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Por que “TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO”?

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Porque, de fato, na vida, nada importa.

Não importa as contas que você não pagou, as decepções amorosas, as vitórias trapaceadas ou o feijão que azedou na geladeira. Não importa se você brigou com sua mãe no passado, ou se a sua filha está em guerra com você no presente. Nem mesmo se você perdeu o grande amor da sua vida porque não soube ouvir um “não” no meio de uma discussão.

O que realmente importa (e não damos muita importância para isso) é aquele beijo que você ganhou ao encontrar alguém na rodoviária de surpresa, o abraço apertado ao encontrar um amigo que não vê há muito tempo, aquela apresentação de coral onde você acertou o solo (mesmo não cumprindo com os ritos cerimoniais de uma comunidade religiosa), ou “eu te amo” que você diz e ouve pelo telefone, a viagem cheia de momentos bizarros e divertidos, o almoço de família aos domingos…

As duas horas que você passa no cinema assistindo a um filme incrível.

Normalmente agimos com covardia com as nossas histórias de vida ao atribuir os acontecimentos infelizes ao “acaso, destino, obra de Deus” ou ao famigerado “quem planta, colhe”. Atribuímos à terceiros a responsabilidade pelos nossos fracassos, mas não pensamos que tudo isso que acontece de desfavorável segue exatamente a mesma regra dos nossos eventuais sucessos ao longo da jornada: o nosso poder de escolha.

Sabe o tal “libre arbítrio”? Então… ele serve para isso: o poder de decidir.

Muitas pessoas não entendem a metáfora do multiverso, associando o termo exclusivamente à ciência, ficção científica ou fantasia. Então, vou tentar explicar de uma vez por todas: multiverso é o mesmo que você se perguntar “como seria a minha vida se minhas escolhas fossem diferentes?”.

De tempos em tempos, questionamos nossas decisões do presente, realizando exercícios de realidades alternativas a partir de outras escolhas que não aconteceram. E quando fazemos isso, “brincamos” de viajar no multiverso, mesmo sem saber.

De qualquer forma, nossas decisões determinaram nossa jornada e o ponto onde estamos. E pensar que poderíamos estar em outros lugares, vivendo em outras vidas, em realidades diferentes dessa que estamos… é algo fascinante e, ao mesmo tempo, perigoso. Pois a mera possibilidade em descobrir que poderíamos ser felizes ou mais realizados em outra realidade pode nos levar a um sofrimento quase inevitável.

Por outro lado, esse mesmo leque de possibilidades também pode mostrar que o melhor de nós está nessa realidade que foi construída a partir de nossas próprias escolhas. Acredite, se quiser: nossas vidas não são resultado do “acaso” ou “destino”, mas sim uma combinação de uma vida que não tem o menor sentido em confronto com o nosso desejo de manter tudo sob o nosso pleno controle.

No final, descobrimos que nossa vida é caótica porque escolhemos o caos. E porque a vida em si não faz o menor sentido, e nem tem que fazer. Se tudo tivesse uma explicação, como poderíamos crescer a partir dos questionamentos objetivos sobre tudo ao nosso redor?

Questionar. Aprender e crescer. Essas são as ferramentas para que nossas marcas estejam em tudo, em todo lugar, e ao mesmo tempo. Somos parte de um todo onde cada um de nós esteve em algum momento, deixando nossa contribuição para esse mundo. E pensar que cada pessoa pode eventualmente encontrar nossas pegadas e, a partir delas, também decidir se segue ou não nossos passos…

Enfim…

TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO é um filme que fala sobre o nosso profundo desafio de existir em nossa melhor versão, a partir de nossas próprias escolhas, quebrando padrões estabelecidos por quem veio antes de nós, e incentivando aqueles que vieram depois de nós a serem versões melhores de nós mesmos. Dessa forma, faremos parte do todo mesmo quando deixamos de existir nesse mundo, já que nossas melhores versões avançam em diferentes linhas temporais, através de filhos, netos, bisnetos e todos que vierem depois de nós.

O doloroso processo de reconstrução de um indivíduo que tem todas as convicções e valores previamente estabelecidos na idade madura, o confronto com as novas gerações que construíram seus códigos de existência a partir de suas próprias perspectivas e experiências e a reconstrução afetiva através da reforma íntima são impecavelmente abordados em um filme complexo, cheio de camadas e com linguagem frenética.

Ao mesmo tempo, temas como depressão, etarismo, a necessidade em deixar o passado para trás, respeito às diversidades, a busca incessante pelo direito à felicidade a partir do que realmente te faz feliz e a proposta em melhorar o mundo a partir da gentileza são explorados de forma eficiente e envolvente.

TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO não é um filme fácil. Assim como a vida, e estamos todos aqui, vivendo um dia de cada vez. Por isso, eu humildemente peço… não… na verdade… como alguém que se identificou de forma profunda e direta com os diferentes temas abordados nessa história, eu IMPLORO que você ao menos dê uma chance para o filme que está de forma definitiva na história do cinema por ser o mais premiado de todos os tempos, considerando todas as premiações que disputou.

Esse é um filme que marca de forma definitiva a minha geração, porque tem uma linguagem visual que é resultado da “era MTV”, criado por pessoas que entenderam o quão incrível foi ver o mundo em construção através da comunicação audiovisual pensada nos jovens adultos, e que só agora contam com o controle para contar as histórias que o mundo precisam ver e aprender.

E nada mais emblemático do que propor a transformação íntima a partir do exercício do “como seria se…”. Para alguém como eu, que em diversas oportunidades se viu com crises de ansiedade pelos questionamentos sobre as próprias escolhas e decisões, TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO é uma terapia de uma vida inteira. Uma ferramenta de absorção de racionalidade.

Uma forma plena para entender que “nada faz sentido, nada importa”. E está tudo certo.

Pois o que realmente importa é que existe de bom nessa realidade.


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