Todo mundo testemunhou a morte do Google Stadia com um certo ar de incredulidade e, ao mesmo tempo, um pensamento do “eu já sabia”. E para as duas impressões, a regra é a mesma: estamos falando do Google.
Como todo o potencial que o Google tem, o Stadia fracassou. Ou seja, ser uma das gigantes da tecnologia não é o suficiente para fazer a proposta dos videogames online vingar no mercado.
E a máxima vale para outras propostas que estão aparecendo no mercado. Estamos em janeiro de 2023, e nenhuma plataforma de videogames online conseguiu se estabelecer, e o conceito não consegue prosperar.
O que está acontecendo?
O Google Stadia estava condenado ao fracasso
Antes, é preciso colocar tudo em perspectiva. Para falar das demais plataformas de videogames online, temos que olhar primeiro para o caso do Google Stadia.
Por mais que o Google tenha demonstrado um plano sólido para a plataforma, a verdade é uma só: o Google Stadia estava condenado ao fracasso, pois prometia muita coisa para uma estrutura de internet que ainda não está pronta para tamanha robustez de entrega.
O streaming de jogos já é algo bem complexo. As plataformas de jogos online que venceram até agora no formato tradicional, onde o computador ou o console de videogame do usuário trabalham como hardware principal para a execução dos jogos, precisam lidar com os problemas de latência e ping que as redes de internet banda larga contam neste momento.
Agora, imagine no caso do Google Stadia, que assumiria o papel de provedor do software para computadores, TVs e outros dispositivos espalhados ao redor do mundo, com diferentes configurações de banda larga residencial.
Por outro lado, como o Google se enxerga como uma empresa beta, dá pra dizer que seria algo anormal se o Google Stadia prevalecesse. A plataforma de jogos por streaming mais pareceu mais um experimento exagerado da empresa do que um projeto que permaneceria entre nós.
Mas o Google não está sozinho nessa empreitada contra o fracasso nos videogames por streaming.
Outras iniciativas estão sofrendo para prevalecer
As plataformas que alcançaram os resultados mais expressivos nessa ideia de oferecer jogos de videogame por streaming para usuários com diferentes dispositivos ao redor do mundo são o Xbox Cloud e o NVIDIA GeForce Now.
Mesmo assim, ambas ainda não se tornaram dominantes neste segmento, pois não conseguem entregar resultados sustentáveis neste sentido. Vários inconvenientes que precisam ser superados pelas duas propostas levantam sérias dúvidas se Microsoft e NVIDIA vão seguir investindo dinheiro nas suas iniciativas.
Sem falar que as duas iniciativas ainda não estão gerando lucros para as empresas. E a rentabilidade é o principal argumento para que qualquer projeto sobreviva em uma empresa, independentemente do seu tamanho.
Então, imagine no caso dos jogos via streaming, com uma tecnologia que exige um enorme investimento por parte das empresas envolvidas.
Os inconvenientes dos consoles online
Ter uma plataforma que tire do usuário a obrigação de realizar o download do jogo ou de contar com um hardware muito caro apenas para rodar um título com gráficos elaborados é o mundo perfeito.
Veja como a Netflix conseguiu o impossível em modificar os hábitos dos usuários que estavam mais do que acostumados a fazer o download de tudo de graça. Eles passaram a pagar também pela comodidade em apenas apertar o PLAY para ver um filme ou uma série.
Porém, o videogame via streaming conta com inconvenientes típicos de sua plataforma.
Pelos jogos estarem alojados em um servidor externo, o jogador passa a depender de um funcionamento perfeito da plataforma. E se tornou comum entre os usuários dessa proposta a reprodução dos games com baixas taxas de frames por segundo, lentidão e tempos elevados para a carga dos jogos.
Por isso, muitos ainda preferem os videogames tradicionais, com jogos que não dependem de uma conexão de internet para funcionar. Neste caso, o jogador fica teoricamente a salvo de uma queda de servidor que alojam os títulos.
Outro fator preocupante é a exposição aos ataques cibernéticos, que é muito maior do que a demanda dos usuários nas plataformas neste momento.
A transição dos jogos de mídias físicas para os jogos via download deixou algumas vítimas pelo caminho, como os consoles que não estavam preparados para essa proposta.
Porém, a transição para os videogames por streaming mal começou, e os usuários ainda estão acostumados a ter um console físico na sala de casa.
Mesmo assim, tanto o Xbox Cloud como o NVIDIA GeForce Now já registram um expressivo crescimento no número de usuários. o que indica que o fim do Google Stadia não necessariamente aponta para um fracasso nesse tipo de console, mas sim um fracasso do Google em si.
Agora, o Google Stadia faz parte do cemitério de produtos do Google e também de soluções de entretenimento que prometeram muito e não cumpriram, ao lado de produtos como a Power Glove, o Dreamcast e o cartucho do jogo E.T. para o Atari.