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Ego, o pequeno argentino que mora dentro da cabeça de todos nós

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Isso mesmo, brasileiro médio que torce pelo Brasil com a camiseta da Seleção Brasileira no meio da rua numa tarde de domingo. Todos nós temos alguns hóspedes dentro da nossa cabeça, e um deles está representado por um pequeno e irritante argentino, o Ego.

Dizem que ele se parece com o Maradona, e eu tendo a acreditar nessa representação gráfica por motivos óbvios. Mas isso não importa. O que importa é que o Ego, o pequeno e irritante argentino, pode causar estragos na personalidade do indivíduo. Assim como Maradona causava estragos nas defesas adversárias (jamais esquecerei 1986, Argentina vs Inglaterra…).

O Ego é um cara que fica gritando alto dentro da cabeça da pessoa. Grita alto e de forma convincente. Ele fica lá, gritando: “você é foda, você é melhor que os outros, você já sabe tudo, não tem mais nada para aprender, você é tão foda que o Batman preparado perde para você (porque você na hora certa vai dizer o nome “Martha”… entendedores entenderão essa infeliz referência cinematográfica), você é tão foda que é dono da porra toda”, e outras frases “motivacionais”.

O Ego, esse pequeno argentino, é uma espécie de coach do absurdo. Como se coach já não fosse uma coisa absurda.

Todo mundo tem o Ego na sua cabeça. Eu, inclusive. Faz parte da personalidade humana. E a gente tem que lidar com o pequeno Ego.

Porque, assim como o Maradona, o Ego inflado traz muitos problemas para você e para todos que estão ao seu redor.

Por exemplo…

Pessoas com o Ego inflado se esquecem de fazer contas (ou melhor, de apresentá-las de forma clara e correta). Sim, eu entendo. O Ego grita tão alto, que fica difícil raciocinar na hora de calcular números.

Um Ego inflado resulta em chantagem emocional. “Ou ele, ou eu!”. Beleza. Pode ir embora. Não vou sentir sua falta. Meu Ego é devidamente educado para conviver com pessoas com as quais eu não suporto. Não tenho culpa se você não deu educação para o seu Ego não tolerar o meu Ego. Ou talvez você não recebeu educação para isso.

Egos inflados por muito tempo fazem com que algumas pessoas acreditem que mandam em tudo ou em todos. E olha, que eu nem estou falando de Brasília dessa vez. Para mim, tempo demais em um lugar pode também representar uma maior responsabilidade pelas coisas que dão erradas naquele lugar. É só pensar.

Egos inflados pensam demais no “ser” do que no “estar”. Nós ESTAMOS aqui, temporariamente. Tudo nessa vida tem ciclos. Nada será eterno. De novo: se sentir popular porque tem vários amigos nas redes sociais é a mesma coisa que ser rico no Banco Imobiliário. Logo, se sentir ou “se achar” quando o castelo tem areia movediça como solo é, na verdade, se perder.

Mesmo porque, debaixo da areia, o GPS não funciona.

E é evidente que Egos inflados podem atrapalhar o progresso do coletivo. Quando agimos de acordo com os nossos interesses e individualidades, motivados por sentimentos depreciativos em relação a outro indivíduo, a tendência é que o coletivo acabe se prejudicando com as suas decisões. De novo: problema de Ego inflado. Igualzinho o Maradona, que decidiu engordar de forma descontrolada, virou uma bola que fala, e a Argentina (graças ao bom Deus) nunca mais ganhou nada no futebol (para a nossa alegria).

Mas… tem um detalhe.

Um Ego inflado também é um Ego frágil, pois qualquer cutucão mais forte pode ferir esse Ego de forma (quase) definitiva.

Deve ser uma derrota para qualquer pessoa constatar que Pabllo Vittar tem uma personalidade mais forte que o seu Ego. Sim, pois qualquer reação em reação às atitudes motivadas pelo Ego viram desculpa para que aquela pessoa não faça a coisa certa, não abrace novas iniciativas, e tome atitudes estúpidas que não motivam o caminhar do coletivo para frente.

O pior é que nessas horas vem o Ego gritando para a pessoa “vai embora, porque você não suporta aquela pessoa… e as demais vão atrás de você, por solidariedade”.

Será?

O Ego é quase um tio do pavê que não podemos ignorar nas festas de final de ano. Agora, imagina esse tio do pavê com voz de decisão e veto.

Nem preciso imaginar. Brasil, 2019.

Senhoras, senhores, crianças, idosos (principalmente) e militantes políticos (em boa parte), tentem ouvir menos os próprios Egos e ouçam mais o som que vem do coração e da boca do próximo. Eu posso falar sobre isso com propriedade, porque eu tento dominar o meu Ego para seguir avançando na vida: deixo meu Ego de castigo sem smartphone e videogame, tento tirar o megafone dele, e converso mais com o meu coração para tomar decisões mais humanizadas e voltadas para o coletivo.

Este é o tipo de texto que vai atingir o Ego de algumas pessoas. Vai atingir o meu também, pois nesse exato momento eu estou ouvindo o meu Ego gritando: “vai lá e xinga todo mundo que sacaneou você… dá porrada nas pessoas que não aceitam o seu ponto de vista…”.

Eu tive que colocar tampões de ouvido no meu cérebro para colocar um pouco de humor nesse texto. Porque, se tem uma coisa que 2019 me deixa como lição, de forma definitiva… é que rir é o melhor remédio. Só com humor eu posso responder as pessoas com Egos inflados e fracos. Só rindo (e muito) para perceber as práticas, entender as mecânicas e trabalhar da melhor forma com tudo isso.

Manter o meu Ego devidamente disciplinado é o que vai me dar saúde mental e várias piadas a compartilhar.

E olha, que eu sou um cara que aprendeu a gostar de argentino (exceto é claro no futebol, onde eu quero mais é que eles se lasquem).

Então, abrace essa campanha: o Ego é apenas um balão que precisa ser estourado de tempos em tempos. E vamos dar risada dos Egos que fazem barulho de pum quando estão desinflando.

A vida é muito mais feliz dessa forma.

PAZ!


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@oEduardoMoreira