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Chamada oral e prova escrita é o suficiente para combater a “cola via ChatGPT”?

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A Inteligência Artificial (IA) está promovendo uma revolução nas salas de aula em todo o mundo, e é uma inegável ferramenta de aprendizado. Bom… quero dizer… mais ou menos isso…

O “boom” da IA trouxe consigo um mar de possibilidades e dilemas para os centros educacionais, que agora enfrentam um cenário complexo: como abraçar a tecnologia sem permitir que ela dê asas à trapaça estudantil?

Se a Inteligência Artificial pode ajudar na hora de estudar, é inegável que a tecnologia é uma faca de dois gumes, pois ela pode ser utilizada como uma desculpa para evitar o esforço genuíno. E para muitos educadores, a resposta para esse dilema reside em uma fórmula aparentemente antiquada: exames escritos e práticas orais.

 

O ChatGPT é MUITO utilizado por estudantes

Em julho de 2023, foi registrada uma queda de 10% no número de usuários do ChatGPT, de acordo com informações do Business Insider. Os especialistas apontam para um motivo bem simples: a temporada de férias escolares. E essa informação banal é mais importante do que você pode imaginar.

Se considerarmos que uma fatia significativa desses usuários é composta por estudantes, é fácil concluir que milhões de jovens estão recorrendo ao ChatGPT em busca de suporte para suas tarefas acadêmicas. E isso não seria tão perigoso assim se o uso da Inteligência Artificial de forma cega não fosse adotado como prática comum entre esses usuários.

As preocupações crescem quando se analisa o uso dessa inteligência artificial. A linha tênue entre assistência e trapaça está ficando cada vez mais tênue. Muitos estudantes estão adotando a IA não como uma aliada, mas como uma substituta, delegando a ela a tarefa de elaborar resumos, projetos escolares e até mesmo responder a perguntas de exames.

E esses estudantes não estão aprendendo absolutamente nada durante esse processo.

Desse modo, um embate se instaura nas salas de aula: como combater uma inteligência artificial que ganha vida nos espaços domésticos, longe dos olhos atentos das instituições educativas?

A implementação de software de detecção surge como uma possível solução, mas na prática não é assim que a banda toca. A IA está evoluindo rapidamente, tornando-se cada vez mais difícil de ser identificada por tais mecanismos.

E as ferramentas de IA que estão em funcionamento neste momento não foram preparadas para detectar a elas mesmas, o que pode resultar em esforços inúteis por parte dos educadores em tentar pegar os alunos trapaceando.

 

Vamos voltar ao passado que é melhor!(?)

Diante desse cenário, muitos educadores estão retornando a métodos tradicionais, buscando um terreno seguro.

Neste caso, a tendência é voltar aos exames escritos e aos testes orais, o que pode ajudar a resolver o problema, ou provar de uma vez por todas que os estudantes não estudam mais nada por causa do ChatGPT.

O professor Bill Hart-Davidson, decano da Universidade Estatal de Michigan, comenta que questionamentos simples, como “Explique o ciclo de Krebs em três frases”, não serão mais eficazes, pois a IA pode fornecer respostas perfeitas.

Professores como Christopher Bartel, da Universidade Estatal dos Apalaches, compartilham dessa visão. Ele destaca a importância de não apenas produzir texto, mas também de expressá-lo oralmente. Para ele, a resposta está em exames orais e trabalhos personalizados, uma abordagem que busca restaurar a autenticidade do processo educativo.

Sem falar que esses tipos de testes ajudam a testar a capacidade de contextualização do aluno, algo que também se perde quando todo o processo de respostas em provas ou desenvolvimento de trabalhos escolares fica por conta do ChatGPT.

No entanto, a resposta definitiva para a pergunta sobre como integrar a IA nas salas de aula permanece em aberto. À medida que os educadores exploram abordagens que resgatem a essência do aprendizado, surgem alternativas: desde a realização de atividades em sala de aula sob supervisão direta até o questionamento do envio de tarefas para casa.

E, ainda assim, os educadores e as instituições educacionais precisam se reinventar e encontrar alguma maneira de permitir o uso do ChatGPT e de outras inteligências artificiais no processo de aprendizado, pois isso é algo inevitável. Não dá para impedir os alunos de usar um chatbot para aprender mais rápido qualquer tipo de conteúdo.

Ao mesmo tempo, esse uso dos chatbots precisa ser supervisionado, inclusive para evitar que um aluno aprenda tudo errado pelo fato de uma IA ainda não entregar respostas perfeitas. Todo mundo sabe que o ChatGPT “mente” quando não tem todas as informações corretas, adicionando dados inventados para completar o contexto de algumas de suas respostas.

 

Não é tão simples quanto parece

No final das contas, temos uma espécie de “campo de batalha”, onde a Inteligência Artificial será desafiada a encontrar seu lugar autêntico na educação. Para as escolas, é preciso encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica com a integridade acadêmica, pois o professor não pode ser substituído por uma máquina, e o ChatGPT não será ignorado pelos alunos.

Ainda há tempo de encontrar um ponto de equilíbrio entre os dois lados da equação. E isso não quer dizer trocar todos os livros didáticos por tablets, ou instalar programas espiões nos smartphones de pais, professores e alunos.

Será que está muito cedo para falar sobre isso?


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@oEduardoMoreira