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A queda de braço entre China e EUA na batalha das memórias tem um claro vencedor: a Coreia do Sul

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China e Estados Unidos estão em uma queda de braço no setor de fabricação de hardware a algum tempo. Além dos bloqueios comerciais que afetam diferentes aspectos tecnológicos, o fornecimento de componentes é outro aspecto importante desse duelo.

E quem está se dando bem com essa disputa é a Coreia do Sul.

A China está determinada a reduzir sua dependência dos fabricantes estrangeiros de memórias DRAM, mas essa empreitada está longe de ser fácil. Atualmente, o mercado é dominado por gigantes sul-coreanas como Samsung Electronics e SK Hynix, além da norte-americana Micron. A delicada posição do país liderado por Xi Jinping se torna ainda mais preocupante no contexto do conflito em curso com a aliança liderada pelos Estados Unidos.

Como tudo isso pode afetar nos dispositivos que vão chegar ao nosso mercado no futuro, entendo que vale a pena perder algum tempo falando sobre uma pauta mais chata do que um keynote da Apple ou da própria Samsung.

 

Como as sul-coreanas estão “aproveitando o momento”

Em 31 de março, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) deu início a uma investigação para auditar a Micron, com o propósito de avaliar a segurança dos chips de memória da empresa americana. E essa é uma espécie de “resposta” ao que o governo norte-americano fez com a Huawei, o que resultou no bloqueio das relações comerciais de empresas do país ianque com a marca.

Em um desfecho rápido (apenas dois meses de análise) a CAC concluiu que os chips da Micron representam uma ameaça à segurança do país (surpresa zero até aqui). Imediatamente, o governo chinês impôs sanções, e os principais fabricantes de servidores na China interromperam a compra de módulos de memória DRAM com chips da Micron.

A resposta dos Estados Unidos não tardou, com o governo americano solicitando à Coreia do Sul que Samsung Electronics e SK Hynix também cessassem o fornecimento de semicondutores à China, caso a Micron fosse excluída do mercado. Contudo, essa tática não teve o sucesso esperado.

A exclusão parcial da Micron do mercado chinês não a impediu de competir no mercado internacional, mas seus chips DRAM perderam espaço para os principais concorrentes sul-coreanos, que ganharam terreno no país asiático.

Segundo um executivo de uma empresa chinesa fabricante de controladores de memória que não quis se identificar para não ter problemas, as opções mais viáveis para substituir os chips da Micron ainda são os produtos da Samsung e SK Hynix. Ou seja, a estratégia das empresas sul-coreanas é bem clara: aproveitar a tensão entre China e Estados Unidos no setor.

 

Como está a queda de braço no momento

Enquanto a Micron busca recuperar a confiança do governo chinês e aliviar as sanções, a empresa planeja investir 600 milhões de dólares para atualizar sua fábrica de montagem de circuitos integrados em Xian, China. No entanto, especialistas consideram improvável que a situação seja resolvida a curto prazo.

A China também tem planos ambiciosos de desenvolver suas próprias tecnologias de chips de memória, visando reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros. Porém, essa é uma faca de dois gumes. Analistas chineses preveem que a incursão das empresas locais no mercado de chips DRAM pode estimular a competição das empresas sul-coreanas e americanas.

Samsung Electronics, SK Hynix e Micron já estão lançando mão de tecnologias avançadas, algumas das quais estão fora do alcance da China devido às sanções impostas pela aliança liderada pelos Estados Unidos, que busca impedir o fortalecimento do país asiático na área de litografias de ponta.

Por exemplo, a Micron lançou chips DRAM com interface HBM3 de segunda geração para aplicações de inteligência artificial, e a Samsung Electronics anunciou o desenvolvimento de suas memórias DRAM GDDR7, que certamente desempenharão um papel fundamental na área de IA.

No curto e médio prazo, a China terá que enfrentar as tecnologias avançadas dos seus rivais, e já está em posição de desvantagem em um setor de extrema relevância estratégica, como é hoje a inteligência artificial.

E enquanto a China tenta medir forças com os Estados Unidos nos bloqueios comerciais, a Coreia do Sul olha para tudo isso, dá aquele sorriso maroto de canto de boca, e sai dançando animadamente ao som de “Dynamite” do BTS, pensando: “vou deixar esses dois palhaços se estapeando e, enquanto isso, vou dominando a p0#*a toda!”.

Metaforicamente falando, é claro.


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@oEduardoMoreira