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O fim das contas compartilhadas na Netflix pode significar ouro para a concorrência

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O fim das contas compartilhadas na Netflix é uma enorme revolução que envolve todo o segmento de streaming. Quem sabe é a maior revolução que esse mercado está vivendo, e pode mudar os rumos dessa proposta para sempre.

O que vai acontecer com a Netflix em si é até fácil de se mensurar. O difícil é prever como a mudança da perspectiva do compartilhamento de contas vai afetar a todo o setor do streaming.

O que podemos observar neste primeiro momento é a concorrência esfregando as mãos, pois conseguem ver uma clara oportunidade de avançar em um terreno onde antes não tinha muitas chances de progresso.

 

A Netflix executou uma proposta do Spotify

A Netflix não reinventou a roda nessa proposta de compartilhamento de contas apenas com as pessoas que vivem na mesma residência que você. Spotify e Apple Music criaram as suas respectivas contas familiares com a mesma realidade.

Porém, na prática, isso nunca aconteceu. As contas das plataformas de streaming foram naturalmente divididas com qualquer pessoa que estivesse disposta a entrar em algum acordo financeiro, que resultasse em valores viáveis para todos os envolvidos neste acordo.

A ideia de estabelecer uma localização para determinar que aqueles usuários viviam no mesmo endereço foi flertada pelo Spotify, mas esbarrou no problema mais óbvio do mundo: a possível violação de privacidade dos usuários.

Na pratica, o Spotify ficou com medo de perder assinaturas, e nenhum usuário de seu serviço foi banido por compartilhar contas com usuários que não vivem no mesmo endereço. E a Netflix também está muito preocupada com os cancelamentos em massa dos usuários que não vão concordar com as novas políticas de uso do serviço.

Por outro lado, faz tempo que a Netflix anunciou as suas mudanças, deixando muito claro quais eram as suas razões ou motivações para acabar com o compartilhamento das contas em sua plataforma:

Palavras da própria Netflix:

“O compartilhamento provavelmente ajudou a alimentar nosso crescimento, fazendo com que mais pessoas usassem e aproveitassem a Netflix. E sempre tentamos facilitar o compartilhamento na casa de um membro, com recursos como perfis e múltiplas transmissões. Embora [essas opções de compartilhamento] sejam muito populares, elas criaram confusão sobre quando e como o Netflix pode ser compartilhado com outras famílias.”

Ou seja, a Netflix agora inicia uma guerra declarada com aqueles usuários que não só ajudaram a promover a plataforma junto ao grande público, como também luta contra aqueles que ajudam a abastecer parte de sua receita.

E isso pode ser encarado como um enorme favor que a Netflix está fazendo para os seus concorrentes diretos.

 

A concorrência agradece

O movimento da Netflix em comprar briga com quem compartilha suas contas é visto como ouro pela concorrência.

Primeiro, pelo motivo mais óbvio do mundo, que é ter uma efetiva chance de competir com a Netflix de igual para igual no serviço de streaming. Muitos usuários insatisfeitos com o fim do compartilhamento das contas na plataforma vão olhar para a concorrência, procurando por alternativas mais baratas e mais vantajosas.

Segundo, porque tal movimento oferece para a concorrência uma condição competitiva mais favorável, permitindo a tomada de decisões em função do sucesso ou do fracasso da própria Netflix. E essa é uma vantagem muito preciosa em qualquer segmento de mercado.

Se a Netflix se ferrar, HBO Max e Amazon Prime Video podem prevalecer. O adiamento da decisão da fusão entre HBO Max e Discovery Plus é um sinal claro de que alguém lá dentro quer esperar mais um pouco para descobrir como vai ficar a situação da Netflix depois do fim do compartilhamento de contas.

O aumento de preços dos planos da Netflix pode ser amortizado pelas contas compartilhadas, pois a relação custo-benefício ara esses usuários ainda é vantajosa, principalmente quando se decide pagar por pelo plano Premium.

O problema pode estar justamente no fato dos usuários que antes pagavam pouco por um serviço com transmissão em 4K serem agora obrigados a praticamente dobrar o valor pago para receber o mesmo tipo de conteúdo.

Sei que para a maioria sair de R$ 11 para R$ 22 em média pode não ser uma diferença muito grande. Porém, mais de 50% é um reajuste problemático, considerando a plataforma de streaming e as condições financeiras para a maioria dos brasileiros.

Afirmo isso porque na Europa, a mensalidade do plano 4K da Netflix saiu de 4.50 euros no formato compartilhado para alcançar os 9,99 euros para manter a mesma experiência. Pode parecer um reajuste leve, mas é a metade da mensalidade do passado.

Pensem nisso antes de decidir entre ficar ou sair da Netflix.


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@oEduardoMoreira