American Horror Story foi a série que iniciou a tradição de Limited Series na TV, ou seja, com tramas que começam e terminam na mesma temporada. “Cult” segue com a tradição de sandices de Ryan Murphy e Brad Falchuck, explorando dessa vez a fobia durante a era Donald Trump.
Várias obras audiovisuais exploraram a fobia ao longo das décadas, o que torna difícil diferenciar uma das outras. American Horror Story: Cult opta por deixar de lado uma história real para buscar (por enquanto) o excesso, reunindo rostos mais que batidos interpretando novos personagens.
O primeiro episódio tem medo de brincar com a auto-referência com situações de terror que até animam aos fãs do gênero, mas que, nas soluções seguintes, desmancha por completo a cena que acabamos de ver.
Todo o primeiro episódio recai nessa solução, o que é feito em parte para despertar todas as fobias da personagem de Sarah Paulson, com a necessidade de mostrar que tudo isso é, até certo ponto, fruto de sua imaginação.
A questão está nas escolhas típicas de um filme de terror, mantemo uma aproximação tonal à uma história um tanto caótica, equilibrando de forma discutível o drama, o terror e os pequenos toques de humor da série.
Os primeiros minutos do episódio, onde usam a vitória de Trump como detonante da crise da personagem de Paulson, prendem a atenção. Ainda mais quando mostram uma reação muito diferente vinda do personagem de Evan Peters.
O episódio volta a esse tema de forma mais direta mais adiante sendo esta a única base sólida do enredo.
O acabamento estético é muito bem feito, mostrando parte do que está por vir, mas sem queimar estágios. Há detalhes macabros e estimulantes, levantando uma série de questionamentos, alguns em forma de flashbacks que dão a sensação de que terão uma presença recorrente daqui por diante, que criam a curiosidade para ver o desenvolvimento dos acontecimentos.
O que fica claro é que veremos daqui por diante uma presença maior dos palhaços e dos transtornos de Paulson. Mas… até que ponto isso será irreparável em sua vida?
Ao seu redor, há personagens que só ocupam espaço, e outros que podem adicionar muito à temporada.
O problema é que o primeiro episódio prende e, ao mesmo tempo, dispersa, com uma alternância entre as duas opções. Também deixas dúvidas sobre até que ponto o elemento político vai além na trama, ou se realmente vão aparecer outros personagens que vão agregar algo a mais dentro desse plot, ou se será uma variante mais louca de um filme de terror com palhaços homicidas.
Dito isso, American Horror Story: Cult tem tudo para ser incrível, mas o faz de forma muito intermitente. Talvez porque não entrou de cabeça na história que quer contar, ou se simplesmente estamos diante de mais uma temporada cheia de altos e baixos.