A criatividade humana pode ser impressionante ou demencial. A diferença entre uma coisa e outra pode ser determinada por uma fina linha que é muito subjetiva na maioria dos casos. E normalmente o bestial só fica claro quando é jogado na nossa cara mesmo.
Um exemplo do que eu quero dizer está na materialização da bicicleta sem pedais para adultos. E eu estou sendo bem específico na proposta, pois esse é um produto que até faria sentido se fosse construído para as crianças que estão aprendendo a obter equilíbrio em um veículo como esse.
E… mesmo assim: ainda entendo que uma bicicleta sem pedais é uma aberração sem qualquer tipo de sentido em nosso mundo.
Qual o sentido disso?
As bicicletas sem pedais se popularizaram entre as crianças porque ajudam os pequenos a obter uma maior estabilidade. Neste caso, os pequenos podem se concentrar exclusivamente na questão do equilíbrio, sem se preocupar com o ato de pedalar, que é uma segunda fase do processo de aprendizado.
O problema é que os adultos são invejosos, e querem viver a mesma experiência das crianças, já que é mais barato comprar uma aberração como essa do que investir dinheiro em anos de terapia e psicólogos.
De qualquer forma, é o meu dever olhar para o copo meio cheio nas mais diferentes situações. Neste caso, algumas empresas estão desenvolvendo as bicicletas sem pedais para reduzir o constrangimento para as pessoas mais velhas, ou que contam com alguns problemas de mobilidade física, o que é algo nobre e até acertado.
O que não faz muito sentido é um adulto saudável e sem qualquer tipo de problema utilizar um veículo como esse. E é aqui que o genial passa para o lado demencial com toda a força desse mundo, pois o indivíduo não consegue pensar no ridículo que está passando com uma invenção como essa.
A bicicleta sem pedais que você está vendo neste post foi criada pela Fliz. E são justamente as imagens que mostram que o uso desse tipo de veículo por pessoas normais e saudáveis é uma péssima ideia.
O design é estranho, já que o corpo da bicicleta passa por cima do usuário. Não é possível que um negócio como esse seja algo confortável para qualquer pessoa por causa do peso exercido sobre a pessoa que está em deslocamento.
Além disso, o condutor da bicicleta sem pedais é obrigado a se manter curvado na maior parte do tempo para conduzir o veículo de forma adequada. A única boa notícia aqui é que a bicicleta ao menos possui um sistema de freios a disco, impedindo que alguém perca a vida nas descidas com um choque muito forte ao perder o controle.
E a parte mais importante aqui: essa só pode ser uma bicicleta de downhill, pois… como é que você vai pedalar nas subidas? Impossível, certo? Então, você vai caminhar com uma estrutura enorme nos ombros como um derrotado, aguentando todo o peso dos ombros nas costas pela sua infeliz decisão.
Qual foi o fim desse projeto?
Ficou nisso. Um projeto.
O Fliz não tem qualquer tipo de previsão de lançamento ou chegada ao mercado, já que esse conceito é algo simplesmente absurdo, inclusive para as pessoas que contam com algum tipo de deficiência física.
Essa bicicleta sem pedais não é uma ideia nova. Ela existe a algum tempo no mercado, mas nunca chegou ao formato comercial e definitivo. E nem vai chegar, pois ninguém vai utilizar um produto como esse de forma racional.
Bom, quero dizer, ninguém que seja um ciclista adulto. Para as crianças, ainda se avalia a validade das bicicletas sem pedais, pelos motivos apresentados neste post.
E que o mercado pare de tomar decisões que são demenciais, acreditando que são geniais.