Confesso que eu era muito reticente e resistente quando vi os smartphones com tela dobrável chegando ao mercado. A primeira coisa que vinha na minha mente era o “meu… essa merda vai quebrar com enorme facilidade… vai dar ruim…”, e eu sei que não fui o único neste tipo de pensamento.
No começo, tal pensamento era válido, já que a tecnologia ainda não estava madura o suficiente para justificar o investimento neste tipo de produto. O conceito precisava melhorar de forma considerável para se mostrar confiável e consolidado.
Então… quatro gerações depois, o meu discurso mudou. Mas… o quanto mudaram os telefones com telas dobráveis?
Um amadurecimento notável
Aqui, chegou a hora de dar os meus sinceros parabéns para a Samsung.
Mais uma vez, a empresa sul-coreana calou a boca de meio mundo, apostando em um conceito que levantou dúvidas de muita gente para basicamente iniciar um novo segmento de mercado onde ela (a Samsung) se tornou a referência de mercado.
A Samsung fez isso com o (hoje finado) Galaxy Note, reapresentando a ideia de usar uma caneta com um smartphone para interação com o sistema operacional em um tempo em que telefones com telas menores que 5 polegadas eram a referência.
Agora, repete a dose com os telefones dobráveis, através da muito competente linha Galaxy Z, eliminando com o tempo os pontos de crítica que os mais céticos levantavam sobre o produto. E essas dúvidas eram mais que justificadas, pois o conceito ainda não era maduro o suficiente para convencer o grande público.
Neste aspecto, a Samsung trabalhou de forma intensa no desenvolvimento da linha Galaxy Z, melhorando de forma consistente os aspectos mais problemáticos do produto a cada nova geração dos dispositivos.
A Samsung saiu de uma capa protetora de tela que foi retirada por muitos usuários por uma falha de comunicação dos coreanos para um smartphone premium que aqueles que contam com a capacidade financeira para essa aventura e a real necessidade de um uso mais versátil com o telefone.
As melhorias em detalhes cruciais desse formato de dispositivo foram decisivas para determinar este ponto de maturidade. Sistemas de engrenagem de dobra mais eficientes, telas flexíveis ainda mais resistentes e até mesmo uma câmera frontal abaixo da tela são apenas alguns exemplos em como esses dispositivos evoluíram de forma consistente.
Hoje, mesmo com os produtos com preços elevadíssimos, é correto dizer que os telefones com tela dobrável são um segmento de mercado consolidado, chamando a atenção o suficiente para que todos os principais fabricantes de smartphones considerem a sério o lançamento de um modelo de telefone com essas características no futuro.
When you make pop, don’t have stop?
Muitos especialistas em tecnologia entendem que o futuro dos telefones premium está nos dispositivos com telas dobráveis. Se isso for verdade, a Samsung saiu na frente da Apple com, no mínimo, cinco anos de intervalo. E nem sei se a gigante de Cupertino vai conseguir assumir o protagonismo no futuro com tantos anos de atraso.
Hoje, é indiscutível o protagonismo da Samsung neste segmento. Porém, a própria história da telefonia móvel mostra que não é tão difícil assim ver os holofotes mudarem no setor, e a Apple certamente vai atrair todas as atenções quando lançar um iPhone com tela dobrável no futuro.
Por outro lado, o segmento de telefones dobráveis, mesmo consolidado, ainda está em processo de expansão. Ainda não temos smartphones que ofereçam essas características com preços competitivos ou acessíveis para o grande público, o que faz com que esses dispositivos se tornem produtos de nicho.
Enquanto o formato não se popularizar, só podemos dizer (por enquanto) que a Samsung está vencendo no segmento premium de smartphones dobráveis. É impossível prever o futuro, principalmente em produtos com características tão singulares.
No final, o grande público ainda está conhecendo e entendendo os telefones dobráveis. Eu mesmo não tenho tanta pressa assim em ter um telefone com essa característica, apesar do Galaxy Z Flip4 ser o primeiro dispositivo que me interessou de verdade em testar (por conta de sua flexibilidade na produção de conteúdo em vídeo).
A boa notícia disso tudo é que vou poder usar do famoso “vamos dar tempo ao tempo” para observar como será o progresso desse segmento. E testemunhar essa história será algo muito interessante (para variar).