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Uma IA com comportamento humano pode iniciar uma “epidemia da solidão”?

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A Amouranth é uma popular criadora de conteúdo que já gerou algumas polêmicas no passado apenas e tão somente pela sua presença no OnlyFans, mas também por suas estratégias de viralização. Mas sua nova abordagem é algo, no mínimo, curioso.

Ela surpreendeu neste começo de 2024 ao lançar uma versão de inteligência artificial que replica sua personalidade. Essa IA busca oferecer experiências avançadas de jogos de RPG e conteúdos personalizados, permitindo que os usuários interajam e “brinquem” com ela.

O resultado disso? Além deste artigo, a acusação de que Amouranth pode ter iniciado uma espécie de ‘epidemia da solidão’, já que os nerdolas não vão querer sair de casa para ficar assediando um chatbot sem o perigo de serem presos por isso.

 

Um negócio bem lucrativo

O acesso à IA não é gratuito (é claro). Seus custos variam com base no nível de relacionamento desejado pelo usuário com versão IA da Amouranth.

Aqueles que buscam uma amizade mais íntima ou até mesmo um relacionamento podem desembolsar até 200 dólares. O valor investido impacta diretamente na qualidade das interações proporcionadas pela inteligência artificial.

Amouranth compartilhou em sua plataforma que obteve notáveis ganhos com a iniciativa, atingindo a marca de 34.000 dólares em apenas 24 horas após o lançamento da IA.

Cada assinante contribuiu em média com aproximadamente 20 dólares, o que indica que a iniciativa em si funcionou muito bem… para a Amouranth, obviamente.

E… alguém aqui pensou no filme ‘Ela’, protagonizado por Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson? Então… quem disse que a vida não imita a arte simplesmente não sabe do que está falando.

 

A polêmica está servida

A introdução de uma IA capaz de simular interações humanas gerou controvérsias, como quase tudo o que é novo nesse mundo. Críticos da iniciativa argumentam que essa solução poderia agravar a chamada “epidemia da solidão”.

Existem preocupações de que usuários possam preferir a companhia virtual, prejudicando suas habilidades de se relacionar com pessoas reais. E eu nem acho que o problema é necessariamente esse.

Não é de hoje que venho percebendo uma enorme dificuldade em alguns perfis masculinos mais problemáticos em se relacionar com as mulheres. Homens que se autoproclamam “machos alfa”, que acreditam que o sexo oposto existe só para servir.

Para esses homens, o problema não é a tecnologia, mas sim o perfil coletivo que diminui as mulheres em todos os aspectos. E isso também tem reflexos nas interações femininas, que optam inclusive por gadgets e robôs sexuais para substituir os babacas.

Até porque, no mundo de hoje, só fica sem prazer quem quer. Mas isso é assunto para outro artigo.

 

Amouranth se defende das acusações

Contrariando as críticas, Amouranth defende que sua IA não contribui para a solidão. Pelo contrário: é um remédio “terapêutico”. E ela não deixa de ter uma dose de razão nisso.

Ela acredita que oferecer uma IA para conversar pode ser uma solução para o sentimento de solidão, seguindo a filosofia de tornar a IA praticamente indistinguível de um ser humano, inclusive superando o teste de Turing, o que torna o seu projeto algo ainda mais interessante e, ao mesmo tempo, alarmante.

O advento dessa IA levanta questões sobre seu impacto social, alimentando debates sobre os limites entre tecnologia e relações humanas. Entendo que parâmetros precisam ser estabelecidos, mas também acredito que existe uma certa dose de exagero por parte dos críticos.

Amouranth busca redefinir a interação digital, explorando os potenciais da tecnologia e desafiando as noções convencionais de solidão. Além de lucrar com tudo isso, obviamente.

Ao oferecer uma experiência mais íntima através da IA, Amouranth está moldando uma nova forma de relacionamento virtual, desafiando normas sociais estabelecidas. E o dinheiro que ela está ganhando com a sua iniciativa é a prova de que o coletivo está realmente precisando combater a solidão de alguma forma.

Por outro lado, dá para entender quem critica a iniciativa da Amouranth. Precisamos de interações interpessoais reais para desenvolver aspectos fundamentais de nossa personalidade, como empatia, respeito, espaço para o contraditório e expansão da visão de mundo.

Procuro entender todos os lados envolvidos nessa polêmica. Entendo a preocupação, mas também percebo um certo exagero nisso tudo.

A verdade é que vivemos em um mundo que hoje está dividido pelas visões de mundo estabelecidas, e agora enfrentamos uma enorme dificuldade em fingir ou evitar enxergar que essas diferenças existem.

Com isso, as pessoas naturalmente se isolaram. E Amouranth com a sua IA tirou vantagem disso.

E vai levar tempo para que voltemos a nos entender com quem enxerga o mundo diferente de nós.


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@oEduardoMoreira