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Devolver US$ 250 mil pagos por engano pelo Google pode ser uma missão hercúlia

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O que você faria se, do nada, caísse na sua conta um pagamento no valor de US$ 250 mil realizado pela empresa Google Llc Edi  Pymnts?

Isso mesmo, amigo leitor: um belo dia, você estava lá, coçando o saco e olhando para o teto para melhor trabalhar os seus pensamentos, e cai na sua conta uma bela grana do Google. Sem qualquer tipo de aviso prévio.

O que fazer?

Eu não sei o que faria. Você deve ter ideias melhores do que eu. Mas Sam Curry, engenheiro de segurança, teve que enfrentar uma verdadeira batalha por causa desse dinheiro, E agora, você conhece essa história em detalhes neste blog.

 

Primeiro, é preciso entender a situação de Curry nessa história

Curry é um cara que, nas horas vagas, atua como uma espécie de “caça recompensas” de bugs informáticos. E essa atividade é totalmente legal e muito comum em algumas empresas.

Na prática, ele é um profissional de segurança cibernética que recebe dinheiro de algumas empresas para encontrar vulnerabilidades em sistemas informáticos. E como ele é jovem e tem toda a vida pela frente, investir os seus conhecimentos nessa “nobre missão” com viés capitalista é algo que pode ajudar naquele pagamento da cara universidade de tecnologia que ele deseja fazer, ou na compra do PlayStation 5 que todo mundo merece ter.

Mas neste caso, o nosso protagonista Curry não tem qualquer tipo de vínculo profissional com o Google, de modo que ele não faz a menor ideia sobre como esse dinheiro foi parar na sua conta bancária. E o que poderia ser considerado um bilhete premiado ou cheque em branco para qualquer brasileiro médio se tornaria uma enorme dor de cabeça para o nosso protagonista.

E o motivo é bem simples: imposto de renda. Como explicar que esse dinheiro simplesmente caiu do céu.

Então, nosso amigo cujo sobrenome é o mesmo do atual recordista de cestas de 3 da NBA decidiu fazer o que qualquer pessoa sensata faria: procurou devolver o dinheiro de forma imediata.

Porém, ele não poderia imaginar que essa missão seria uma das mais difíceis e complexas de sua vida.

 

Quando você quer devolver o dinheiro, mas não pode

Sam Curry assumiu de forma imediata que tudo isso que estava acontecendo foi um erro. Ele estava convencido que alguém dentro do Google esbarrou em algum dígito errado na hora de liberar o pagamento, e isso resultou em US$ 250 mil a mais em sua conta bancária.

Então, nosso herói (sim, pois a essa altura do campeonato, sua honestidade em devolver um dinheiro que nunca foi dele pode ser visto como um ato heroico por muita gente) decidiu entrar em contato com o Google pelas mais diferentes vias possíveis e imagináveis, com um único objetivo: devolver esse dinheiro.

Porém, suas tentativas não deram muito certo. Os dias passavam, e o dinheiro permanecia na conta de Curry. Intacta. Quem sabe até gerando juros sobre o tempo que estava depositado. E, acredite: se isso estivesse acontecendo, não seria uma boa notícia.

Se Sam Curry continuasse com esse dinheiro armazenado em sua conta bancária por mais tempo, ele seria obrigado a mover a grana para outra conta. Ou começar a pagar os impostos correspondentes ao valor que estava lá parado sorrindo para ele.

Como um ato desesperado, Sam decidiu compartilhar com o mundo o seu problema. E fez isso no Tribunal de Pequenas Causas Online mais famoso do planeta: o Twitter. Ele confessou que já estava com aquele dinheiro por mais de três semanas e, mesmo assim, o suporte do Google estava dando um perdido nele.

O mais divertido de tudo isso é que Sam começou a usar do deboche e do sarcasmo para isso, mandando um “tá bom… se você não quer esse dinheiro de volta…”, dando a entender que iria começar a gastar a grana disponível na conta, algo que bem sabemos que não era exatamente o que ele queria fazer…

…mas já estava se vendo obrigado a gastar o dinheiro. Para o seu próprio bem.

 

O manifesto no Twitter deu certo?

Curry recebeu centenas de respostas com sugestões sobre o que ele poderia fazer com um dinheiro que, até o momento, o Google não estava dando a menor importância. Muitas pessoas indicavam que ele deveria mesmo gastar o dinheiro, uma vez que o suporte de Mountain View não dá qualquer tipo de retorno para ele.

Mas o nosso amigo engenheiro queria fazer a coisa certa: devolver um dinheiro que não lhe pertencia, mesmo que isso lhe tirasse o sono e rendesse enormes dores de cabeça por conta do descaso e da indiferença do Google. Ele estava certo nessa iniciativa, pois se ele não fizesse isso agora, teria que fazer mais adiante e, muito provavelmente, por meios muito piores e com possíveis problemas legais.

Então, o Google finalmente decidiu dar alguma atenção para o Curry. Um dos seus porta-vozes emitiu um comunicado deixando claro que a empresa iria recuperar o seu dinheiro, confirmando que o pagamento aconteceu de forma equivocada por conta de um erro humano (minha teoria do estagiário digitando errado é real), e agradeceu que a pessoa que recebeu o dinheiro de forma equivocada avisou sobre o incidente rapidamente.

O único problema aqui foi o próprio Google ter demorado tanto para dar um retorno. Precisou uma insinuação nas redes sociais sobre um possível uso indiscriminado do dinheiro para que a gigante de Mountain View desse a devida atenção para a situação.

No final, tudo deve ter terminado bem, e nosso amigo Curry muito provavelmente voltou a ficar US$ 250 mil mais pobre. De novo: essa é a coisa certa a fazer, por mais que seja tentador ficar com o dinheiro alheio por conta de um erro humano. Principalmente um erro de alguém que trabalha em uma gigante da tecnologia no Google.

É importante deixar claro antes de terminar este artigo que este não foi o único incidente de pagamentos equivocados em plataformas digitais que aconteceu recentemente. Já contei aqui no blog sobre o caso da Crypto.com, que transferiu de forma equivocada US$ 7 milhões no lugar do pedido de resgate de apenas US$ 70 realizado por uma mulher australiana.

Mas neste caso, a nossa amiga quis dar uma de esperta: no lugar de devolver o dinheiro (algo que, de novo, qualquer pessoa decente deve fazer), decidiu gastar tudo. Resultado: foi processada, e agora se vê obrigada a devolver bens que comprou com uma grana que não era (e nunca foi) dela.


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@oEduardoMoreira