Em 1998, cerca de 150 pessoas trabalhavam na Pixar em Richmond na montagem de Toy Story 2. Porém, uma dessas 150 pessoas executou um rm -rf no seu computador, e esse comando resultou na perda de 90% da produção do filme.
Toy Story 2 arrecadou quase US$ 500 milhões, o que permitiu que a Pixar e a Disney seguissem apostando na franquia, com Toy Story 3 e o recém estreado Toy Story 4. Porém, não foi fácil fazer com que Toy Story 2 chegasse aos cinemas, pois um simples comando do Linux/Unix eliminou um arquivo que desencadeou uma série de ações que quase resultaram em uma enorme catástrofe.
A mais alucinante história da Pixar
Acidentes acontecem e são inevitáveis, mas existem formas de prevenir ou mitigar os danos que eles podem causar. E a Pixar não tomou os seus cuidados com Toy Story 2, que teve dez meses de produção para uma estreia prevista para novembro de 1999. Naquela época, o estúdio deu permissão root a todos os membros da produção, e foi feita apenas uma cópia de segurança do filme.
As duas atitudes são simplesmente inconcebíveis hoje.
Um diretor técnico estava procurando uma cena específica de Woody em Toy Story 2, e ao tentar visualizar a cena, o computador começou a dar erros, indicando que o diretório onde deveria estar a cena simplesmente não existia. O profissional apenas pensou que alguém mudou a cena de lugar, mas foi se dando conta que mais cenas também começaram a desaparecer.
Ao que parece, o que havia acontecido é que um membro daquela equipe deu um comando rm -rf, que serve para apagar arquivos e diretórios, com a permissão root e no mais alto nível. O problema é que, com esse cenário, em teoria, a ordem foi para eliminar todo o sistema compartilhado de arquivos do projeto Toy Story 2.
Diante do cenário de caos, o pânico bateu forte. Horas depois, o time decidiu restaurar a última cópia de segurança dos arquivos, e se depararam com próximo grande erro técnico cometido pela equipe de profissionais: faltava a maior parte do filme na cópia de segurança.
No começo da produção do filme, a equipe da Pixar subestimou até onde poderia chegar com o projeto, e pensou que 4 GB de espaço eram suficientes para a cópia de segurança. Hoje, isso é ridículo, mas em 1998 era muita coisa. Mas não o suficiente: Toy Story 2 já tinha mais de 10 GB de dados quando foi deletado por acidente, e a cópia de segurança começou a sobrescrever arquivos quando chegou ao limite de 4 GB.
Quem salvou Toy Story 2 foi Galyn Susman. Meses antes do desastre acontecer, a Pixar decidiu montar um equipamento de trabalho na casa dela para que a mesma pudesse trabalhar remotamente: um computador, ferramentas de animação e o material do filme. Susman então recebia periodicamente as atualizações de arquivos do filme.
Até os diretores da Pixar foram correndo para a casa de Susman para ver se ela ainda contava com os arquivos. Todo o seu material foi resgatado com cuidado, e aquele computador passou a valar ouro puro. Então, todos suspiraram aliviados quando constataram que o equipamento contava com os arquivos atualizados, e que eles só perderam o trabalho de duas semanas, e não dos últimos dez meses.
Mas o processo de recuperação ainda não havia acabado. Agora, faltava verificar todos os arquivos para restaurar para as versões corretas. Milhares de arquivos foram revisados um a um para selecionar a versão correta, em um trabalho que durou um final de semana inteiro, em turnos de 10 a 12 horas por dia.
No final das contas, Toy Story 2 foi recuperado, o filme estreou na data prevista, foi um sucesso… e o resto é história.
Via The Next Web