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Todos copiam a todos, mas a Apple se comunica como poucas

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É de sabedoria popular que todo mundo copia todo mundo no universo da tecnologia. E longe de mim defender isso. Só quero dizer que este se tornou o comportamento natural dos fabricantes dentro desse segmento. E isso nada mais é do que uma repetição do comportamento das pessoas em torno de seus dispositivos tecnológicos.

É o tal negócio: muita gente entende que uma vez que o amigo publicou a foto do seu café da manhã no Instagram, se a pessoa não fizer o mesmo, ela simplesmente não comeu a primeira refeição do dia.

O que diferencia um fabricante de tecnologia do outro é a sua capacidade de comunicar ao público os seus elementos de inovação. E essa missão pode ser bem complicada, principalmente em um setor onde a evolução é acelerada. Se você não fala para o seu usuário que o seu produto tem uma nova função que é incrível, outro fabricante pode fazer, e você vai ficar para trás.

Considerando tudo o que eu escrevi até agora para entrar no assunto principal desse post, ninguém consegue comunicar os seus elementos de inovação como a Apple. Inclusive em momentos onde a gigante de Cupertino acaba copiando outros fabricantes.

A história da Apple está cheia de funções e serviços que a empresa vendeu como grande inovação quando, na verdade, tais recursos já existiam nos smartphones Android e computadores Windows. Mas apenas a gigante de Cupertino conseguiu comunicar esses novos recursos de forma que eles parecessem verdadeiras inovações.

Mais importante do que ter um bom produto é saber vender esse produto ao público. E este artigo tem como objetivo principal mostrar como o departamento de marketing da Apple são mestres nisso.

 

O Áudio Espacial

O Áudio Espacial é algo que a Sony usa há muito tempo, só que a Apple muda o nome do recurso para parecer que é algo só seu.

A tecnologia de Áudio Espacial presente no AIrPods Pro de 2ª Geração melhora a direcionalidade do som para oferecer uma maior sensação de realismo ao usuário. Acontece que a Sony desenvolveu essa função, que recebe o nome 360 Reality Audio e está presente em fones de ouvido e dispositivos intermediários, e ninguém reparou nisso. Nem mesmo os proprietários dos produtos que contavam com esse recurso.

A Samsung também possui a mesma tecnologia no Samsung Buds Pro 2, que recebe a função Audio 360. E o efeito prático é exatamente o mesmo que o Áudio Espacial da Apple.

E aqui, temos que dar uma salva e palmas para o responsável pelo naming de produtos dentro do time de marketing da Apple, pois cumpriu com sua missão de forma plena.

 

Pode não parecer, mas a Apple não inventou o 5G

Qualquer pessoa que assistiu o evento de lançamento do iPhone 12 em 2020 pode pensar que a Apple inventou o 5G. Algo que, obviamente, não é verdade. E qualquer pessoa que lê este blog nos últimos anos sabe muito bem disso.

Anos antes do iPhone 12 chegar ao mundo, centenas de smartphones Android tops de linha ou intermediários já recebiam o 5G. Porém, a chegada da Apple para essa tecnologia de transmissão de dados e conectividade móvel jamais iria passar batido para a gigante de Cupertino.

Ou seja, aquele anúncio do primeiro iPhone com 5G, cheio de pompa e circunstância, jamais poderia ser colocada no dispositivo apenas como uma característica adicional. Pelo contrário: foi um dos grandes destaques do iPhone 12 na sua apresentação.

E muita gente começou a acreditar que o 5G só existe de verdade porque a Apple colocou o recurso em um iPhone. O que é um absurdo, na minha modesta opinião.

 

A tela Always-On Display

A tela Always-On Display foi um dos pontos de destaque na apresentação do iPhone 14, inclusive com a missão de entregar uma maior autonomia de bateria para o dispositivo.

O recurso até pode ser uma nova (e bem recebida) característica em um smartphone da Apple. Porém, para falar especificamente desse recurso, temos que voltar para 2009, quando a Nokia apresentou a tela Always-On para o mundo pela primeira vez.

Veja bem: eu não estou nem falando da Samsung com os primeiros telefones Android a receberem a tela Always-On. Estou me referindo à Nokia original, que não existe mais (a atual Nokia é um revival daquela empresa finlandesa que todo mundo aprendeu a amar).

A gigante nórdica apresentou ao mundo a tela Always-On, e pelo mesmo argumento que todas as demais empresas utilizaram para justificar a cópia descarada da funcionalidade: reduzir o consumo de bateria ao minimizar a informação exibida na tela.

Anos depois, a Samsung adaptou de forma muito inteligente aquela ideia para as suas telas AMOLED, entregando o recurso para todos os seus telefones premium, se tornando a referência dessa funcionalidade para o mundo da telefonia móvel.

Tanto, que a Apple decide colocar a Always-On Display no iPhone 14. No seu estilo, é claro. Mas copiando a Samsung de forma descarada e deliberada.

 

A Dynamic Island

A Dynamic Island é a nova interpretação do notch que a Apple oferece para o mercado de tecnologia. Ou melhor, é mais uma forma de dissimular a falta de inovação (neste caso, algo real) que a empresa oferece por não ser competente o suficiente para ocultar o sistema Face ID abaixo da tela do dispositivo.

Apenas um dia depois da apresentação do iPhone 14 Pro, a Xiaomi apresentou a sua nova geração de smartphones Redmi. E os dispositivos já contavam com um recurso similar ao da Apple, com o nome Smart Island.

Mas ninguém se importa com o dispositivo da Redmi. Só vão lembrar da Dynamic Island porque foi a Apple quem apresentou o conceito ao mundo. E se você foi um leitor atento, vai perceber que essa é a única grande exceção da regra neste artigo, onde alguém “copiou” a Apple.

Na verdade, a sensação que fica é que todos os fabricantes estão se copiando. Engenheiros e desenvolvedores estão se conversando o tempo todo, e as ideias acabam migrando de um lado para outro de forma quase incontrolável.

Por outro lado, até mesmo a Dynamic Island da Apple é fruto de uma cópia de conceitos já apresentados nos smartphones Android em um passado não muito distante. Porém, o marketing da gigante de Cupertino é tão eficiente, que consegue fazer com que boa parte do mundo civilizado compre a ideia que foi ela quem criou tudo isso.

Algo que está bem longe de ser a realidade dos fatos.


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@oEduardoMoreira