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Ódio e Nojo

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Fomos criados em uma sociedade que traz em seus “valores tradicionais” a ideia de que odiar algo ou alguém é algo extremamente negativo. Para muitos, o ódio fala muito mais sobre você do que a indignação que você manifesta.

O ódio torna você alguém pior. Envenena o indivíduo ou o transforma em um monstro com o passar do tempo.

Mas existe uma exceção. Sempre tem uma excepcionalidade onde o ódio e o nojo são permitidos para combater algo tão vil, pesado e cruel como foi a ditadura militar vivenciada pelo Brasil entre 1964 e 1985.

Se você sente ódio e nojo da ditadura, você está do lado certo da história.

 

Ulysses Guimarães cunhou essa expressão durante o seu histórico discurso realizado na sessão que promulgou a Constituição Federal, em 1988. Ele alertou que aquele texto não era perfeito, que todos tinham a liberdade de discordar ou debater os seus termos, e que o texto passaria por inúmeras modificações e atualizações.

Mas também alertou que JAMAIS PODERÍAMOS DESCUMPRIR A CONSTITUIÇÃO, que se tornou o legado mais sagrado que nosso país conquistou depois de duas décadas de terror e obscurescência patrocinados por militares de quatro estrelas que queriam o poder a todo custo.

São 60 anos do evento mais triste, violento, revoltante e nojento da história do Brasil. Um AI-5 que cerceou o direito à livre expressão, retirando direitos individuais e coletivos e (o mais grave, o que mais me afeta) impedindo a livre discussão sobre o racismo.

Os danos que a ditadura militar causou para o Brasil em duas décadas são permanentes. Pelo menos duas gerações que forjaram seus códigos morais e éticos na distorção de narrativa e relativização de preconceitos e injustiças, mostrando claramente que o coletivo adulto da época realmente se alinhou com a palhaçada do “Brasil: Ame ou Deixe”.

A mesma turma que abraçou, de forma estúpida, o “Deus, Pátria e Família”, sem sequer desconfiar que este era o lema do partido nazista brasileiro de 100 anos atrás. Ou porque se alinhava com o “eu sou a favor da tortura, e você sabe disso”.

Sentir ódio e nojo da ditadura militar brasileira e de todos os seus defensores não apenas é o normal ou correto, mas uma verdadeira prova de patriotismo. É o sinal claro de que você conhece e respeita a história, mostrando que o seu QI é acima de 90 para compreender tudo o que aconteceu.

Não mencionar esse crime ao coletivo disfarçado de “defesa da soberania nacional”, vindo de um bando de imbecis que não sabe a diferença entre direita e esquerda nem mesmo na hora de marchar ou vestir as calças, com a desculpa esfarrapada do “o comunismo é uma grande ameaça” sem passar perto de ler meia página de qualquer livro de Karl Marx é um autêntico crime contra todos aqueles que desapareceram, perderam a vida ou foram ameaçados por defenderem a nação de criminosos fardados.

Ulysses Guimarães precisa ser lembrado no dia de hoje, para nos fazer lembrar de que o ódio e o nojo contra a ditadura brasileira são sentimentos legítimos e autênticos. São motivações de pessoas honestas e decentes.

Pois só desonesto defende militares da reserva que articulam golpe de estado em pleno 2022, já que historicamente detestam a democracia.

 

Sim. Sou brasileiro. De verdade. Não sou como esse bando de fracos vendidos que se trasvestem de jogador aposentado da Seleção Brasileira e ficam de choradeira na frente de quarteis porque não suportam o fato que perderam a eleição.

Sou brasileiro. Aguentei quatro anos de fascismo, nazismo e racismo disfarçado de “mito” calado, com medo de ser espancado na rua ou de receber uma bala pelas costas, fruto de um racismo sistêmico respaldado por um líder político vagabundo e violento.

Aliás, aquele machão “imbrochável” não passa de um rato covarde, que está a um passo de virar presidiário.

Sim. Estou com ódio e nojo de uma raça desgraçada que acredita que uma ditadura resolve tudo no Brasil.

E eu juro. Pela força do ódio e com o retrogosto do vômito na boca, vou enfrentar cada um que aparecer no meu caminho que defende essa corja de desgraçados que ousaram tirar de nós a nossa democracia.

Quem aparecer na minha frente vestido de militar ou fantasiado de verde e amarelo, que nem um idiota que acabou de sair do programa do Bozo, e ousar começar com o “eu sou a favor que os militares tomem o poder, porque…”… não vai terminar a frase.

Eu vou arrancar três dentes de seja lá quem for.

Isso não é uma ameaça.

É a realidade.

Porque eu estou com ódio e nojo.

 


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@oEduardoMoreira