Morreu o Edson. Aos 82 anos. Porque Pelé é eterno.
Quando nasci, ele já era uma lenda. Não vi sua genialidade como uma testemunha ocular da história, algo que amo e, por causa disso, aprendi a amar o jornalismo, a tecnologia e os esportes. Mas sempre compreendi que Pelé era uma lenda viva. Uma entidade. Alguém fora da minha percepção da realidade.
A grande maioria de nós não viu Pelé jogar ao vivo. Muitos só viram pela TV. E todos nós elevamos Pelé ao status de extraterrestre. Eu realmente acredito que Pelé não era desse planeta. E não podia ser: ele era muito superior a todos os outros de seu tempo. Ou de todos os tempos.
Passado, presente e futuro são insignificantes diante da mais absoluta superioridade física e técnica que o mundo viu dentro de um campo de futebol. A habilidade de Pelé é algo atemporal. Rompe o tempo e espaço. Desafiou e modificou a nossa realidade para sempre.
Pelé foi tão superior a tudo e todos, que a camisa 10 no futebol deixou de ser apenas um número depois dele. Não conseguimos imaginar uma realidade alternativa ou multiverso onde Pelé não existe. É algo inconcebível.
Eu não imaginava que poderia me sentir tão triste com o desaparecimento da lenda como estou agora. Mais uma vez, minha visão lúdica sobre o esporte me enganou: acreditei que gênios do esporte como Pelé eram imortais ou invencíveis. Deveria ter aprendido essa dura lição em 1 de maio de 1994 depois daquele acidente na curva Tamburello.
Mas o tempo passa, e vamos alimentando em nossa mente o legado. Armazenamos na memória as conquistas, as jogadas, os dribles desconcertantes, os gols incríveis.
Vamos passar o resto de nossas vidas tentando entender o que Pelé fez nos gramados de todo o mundo, pois sua habilidade era algo irracional para nós, meros mortais.
Pelé é o “atleta do século” porque criou uma definição para o que hoje chamamos de “craque do time”. A referência do melhor de todos os tempos em todos os outros esportes que não respondem pelo nome “futebol” é justamente o nosso camisa 10. Michael Jordan, Michael Phelps, Tiger Woods, Lewis Hamilton, Marta, Usain Bolt e tantos outros atletas que são os melhores de suas respectivas modalidades são chamados de “Pelé” no seu esporte. Nunca foi o contrário.
Foi por causa de Pelé que hoje qualquer brasileiro se senta na TV ou vai para os estádios assistir a um jogo de futebol, mesmo quando o seu time é rebaixado para a segunda divisão. A Copa Libertadores da América só virou nossa obsessão porque Pelé venceu duas vezes com o Santos. A Copa do Mundo só é a maior competição esportiva do mundo porque teve a honra de receber o maior jogador de futebol da história em seus gramados em quatro oportunidades.
O futebol só tem essa magnitude e fascínio porque o mundo parou para ver Pelé jogar.
O Brasil só é o Brasil que o mundo aprendeu a admirar e amar porque Pelé é brasileiro.
Hoje, perdemos o nosso maior legado no futebol. Pelé, que é eterno, vai assumir o seu trono de direito no olimpo do esporte.
Para Pelé, todas as reverências. Todas as homenagens. Toda a minha profunda e até surpreendente tristeza. Jamais imaginei que me sentiria dessa forma com essa triste notícia.
Vida longa ao Rei do Futebol.
Pelé ETERNO!