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Curtindo a Vida Adoidado (1986) | Cinema em Review

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É impressionante! Eu estou escrevendo para o SpinOff.com.br desde 2008 e, nesse tempo todo, eu já escrevi algumas vezes sobre o filme Curtindo a Vida Adoidado, mas eu nunca fiz um review sobre esse que é um dos filmes mais legais que os seus olhos vão ver na vida. Pois bem, como eu assisto ao longa pelo menos uma vez por ano, eu mais uma vez testemunhei o dia de folga de Ferris Bueller, e decidi escrever a minha opinião sobre tudo o que eu vi.

Para começar, a minha relação com o filme vem de longa data. Eu vi esse filme pela primeira vez na década de 1980 (1989, para ser mais preciso), e desde então eu assisto pelo menos uma vez por ano, porque é uma das histórias mais divertidas que você pode assistir. É o sonho de todo adolescente, e o pesadelo de todo pai/mãe/irmã ciumenta/diretor de escola.

 

 

Estamos diante da saga de Ferris Bueller, um jovem mega inteligente, que acha a escola um saco. Por isso, de tempos em tempos, ele se permite em aproveitar a vida. Afinal de contas (palavras de Ferris), “a vida passa rápido demais, e se você não viver um pouco, a vida passa e você nem vê”.

Ferris acredita nisso com tanta convicção, que decide colocar o seu melhor amigo Cameron e sua namorada Sloane na sua aventura que dura um dia. Mas é um dia intenso, cheio de altos e baixos, e com tudo previamente elaborado por nosso protagonista, com o claro objetivo de aproveitar aquele dia como se fosse o último. Sim, poderia ser o último dia que os três poderiam estar juntos.

 

 

Para os seus planos funcionarem, Ferris tinha que estar pelo menos um passo à frente de seus pais, sua irma e, principalmente o temido diretor Edward Rooney. O filme mostra um fascinante cenário de gato e rato, onde a batalha mental entre Ferris e Rooney dá a tônica geral de um filme que tem um final alucinante e surpreendente.

Curtindo a Vida Adoidado é, talvez, o símbolo máximo da Sessão da Tarde, que deve chegar ao fim na Rede Globo em 2019. Mas é o tipo de filme que pode ser visto em qualquer horário, em qualquer dia da semana, e em qualquer momento da sua vida. Sua história não ficou datada, pois até mesmo os temas mais sérios que são abordados em 102 minutos de filme são válidos para o nosso tempo.

Por exemplo, a relação conflituosa entre Cameron e os seus pais. As bases de uma relação destruída entre todos os lados são muito claros, e alguns elementos desse distanciamento estão materializados. Aliás, tanto Cameron quanto Ferris, que são completamente opostos nas suas personalidades, oferecem várias camadas que são muito interessantes para aqueles que estão com um olhar mais atento para as mensagens que o filme passa.

É interessante em como a nossa perspectiva sobre o filme vai mudando conforme vamos amadurecendo.

 

 

Quando eu era mais novo, o que mais me interessava no filme era toda a zoeira estabelecida, e a forma em como Ferris Bueller engana todo mundo e se dá bem. Obviamente, isso é o que mais atrai aos mais jovens para um filme como esse. Porém, quando ficamos mais velhos, identificamos as tais camadas de personalidade dos envolvidos, e olhamos para os aspectos mais sérios do longa, e os recados ficam mais claros.

É óbvio que cada minuto de Curtindo a Vida Adoidado é pautado na ideia de viver intensamente o hoje, o aqui e agora. Mas em determinados momentos, os jovens falam sobre futuro, casamento, a relação conflituosa com os pais e como isso afeta o emocional deles, entre outros. Você não vai identificar aqui a mesma força de exposição desses temas como vimos em O Clube dos Cinco, mas a ideia geral está lá, mesmo que subliminarmente disfarçada entre uma casual conversa na Bolsa de Valores ou durante um banho de piscina.

Curtindo a Vida Adoidado é um filme de diálogos excelentes, que ajudam a manter o ritmo da história em um nível que não traz o cansaço e a obviedade. Além disso, o seu ótimo elenco ajuda e muito no desenvolvimento de uma trama inteligentemente bem construída, e tudo funciona como um relógio.

 

 

Este é o filme que eu guardo no coração. É o filme que eu vou trazer comigo até o fim da vida. Para algumas pessoas (eu, inclusive) é o filme que pode moldar o caráter de uma pessoa, especialmente quando esta pessoa ainda está definindo como vai ser e como vai viver a sua vida. E eu sei que apenas na vida adulta é que precisamos reforçar em nós a principal lição deixada por Ferris Bueller. Mesmo assim, nunca é tarde.

Dizer “muito obrigado” para John Hughes por olhar para o jovem e entender os anseios e sonhos de toda uma geração é pouco. É gratidão eterna por oferecer um megafone para os jovens. E fez tanto barulho, que transformou esse filme em um ícone da cultura pop. Um marco na história do cinema. Um presente para que o jovem perceba que ser revolucionário e diferente é legal. Não muda o mundo, mas ao menos vive mais feliz.

Filme mais do que recomendado.

 

 


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@oEduardoMoreira