A Microsoft jamais poderia imaginar que enfrentaria tantos problemas e tentativas de empecilhos para concluir a compra da Activision Blizzard. Mais de um ano depois do anúncio dessa aquisição, e o negócio não foi consolidado.
Diversos órgãos reguladores ao redor do mundo estão colocando obstáculos no caminho e levantando questionamentos que atrapalham a conclusão do processo de compra. E todos esses órgãos contam com algo em comum: apresentam objeções à execução do processo de compra.
É claro que no meio de tudo isso tem a Sony, que quer evitar que a Microsoft fique com o controle exclusivo de franquias de videogames muito valiosas. Mas não é só isso.
Hoje, o principal problema da Microsoft para concluir a compra da Activision Blizzard é, por incrível que pareça, a sua galinha dos ovos de ouro nos videogames: o Game Pass.
Uma contradição que chega no pior momento possível
Um dos grandes problemas que muitos órgãos reguladores detectaram na compra da Activision Blizzard pela Microsoft é aquele que mais interessa aos gamers: o possível aumento de preços dos jogos. Gostemos ou não, teremos uma concorrente a menos no mercado de desenvolvedores de jogos.
Além disso, com um competidor a menos, a inovação sai prejudicada, até mesmo pela queda de competição dentro do setor. E a Microsoft terá que trabalhar bem para tentar soterrar esses argumentos contrários à conclusão do negócio.
Por outro lado, a mesma Microsoft afirmou em 2018 que o serviço de assinatura Game Pass não promoviam uma redução de vendas dos jogos. Pelo contrário: estava contribuindo para o aumento nas vendas.
De certa forma, é mais ou menos isso o que acontece. Sou assinante do Game Pass Ultimate, e isso não me impediu em adquirir mais jogos para o Xbox. Até porque eu sempre tive a consciência de que os jogos não iriam durar para sempre por lá.
Mas os números são frios, e o meu comportamento não é parâmetro para os demais jogadores. Um relatório preliminar elaborado pela CMA confirma que o Game Pass é o principal responsável pela queda nas vendas de jogos de videogames porque, afinal de contas, muitos usuários estão com o acesso à uma centena de jogos por um preço que chega a custar menos do que um único jogo em mídia física.
E isso está sendo utilizado pelos órgãos reguladores como o principal argumento para que a compra da Activision Blizzard por parte da Microsoft seja concretizada. Ou pelo menos para que essa compra não seja aprovada com tanta facilidade.
O que a Microsoft vai ter que fazer neste caso?
Eu não faço a menor ideia. E nem sei por que me perguntaram isso, já que não sou pago para responder a esse tipo de pergunta.
De qualquer forma, este está bem longe de ser o melhor ou o mais favorável cenário para a Microsoft. Se o Game Pass está realmente canibalizando as vendas de jogos tanto em formato digital como em formato físico, os órgãos reguladores de todo o mundo vão utilizar esse fato como um ponto de observação para essa compra da Activision Blizzard.
Esse argumento reforça a ideia de que, de alguma forma, a Microsoft já está exercendo uma espécie de monopólio dentro do segmento dos videogames com o Game Pass.
Mesmo que a Sony também trabalhe com a exclusividade dos seus títulos de forma enérgica a ponto de não querer que os jogadores dos consoles PlayStation interajam com os gamers das plataformas Xbox, ela pode ter no Game Pass um ponto para argumentar contra a conclusão dessa compra.
Será que a Microsoft terá a coragem de matar a galinha dos ovos de ouro para salvar a compra da Activision Blizzard?
Se isso acontecer, seria algo bem louco. Para dizer o mínimo.