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Por que “Bem, Bem, Bem” virou uma mensagem de protesto online na China

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Está acontecendo neste momento uma nova onda de censura online na China, e o que é mais sério é que o governo local está censurando vídeos ou conteúdos que contam com frases teoricamente inocentes.

Bem no estilo da ditadura militar no Brasil que muitos beócios afirmam que nunca aconteceu, sabe?

Frase como “Eu vi” e “Bem, bem, bem…” que são teoricamente inócuas estão sendo censuradas, pois são entendidas como referências a tudo o que acontece de irregular dentro do regime chinês e que, de alguma forma, é denunciado por aqueles que tem coragem de combater o regime.

De qualquer forma, temos aqui uma prova clara da validade da frase “o contexto é tudo nesse mundo”.

 

Usar o sarcasmo como protesto

Tanto os internautas chineses quanto o governo do país sabe que o contexto é tudo nesse mundo, e o método utilizado pelos manifestantes se vale do sarcasmo para protestar contra tudo o que está errado por lá.

Na prática, dizer “Bem…” na China é algo tão subversivo como escrever Democracia, Tibete, Praça da Paz Celestial, Uigures, Falung Gong” e outros termos que afrontam de forma direta à frágil personalidade das autoridades locais.

A onda de protestos na China se tornou crescente por conta de diferentes casos de violações laborais em fábricas no país que resultaram em mortes de trabalhadores. Mas dois fatores bem específicos tornaram o combate ao protesto sarcástico no país algo bem peculiar.

O Mundial de Futebol no Catar está deixando os chineses furiosos, pois vivem as restrições sanitárias enquanto o resto do mundo está aparentemente normal. Isso fez com que a TV chinesa substituísse as imagens dos torcedores nos estádios por imagens dos jogadores e do banco de reservas nas partidas.

O segundo motivo para detonar os protestos na China foi o vídeo divulgado nas redes sociais com dez mortos em um incêndio em p´redios na cidade de Urumqi, capital da região de Xinjiang, cidade que está em lockdown há mais de três meses.

Os internautas chineses estão questionando se as medidas de tolerância zero de combate à COVID teriam dificultado o resgate das pessoas.

 

Um jogo de gato e rato

A população de Urumqui decidiu protestar sobre tudo o que aconteceu, e os censores chineses estão enfrentando muitas dificuldades para calar as pessoas.

Uma vez que um termo ou expressão é censurado na China, a população usa outra palavra e/ou símbolo para seguir se manifestando. E como a criatividade humana sempre supera a burocracia estatal, o jogo de gato e rato está mais que estabelecido.

Com isso, o governo chinês não tem como controlar a censura como sempre fez. A única alternativa que restou para as autoridades é ir para o caminho inverso: no lugar de censurar conteúdos, inundou as redes sociais com conteúdos alternativos publicados por bots.

E por ‘conteúdo’ queremos dizer spam massivo sobre prostituição, pornografia e jogos de azar, que está sendo usado para tornar invisíveis tweets críticos ao governo.

 

Protesto é isso, e não imedir o direito do outro de ir e vir

Fico feliz em ver que o povo chinês encontrou formas eficientes para driblar a censura do governo chinês.

Todo cidadão tem o direito de se manifestar sobre algo que entende que está errado, desde que seja dentro das leis estabelecidas. Bloquear estradas e bater continência para um pneu não tem nada de legal. São atos antidemocráticos, tal e como diz a Constituição.

Aliás, tem muito brasileiro imbecil que está brincando com fogo. Pela lei, essa galera deveria estar presa.

Na China, os problemas são muito mais sérios, já que tem gente morrendo por causa da ignorância de um governo. E decidiu se levantar contra tudo isso.

Quem sabe o brasileiro médio poderia aprender com isso.


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