Shawn Wosemarin, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da Pure Storage, afirmou recentemente que os discos rígidos estão com os dias contados.
Tudo bem, a empresa dele desenvolve soluções baseadas no SSD. Logo, a fala dele tem tudo para ser vista como tendenciosa, já que ele normalmente vai falar em causa própria.
Mas vamos deixar de lado os olhares maliciosos para as narrativas alheias, e tentar desenvolver uma narrativa de futurologia com base nessa afirmação de Shawn.
Será que os discos rígidos estão mesmo com os dias contados? Ou Shawn só está querendo turbinar as vendas de SSDs para aumentar os zeros à direita em sua conta bancária?
A morte está prevista para daqui a cinco anos
Para Shawn, o mercado vai deixar de vender discos rígidos em 2028. Ou seja, são cinco anos para as unidades mecânicas, sob o argumento de um menor consumo energético pelo uso dos SSDs.
Olha… Shawn é otimista até. São cinco anos completos para você se preparar e comprar todos os HDs que o seu dinheiro pode comprar, principalmente para realizar os backups dos arquivos pessoais que você possui, como fotos, vídeos, jogos de videogame e filmes de conteúdo adulto.
E eu sei que muitos usuários gostariam que o especialista estivesse certo. Mas nada é tão simples que pode ser minimamente explicado com base na questão energética.
E o que vai acontecer com o custo por GB?
Uma coisa é fato: os SSDs estão ficando cada vez mais baratos a cada ano que passa. Em alguns casos, a queda nos valores desse item chega a ser vertiginosa em alguns mercados.
A tendência é que a queda nos valores continue em 2023, o que deve ajudar a fazer da previsão de Shawn uma realidade cada vez mais consolidada. Mas não podemos confiar por completo em um mundo tão dinâmico e complexo como vivemos neste momento.
Os preços podem mudar “do nada”, sem falar no aumento das vendas em alguns segmentos da tecnologia de consumo que podem fazer com que o ticket médio dos SSDs se mantenha elevado por mais algum tempo.
É uma tecnologia obsoleta
Wosemarin reforça que os discos rígidos contam com 67 anos de vida. É muito tempo para qualquer coisa no mundo da informática.
Não podemos negar o fato que os HDs mecânicos foram uma revolução no mundo da informática, e permaneceu vivo porque era uma solução muito competente.
Porém, os discos rígidos tradicionais apresentam problemas e vícios de funcionamento típicos de uma tecnologia que ficou para trás. São lentos, muito sensíveis aos acidentes e não chegam perto de entregar o mesmo desempenho para o sistema operacional do que os números alcançados pelos SSDs.
Por isso, chegou a hora do HD se aposentar de vez.
Há quem diga que não será desse jeito
É claro que os fabricantes de HDs iriam levantar a voz para dizer que o especialista que está em uma empresa fabricante de SSDs está errado na sua visão de futuro.
A Seagate afirmou em 2021 que os SSDs não iriam matar os HDs, e a Infinidat contesta os pensamentos a favor do fim dos discos mecânicos, afirmando que quem acredita nisso “só pode estar brincando”.
E quem deve segurar os HDs em nossas vidas é o mercado empresarial, pois a projeção é que esse segmento só deve contar com 35% de participação de SSDs no mercado, o que torna a hipotética “morte” dos discos rígidos mecânicos algo pouco provável.
O diretor da Pure Storage rebate a teoria dos pessimistas, pois acredita que as empresas vão desejar a médio prazo os desempenhos potentes oferecidos pelos SSDs, e vão promover as trocas das unidades com o passar do tempo.
Sem falar no argumento a favor da redução das temperaturas do planeta, por reforça que 3% do consumo de energia global vem dos grandes centros de dados ou datacenters, que contam em sua esmagadora maioria dos casos com – vejam só vocês – discos rígidos mecânicos.
Conclusão
É claro que os comentários de Wosemarin estão completamente condicionados pela empresa que paga o seu salário, e não podemos descartar a enorme possibilidade do tom tendencioso de suas afirmações.
Por outro lado, o mercado consumidor deixa muito claro que os SSDs são os protagonistas dos nossos desktops e notebooks, e os discos rígidos são mais utilizados como unidades de backup e outras tarefas que não envolvem a necessidade de alta performance informática.
E no final, o consumidor ainda vai colocar o preço como fator essencial para qualquer decisão de investimento em equipamentos e acessórios. E HDs ainda são mais baratos que SSDs.
Logo, dá para concluir que a previsão de morte dos HDs para 2028 está muito mais para uma ficção turbinada por um ótimo salário de uma empresa dedicada às pesquisas e desenvolvimento dos SSDs do que uma realidade prática.
É óbvio que tudo pode mudar rapidamente ao longo dos próximos cinco anos, mas aposto que ainda vamos falar dos HDs no ano dos Jogos Olímpicos de Los Angeles.