Se você tem a sensação de que tudo ficou mais caro, saiba que este não é um sentimento só seu, muito menos uma loucura da sua mente criativa ou perturbada. É uma realidade prática: tudo está mesmo mais caro. E o setor de smartphones não ia ficar de fora do trem da alegria dos aumentos de preços.
Alguns dos principais fabricantes do setor de smartphones aumentaram os preços dos seus produtos ao longo de 2022, principalmente nos modelos mais caros. Em média, o aumento nos valores dos dispositivos mais caros foi de 4,28%, mas existem algumas exceções que merecem o meu destaque.
Antes que 2023 comece, vamos dar uma olhada em como foi a dinâmica de preços dos smartphones em 2022, até mesmo para tentar prever o que vai acontecer com o mercado no ano que vem. Isso é necessário para que o nosso bolso se prepare para a pancada seca que virá em breve.
Poucas marcas mantiveram os seus preços
Em 2022, foi registado um aumento de 5,5% no valor médio de um smartphone em comparação ao ano de 2021. Os 4,28% que eu mencionei aconteceu exclusivamente nos modelos de linha alta ou premium.
Vamos tomar como referência os modelos mais caros dos principais fabricantes nos dois anos. Usando esse recorte, Google, OnePlus, Samsung e Xiaomi não aumentaram os preços dos seus produtos top de linha ou premium. Já Apple, Sony e, em especial, a ASUS aumentaram de forma considerável o preço dos seus produtos mais completos.
Dessa forma, cada fabricante variou os preços dos seus telefones mais completos dessa maneira:
- Apple: +16,8%
- ASUS: +50,08%
- Google: sem variações
- Honor: -26,68%*
- Huawei: -14,3%*
- Motorola: +28,61%*
- OnePlus: sem variações
- Realme: +50,1%*
- Samsung: sem variações
- Sony: +5,01%
- Xiaomi: sem variações
Todos os asteriscos que você está vendo se explicam por um detalhe: em 2021, foram lançados smartphones top de linha em versões Ultra ou Pro+ que ficaram de fora em 2022. E a lista considera sempre o dispositivo mais completo e mais caro de cada fabricante, desconsiderando os telefones com design diferenciado, como são os modelos dobráveis.
Ou seja, tudo aqui foi analisado dentro de um cenário que é o mais equilibrado possível para uma justa comparação de valores. Não dá para comparar um telefone dobrável com um top de linha com tela plana convencional, pois detalhes como fator forma, custos com indústria e desenvolvimento e produção do dispositivo com formato diferenciado já fazem com que o seu valor se eleve de forma considerável.
De qualquer forma, podemos comprovar que existe um comportamento claro dos fabricantes em elevar os preços dos seus telefones mais completos, e o motivo é um só: aumentar as margens de lucro por unidade vendida.
Muitos já entenderam que são os smartphones premium que rendem uma maior rentabilidade por unidade vendida. Sem falar nos demais valores agregados que cada telefone vendido pode gerar, como vendas de aplicativos nas lojas oficiais (estudos sugerem que proprietários de telefones premium estão mais propensos a pagar por softwares) e assinaturas de serviços por streaming ou games.
Agora, é importante que você saiba quais são os fabricantes que fecharam neste entendimento do “vale a pena inflacionar os meus telefones premium porque sempre tem um otário disposto a pagar o que eu quiser cobrar pelo produto”.
Apple fez escola, e ASUS extrapolou no aprendizado
A Apple sempre chama muito mais atenção que as demais marcas de tecnologia quando o assunto é o preço dos seus produtos. Mas neste caso, o sinal de alerta é para algo curioso que a maioria dos usuários não percebeu.
Com o lançamento do iPhone 14, essa é a primeira vez em cinco anos que a Apple aumentou os preços dos seus smartphones.
Para a Apple, essa foi uma decisão necessária, já que a empresa de Tim Cook precisava amortizar todos os custos de produção do produto que aumentaram de forma substancial nos últimos 12 meses.
Por outro lado, esse aumento de preços no iPhone 14 é péssimo para o consumidor, que não se sentiu muito motivado a investir dinheiro na compra de um smartphone que é quase igual ao modelo do ano passado.
Tanto, que o iPhone 14 é considerado por muitos um fracasso comercial da Apple.
Mas a gigante de Cupertino não ficou sozinha nessa tendência em repassar a inflação para os clientes. A ASUS chegou a cobrar em alguns mercados o dobro para o seu smartphone top de linha em 2022 em relação ao modelo equivalente lançado em 2021.
Tudo bem, todo mundo sabe que os telefones da ASUS ainda custam muito menos do que os telefones top de linha de Samsung e Apple. Mesmo assim, a alta de preços certamente espantou alguns clientes que, diante dos valores, optaram por telefones das duas marcas líderes do mercado de smartphones.
Neste aspecto, a Samsung leva uma certa vantagem em relação aos seus concorrentes, e por um simples fato: ela lança os seus smartphones top de linha logo no começo de cada ano. Como a inflação aumentou ao longo de 2022, os seus dispositivos não ficaram tão mais caros quanto esperado.
Pelo contrário. Com a defasagem natural dos telefones Android, os dispositivos top de linha da Samsung conseguiram entregar uma relação custo-benefício mais vantajosa para os consumidores que conseguiram esperar a já tradicional queda nos preços dos produtos da marca.
Mas não espere que tal comportamento vai se manter. Quando a Samsung lançar os seus novos telefones top de linha no primeiro trimestre de 2023, espere por produtos bem caros.
Por fim, OnePlus, Google e Xiaomi se destacam positivamente por lançarem os seus telefones top de linha em um momento do ano bem complexo e, ainda assim, optarem por não aumentar os preços dos seus produtos.
Conclusão
O ano de 2022 não foi dos mais fáceis nos aspectos econômicos, e o mercado de smartphones sentiu os efeitos dessa dinâmica maluca nos preços e variações cambiais com mais força do que em anos anteriores.
De qualquer forma, todos nós sobrevivemos a tudo isso, e estamos aqui, esperando por um 2023 que seja um pouco melhor ou menos traumático.
Por outro lado, as perspectivas não são nada animadoras. Com tudo o que testemunhamos em 2022, não será uma surpresa ver a média de preços aumentando para todos os segmentos de smartphones, e não apenas para os dispositivos top de linha.
Para todos os questionamentos pendentes, a única certeza que temos é que as respostas começam a aparecer na semana que vem.