A tecnologia USB tornou-se padrão em dispositivos eletrônicos, mas sua adoção foi gradual, especialmente com o avanço do hardware no novo milênio. E algumas histórias envolvendo os primeiros anos do USB são simplesmente inacreditáveis.
No início, o sistema operacional Windows 98 enfrentou problemas de compatibilidade com o USB. O software não estava inicialmente preparado para essa tecnologia, levando a medidas complicadas para tornar a compatibilidade viável.
Para testar a compatibilidade do Windows 98 com USB, os desenvolvedores criaram um dispositivo peculiar chamado “carro USB da morte”. Este veículo continha mais de 60 dispositivos USB diferentes, conectados em cadeia.
Como isso aconteceu?
Raymond Chen, desenvolvedor da Microsoft, revelou detalhes sobre como o Windows 98 foi adaptado para suportar USB em uma entrevista publicada no YouTube. E não é de se estranhar a existência de uma solução como essa, pois muitas coisas naquela época eram muito rudimentares, mesmo na década de 1990.
O “carro USB da morte” serviu como plataforma de teste intensivo, conectando-se a computadores para verificar se o Windows 98 colapsaria ao lidar com todos os dispositivos USB simultaneamente. Isso era feito justamente para colocar o sistema operacional da Microsoft no seu limite, tentando cobrir todas as possibilidades de uso para um leque amplo de usuários.
O tal veículo continha 64 dispositivos USB, incluindo teclados, mouses, impressoras e outros periféricos. O objetivo era criar um ambiente que desafiasse o sistema operacional em todos os aspectos.
E quem usou o Windows 98 na época sabe muito bem em como essa versão do sistema operacional da Microsoft tinha enormes dificuldades em trabalhar com esses dispositivos. Era o verdadeiro inferno na Terra para os usuários.
Mas agora sabemos que não sofremos sozinhos no processo.
O terror para os desenvolvedores
O propósito do “carro USB da morte” era aterrorizar os desenvolvedores, especialmente os mais inexperientes, ao apresentar a capacidade de deslocar-se até os escritórios de trabalho. Nenhum desses profissionais gostaria de se deparar com esse monstro que a Microsoft criou.
De fato, o sistema operacional muitas vezes não conseguia lidar com a carga de 64 dispositivos USB simultaneamente, resultando frequentemente na famigerada “tela azul da morte”.
Chen brincou sobre o uso do carro para preparar PCs com a temida Tela Azul da Morte (BSOD), usando o laboratório de testes USB em forma de carro. Pode parecer inusitado, mas ao mesmo tempo era engenhoso.
Hoje, a conectividade USB é comum, mas na época, era um enorme problema. E ver que a Microsoft chegou a apelar para isso lá atrás é o sinal que a empresa entendia perfeitamente que o problema afetava os usuários em um sentido mais amplo.
Eu me lembro muito bem que, em inúmeras oportunidades, o meu computador com Windows 98 simplesmente travava com a simples conexão de um pendrive ou um MP3 player, e isso era algo inaceitável para uma tecnologia que se autoproclamava “de ponta”.
Só acho meio sacana o que a Microsoft fez. Empurrar a responsabilidade para os desenvolvedores é, de alguma forma, tentar se esquivar dos próprios problemas de programação promovidos pela gigante de Redmond.
Eu sei que periféricos são controlados por drivers criados por desenvolvedores. Mas tudo parte de um software base que, neste caso, era o sistema operacional da Microsoft.
Você entende o que eu quero dizer?