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A pirataria na internet voltou, e a culpa é da fragmentação das plataformas de streaming

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Quem é que aguenta pagar tantos serviços de streaming ao mesmo tempo?

Resposta: (quase) ninguém.

Muitos acreditaram que um número maior de plataformas de streaming competindo entre si poderiam resultar em preços mais baratos de cada plataforma. Mas o tempo mostrou que aconteceu exatamente o contrário: para quem quer assinar todas as plataformas para ver tudo o que tem direito, vai pagar mais caro que um pacote robusto de TV por assinatura.

E bem sabemos qual é o destino final dessa turma que não pode pagar tanto para ver tudo: a pirataria, obviamente.

E, neste caso, a culpa nem é do assinante, que só quer ter o direito de receber o entretenimento em casa por um preço minimamente justo.

 

Está MUITO caro ver TV por streaming

Como algumas plataformas de streaming aumentaram os seus preços nos últimos meses e, por outro lado, dificultaram o acesso à contas compartilhadas (algo que barateava os custos para muitos assinantes), os números relativos ao tráfego de dados relacionados com a pirataria voltaram a aumentar.

Em escala global, o aumento foi de quase 22% no volume de dados relacionados de forma direta à pirataria de séries de TV e filmes, o que deixa claro que as estratégias dos estúdios e das plataformas de streaming estão falhando miseravelmente em tentar manter os assinantes sob os seus crivos, sem oferecer alternativas mais competitivas nos preços.

A impressão que fica é que as plataformas estão pensando exclusivamente no seu peixe, mas sem pensar que o mar não está muito favorável para eles. Tudo bem, ninguém é obrigado a assinar todos os serviços de streaming disponíveis no mercado, e quem faz isso está pagando porque quer. Porém, a questão neste momento nem é mais essa.

A grande pergunta que todos deveriam fazer neste momento é: o usuário tem condições de pagar tantos serviços de streaming ao mesmo tempo?

Além disso, outros questionamentos que estimulam essa volta para a pirataria são colocados à mesa. A mais importante delas é: será que vale a pena pagar por um serviço uma vez que eu assisto a poucos conteúdos, como uma série ou um filme em específico?

Muitos estão adotando a estratégia de manter as assinaturas em determinadas plataformas de maneira sazonal, ou seja, apenas durante o período de exibição de uma série de TV ou quando um filme importante estreia no serviço. Depois disso, a pessoa solicita o cancelamento e passa para a próxima.

Por causa disso, muitos serviços de streaming voltaram para a estratégia de estreia semanal dos episódios das séries de TV, deixando de lado a disponibilidade de todos os episódios de uma temporada ao mesmo tempo. A prática da maratona é menos rentável para os serviços de streaming, já que um assinante pode assistir tudo em poucos dias.

Por outro lado, com o lançamento de um episódio por semana, os serviços de streaming conseguem fidelizar o assinante por um pouco mais de tempo, garantindo um valor maior por cada usuário.

Outra estratégia bem interessante é alternar a cada mês o serviço que vai manter ativo, assistir a todo o conteúdo daquela plataforma, de forma exclusiva e, depois dos 30 dias, cancelar a assinatura do serviço e ir para o próximo serviço online.

De qualquer forma, está ficando bem claro para quem quiser ver que o assinante não está mais disposto a seguir por muito tempo com suas assinaturas nas principais plataformas de streaming do mercado e, dessa forma, a pirataria está se tornando (de novo) a principal solução para quem entende que pode fazer do seu dinheiro algo melhor e mais vantajoso.

 

O que fazer para estancar a sangria?

Sinceramente? Eu não sei. Mas tudo parece ser um caminho sem volta, e as plataformas de streaming dificilmente vão voltar atrás nessa estratégia, o que entendo ser um erro que pode custar inclusive a sobrevivência de alguns serviços no mercado.

Entendo que, no meio do caminho, muitas plataformas tendem a afundar e desaparecer, e apenas aquelas que contam com um conteúdo robusto ou melhor saúde financeira vão prevalecer, e esse mercado deve ficar reduzido a três ou quatro players principais.

Não existe neste momento espaço para tantos serviços de streaming ao mesmo tempo, e a grande maioria dos usuários não estão dispostos a pagar mais de R$ 300 por mês para assistir a todos os conteúdos disponíveis em todas as plataformas. Além disso, para qualquer pessoa com um comportamento considerado minimamente normal (que trabalha, estuda, namora, tem amigos, tem vida social e joga videogames) consegue ver tudo o que está disponível em todas as plataformas.

No final das contas, a pirataria tem tudo para voltar a ficar em evidência no mercado, e todo o setor de streaming vai sentir os efeitos das reações dos usuários em função das ações (em alguns momentos, desastrosas) das plataformas. Principalmente aqueles serviços que acreditam ser a única forma decente para qualquer pessoa obter um entretenimento de qualidade na internet.

Neste caso, “seja bem-vinda de volta, Paul Torrent”.

Entendedores entenderão.


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@oEduardoMoreira