Fidelizar. Este é o verbo da vez para qualquer plataforma online.
Manter os usuários em um serviço se tornou tão o mais importante do que ter usuários pagando por ele. Esse é o principal segredo de plataformas como Netflix ou Spotify. E para a Amazon, uma das melhores formas de fidelizar um cliente é agregando valor aos seus serviços.
O Amazon Prime é uma excelente proposta, pois adiciona uma série de serviços por um preço muito competitivo, principalmente no formato de pagamento anual. E a decisão em oferecer mais de 100 milhões de músicas sem propaganda no Amazon Music aos assinantes do Prime foi uma espécie de “hadouken” na cara do Spotify.
E é claro que os gamers entenderam essa referência.
Dobrando a aposta, mesmo com algumas restrições
A Amazon está apostando pesado no Amazon Music, por entender que esse serviço tem todo o potencial para bater de frente com o Spotify. Aqui, a aposta não é apenas na enorme e diversificada oferta de músicas, mas também nos podcasts, com alguns programas que são exclusivos dentro do serviço.
Existe um entendimento claro da Amazon em onde o Spotify está vencendo neste momento, e isso certamente está refletido nessa decisão. Agora, só fica com o Amazon Music Unlimited aqueles usuários que são realmente viciados em música e fazem questão em contar com os diferenciais de qualidade de reprodução presentes neste plano premium.
Aqui, o simples fato de ter acesso ao catálogo completo de músicas sem qualquer tipo de publicidade e sem pagar um centavo a mais por isso já pode ser considerado um duro golpe para o Spotify, o seu adversário direto. E quando pensamos no Amazon Prime como um todo, ele oferece MUITO MAIS que a concorrência, que só conta com os benefícios dentro do segmento de músicas e podcasts.
De novo: o anúncio da novidade foi o suficiente para voltar a instalar o aplicativo do Amazon Music no meu smartphone, inclusive para receber a atualização do app que também foi anunciada. A última experiência que tive com ele não foi das melhores, e tenho esperanças de que a maior varejista do mundo também consiga avançar na experiência de uso de sua plataforma.
E é claro que eu entendo perfeitamente que o novo plano do Amazon Music não pode oferecer todos os benefícios presentes no Amazon Music Unlimited. E nem precisa: a grande maioria dos usuários pode viver muito bem sem a música em alta definição, o som espacial e até mesmo a reprodução em ordem personalizada (o novo Amazon Music sem publicidade só permite a reprodução em modo aleatório).
Já me dou por satisfeito com a possibilidade de realizar downloads das músicas para reprodução offline, o que é outro grande trunfo que o Spotify não oferece no seu plano gratuito. E, repito: muita gente já paga pelo Prime por conta dos demais benefícios agregados que o serviço naturalmente oferece.
Um movimento muito inteligente
Se eu voltei para o Amazon Music, eu consigo imaginar que uma grande leva de usuários vai ou retornar ou utilizar pela primeira vez o serviço. Tanto aqueles que já são assinantes do Prime como aqueles que agora vão assinar o serviço também por causa dessa novidade.
O movimento da Amazon foi muito bem pensado e é inteligente para alcançar o seu público alvo, que é aquele tipo de usuário que só quer ouvir música de forma casual e sem qualquer tipo de incômodo com a publicidade. E eu até entendo que tem muita gente que já se acostumou com as propagandas no Spotify.
Mas devo reconhecer que qualquer plataforma de streaming que funciona sem a publicidade é algo muito melhor. A Netflix conseguiu fidelizar milhões de usuários justamente por não oferecer propagandas nos filmes e séries por um preço mensal que, no passado, já foi mais razoável.
O YouTube Premium, que é um dos meus serviços preferidos, apostou na mesma estratégia, algo que funcionou comigo. Confesso que encontro paz de espírito em não ver propagandas no YouTube, e o YouTube Music funciona muito bem (com um algoritmo com recomendações acertadas).
O Amazon Music vai se tornar a segunda (ou até a primeira) alternativa de muita gente porque vai liberar os usuários dessa publicidade por um preço bem justo. Os custos de mensalidade ou anuidade do Prime são inferiores aos cobrados por Spotify e Apple Music, agregando no meio do caminho o Prime Video, o frete grátis, games de graça, Twitch turbinado e outros benefícios.
Dessa forma, posso afirmar que a Amazon marcou um gol de placa, ou deu um belo golpe na concorrência com essa manobra. E estou curioso para ver como os demais protagonistas dentro do segmento de streaming vão responder a esse movimento.
Que sejam respostas tão interessantes quanto essa.