ando apressado pela Praça XV em Florianópolis, em contraste ao caminhar mais lento do coletivo ao meu redor. E… os manezinhos estão certos… e eu também. Cada um vive o seu mundo e a sua realidade.

Ouço você, São Paulo, quando estudo um arranjo de coral do Carlos Besen, e claramente percebo soar os sinos da Catedral da Sé na sonoridade dissonante. Quando um “Feliz Natal” me faz lembrar da Praça da República ou do finado Mappin.

Minha memória musical não deixa esquecer o barulho do metrô. Meu cérebro ainda se lembra de todas as vezes que caminhei pela Paulista ao som de Racionais MCs. Aliás, me sinto o máximo quando ando por essa avenida usando o uniforme que escolhi para ser um super-herói urbano: camiseta preta, calça jeans, tênis surrado e uma mochila nas costas.

E foi em São Paulo que tive o privilégio de cantar “Sinfonia Paulista” no Theatro Municial com o Coral da Unesp. Ali, eu estava firmando o meu compromisso de amor eterno com essa cidade.

Obrigado por existir há 470 anos, São Paulo. Obrigado por existir em minha vida. Mesmo que digam que lentamente você tenta me intoxicar com sua poluição, tirar meu sono de tanto café com uma unidade do Starbucks em cada esquina, ou me deixar no meio da rua com o seu caro estilo de vida…

…eu só tenho que agradecer. Você fez por mim uma das melhores coisas que alguém como eu poderia ter na vida: o vício de te amar, como uma cocaína nas veias ou o LSD no cérebro.

Um vício, que nem mesmo a bela Floripa serviu como clínica de reabilitação.

 

Ah, sim… ia me esquecendo… a confissão que prometi no começo do texto…

 

São Paulo completou 470 anos em 25 de janeiro de 2024.

Em 9 de fevereiro de 2024, eu completo 45 anos de existência neste planeta.

E… fazendo algumas contas rápidas (e com medo de errar no cálculo, pois sou de humanas)…

 

Eu tenho um projeto para o futuro: estar vivo e viver em São Paulo em 25 de janeiro de 2054.

Quero ter vida e saúde suficientes para celebrar os 500 anos dessa senhora. E para isso, tenho que me manter vivo até os 75. Pelo menos.

Obrigado, São Paulo, por ser o meu Padre-Nosso.

Em meu incessante desejo de seguir lutando e vencendo na vida.

 


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