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Amazon Prime se tornou a plataforma de streaming mais popular. Mas… a que preço?

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Jeff Bezos é um homem com muitos sonhos na vida. E certamente ele conseguiu realizar o seu maior sonho: ser um dos homens mais ricos do mundo.

Ele construiu um verdadeiro império chamado Amazon a partir da venda de livros da garagem de sua casa. Hoje, ele tem a maior varejista do mundo, vendendo tudo quanto é tipo de produtos. Sem falar nos servidores, no leitor de livros eletrônicos Kindle, no assistente virtual Alexa (disponível em vários dispositivos Echo) e muitos outros produtos.

Mas Bezos segue concretizando sonhos. Um dos seus sonhos acabou de acontecer: o Amazon Prime conseguiu superar a Netflix em número de assinantes, o que é um feito simplesmente incrível.

Mas teve um preço a ser pago pelo nosso amigo Jeff.

 

O que existe de oficial?

De acordo com a empresa de estudos de mercado e consultoria Parks Associates, um estudo baseado na estimativa de assinantes nas plataformas de streaming ao longo do mês de setembro de 2022 mostra que, pela primeira vez, a Netflix não está na primeira posição no número de assinantes, deixando esse posto para o Amazon Prime.

Esses números se tornarão públicos e detalhados entre os dias 12 e 14 de dezembro, e só então poderemos analisar de forma aprofundada como que essa troca de posição dentro do mercado de streaming aconteceu. Mesmo assim, é um fato importante e relevante dentro do segmento.

A Parks Association já destaca que as plataformas de streaming estão introduzindo mudanças que estão transformando a forma em como os usuários estão interagindo com essas plataformas. Por exemplo, a inclusão de publicidade durante a exibição de filmes e episódios. E isso não está agradando aos assinantes que se acostumaram em ver os conteúdos sem interrupções.

Entendeu, dona Netflix.

 

Onde a Netflix está perdendo?

É oficial: a Netflix está em crise.

A (até então) principal plataforma de streaming do mercado não tinha concorrência há 10 anos atrás. Reinava absoluta em um setor que praticamente criou e ditou as regras por anos. E até antecipou o que poderia acontecer no futuro, tentando se prevenir para uma competição que aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Porém, o tempo vem para todo mundo. Novas plataformas apareceram, e os assinantes se dividiram entre as propostas disponíveis. E isso é algo absolutamente normal em qualquer segmento.

O grande problema da Netflix é que o seu modelo de negócio foi um tanto quanto descontrolado. Investiu muito dinheiro na produção de conteúdo de forma desenfreada, sem olhar muito para a qualidade e sem pensar que nenhum ser humano é capaz de ver tantas coisas de uma única vez.

Além disso, o serviço que contava com um preço competitivo ficou tão caro quanto um pacote básico de TV por assinatura (que, por sua vez, também foi para o streaming). E só piorou quando a dona Netflix decidiu acabar com a divisão de contas entre os assinantes.

No final das contas, a Netflix nunca deu lucro para os seus investidores, e agora precisa desesperadamente reequilibrar a balança financeira. E a inclusão de publicidade em um plano que oferece desvantagens substanciais passou bem longe de ser a melhor decisão que a plataforma poderia tomar.

No meio de tudo isso, temos a Amazon, com um Prime Video custando 1/3 do valor da Netflix.

 

O quanto a liderança no streaming custou para Jeff Bezos?

É importante lembrar que todo assinante do Amazon Prime é, automaticamente, um cliente do Prime Video. Logo, a relação custo-benefício para o usuário é algo excelente, pois vários serviços e benefícios estão agregados a uma única assinatura, como frete grátis nos produtos, jogos no Twitch e o Amazon Music com milhões de músicas.

Por outro lado, alguém precisa pagar a conta, pois não existe almoço grátis nessa história. E a Amazon teve que pagar um preço absurdo para alcançar essa liderança no streaming.

Um estudo recente publicado pela Bloomberg calculou que a Netflix estava investindo US$ 13.6 bilhões em produções originais, o que já é uma quantia maior do que os valores gastos no Disney+ e na Warner Bros. Discovery (e as duas plataformas também passam por problemas financeiros).

Já a Amazon gastou em média US$ 15 bilhões em produções originais, onde os principais culpados por essa exorbitância financeira são as produções O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, The Boys, Outer Range e A Roda do Tempo.

É muito dinheiro, minha gente. E a conta aqui também não está fechando.

 

Tempos de mudanças

Todo o segmento de streaming está se preparando para mudar a forma em como investe o seu dinheiro na produção de conteúdo para o futuro. A ideia é identificar o que os assinantes realmente querem assistir de forma específica, deixando de lado a ideia de queimar dinheiro na produção de conteúdos para todos os públicos.

Disney+ e Warner Bros. Discovery já deixaram claro que vão reduzir a produção de conteúdos originais, e estudam identificar o que realmente os seus respectivos públicos desejam ver. Além disso, a ideia de concentrar todos os seus conteúdo em suas plataformas começa a ser descartada, pois redistribuir produções para outros serviços ajudava a pingar uma grana que hoje não entra de forma alguma nas empresas.

A bolha do streaming está prestes a estourar, se é que já não explodiu. Ninguém consegue assistir a tanto conteúdo ao mesmo tempo, e as pessoas não estão aguentando pagar tão caro para assistir TV. E essas mudanças serão mais evidentes a partir de 2023.

Por fim, vale a pena destacar que, além da Netflix, o HBO Max foi um dos mais afetados pelo crescimento do Amazon Prime em número de assinantes. Não por acaso, a plataforma da Warner Bros. Discovery vai desaparecer para dar lugar a um novo serviço combinado com os conteúdos do Discovery+.

Se o Amazon Prime será a plataforma de streaming dominante no futuro? Não sei. Não me arrisco a afirmar isso. Porém, é esse o serviço que parece estar mais próximo da ideia de identificar o que o seu público realmente quer ver. Por outro lado, pagou um preço alto para alcançar o topo.

Resta saber se Jeff Bezos vai seguir investindo essa montanha de dinheiro em seu sonho de ter o serviço de streaming mais popular do mercado.

Como as demais plataformas vão reagir à nova conquista do império da Amazon?

2023 promete!


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@oEduardoMoreira