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F1 2024 | GP da Arábia Saudita | por que tão chato?

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Eu levei mais de 24 horas para escrever alguma coisa sobre o enfadonho GP da Arábia Saudita de F1 de 2024, e acredito que vou perder parte do meu tempo útil escrevendo sobre algo que saiu do nada e foi para lugar nenhum, com exceção de eventos pontuais.

Falar sobre a corrida é o mesmo que tentar extrair leite de pedra. Muito pouco aconteceu para justificar um registro ou nota dos eventos no circuito de Jeddah. E comentar mais uma vitória do Max Verstappen é um “mais do mesmo” que quero evitar.

Logo, vou aproveitar este espaço para “discutir a relação” com as corridas insuportáveis da Fórmula 1, e até mesmo desmistificar a ideia de que tudo isso está acontecendo única e exclusivamente por causa da Red Bull.

 

O problema passa longe de ser apenas a Red Bull

Uma coisa se tornou fato consumado: a dominância da Red Bull nunca foi vista na história da Fórmula 1, e os números deixam isso bem claro.

Nas últimas 45 corridas da categoria, a Red Bull venceu nada menos que 40. Quatro vitórias da Ferrari e aquela vitória do Russell na Mercedes quebram essa sequência. Do mais, ou Perez e, principalmente, ou Verstappen chegaram na frente no final das corridas.

Tem gente que já decorou a sequência de notas dos hinos da Holanda e da Áustria, e isso não é necessariamente ruim. Eu aprendi a gostar das duas melodias, e está tudo certo.

Eu sei que ver Max Verstappen vencendo todas as corridas é algo absurdamente irritante. Entendo perfeitamente quem está reclamando desse domínio. Mas… parece que essa galera se esqueceu que, historicamente, a Fórmula 1 sempre teve uma equipe que solapou as demais.

E 2021 foi uma exceção histórica gigantesca.

Entre 2015 e 2020, a Mercedes dominou por completo a categoria. Entre 2010 e 2014, a Red Bull com Sebastian Vettel fez o que quis dos campeonatos (principalmente na segunda metade da temporada). Em 2009, a Brawn GP foi a Cinderela que apareceu como exceção. Mas nos anos 2000, a Ferrari tomou a categoria de assalto.

Nos anos 90, a Williams fez carros fantásticos. Nos anos 80, a McLaren tomou para si a era Turbo e fez o carro (quase) perfeito de 1988.

Ou seja… sempre foi assim. E digo mais: sempre foi o carro, pois Max Verstappen não é um Super Sayajin nível 3.

Então… o problema passa longe de ser apenas a Red Bull, pois ela é a força dominante do momento. O problema também está na concorrência, e até mesmo na FIA, que até tentou acabar com esse domínio da equipe dos energéticos.

Na verdade, a FIA tem culpa no cartório, mas vou falar sobre isso mais adiante.

A concorrência não interpretou o regulamento tão bem quanto Adrian Newey. E as demais equipes precisam correr atrás da Red Bull para tentar fazer alguma coisa para mudar o cenário geral. A Fórmula 1 sempre foi assim, e não é aceitável que isso mude apenas porque as demais estão para trás.

E quando olhamos para uma corrida enfadonha como o GP da Arábia Saudita, com poucas ultrapassagens e disputas e apenas a estreia de Oliver Bearman na Ferrari como grande atração da corrida, é sinal de que o grande problema não está apenas na Red Bull dominante.

Está no todo.

 

A FIA tem culpa no cartório

A “fantástica” Federação Internacional de Automobilismo mudou o regulamento de 2021 faltando três meses para o início da temporada, e a mudança beneficiou a Red Bull. E o novo pacote técnico, com o chamado “efeito solo”, ampliou a vantagem estabelecida com essa mudança.

Logo, a dona FIA, que agora tenta barrar a equipe de Max Verstappen de alguma forma, é também responsável pelo cenário geral, que só vai mudar quando chegarem as novas regras em 2026.

Ou se o Adrian Newey for preso. Ou se o Max Verstappen tiver um infarto. Ou se, sei lá… a Red Bull como conhecemos for desmontada porque Christian Horner foi acusado de assédio.

Muito cedo para fazer piada sobre isso?

De qualquer forma, o novo regulamento ou a hecatombe na equipe dominante são as duas últimas esperanças para que algo mude nesse sentido. Até lá, vamos ter que esperar que o tempo passe, ou que algum milagre aconteça nas outras equipes.

E eu não acredito em milagres.

 

Como assistir a Fórmula 1 daqui para frente?

Sei que a forma em como estou assistindo as corridas de Fórmula 1 desde 2022 é até antiética para aquelas pessoas que gostam da competitividade e acreditam na alternância na liderança das corridas. E quando quero ver isso, vou assistir a NASCAR.

Mas uma alternativa plausível para quem deseja seguir acompanhando a categoria máxima do automobilismo sem morrer de tédio é fingir que Max Verstappen simplesmente não existe e acompanhar as disputas que acontecem em todo o restante do grid.

É bem interessante ver como Ferrari, McLaren, Mercedes e Aston Martin estão disputando para descobrir quem é a melhor do resto. Pode ser minimamente atraente ver qual será a próxima trapalhada do Logan Sargeant, ou se a Haas será mesmo uma equipe melhor sem o nosso querido Guenther Steiner.

Ou até mesmo ver como que a Alpine está se esforçando enlouquecidamente para NÃO ser uma equipe de Fórmula 1. Só não olha muito para a Kick Sauber, pois você pode ficar cego, pois esse carro é tão feio que chega a doer.

Assistir às corridas de Fórmula 1 pensando que outra pessoa que não responde pelo nome Max Verstappen pode vencer uma corrida não apenas é um erro grosseiro. É uma ilusão de quem daqui a pouco vai consumir drogas para fugir da realidade dos fatos.

Tá, eu sei que eventualmente pode acontecer do Verstappen dormir de tanto tédio atrás do volante e bater em alguma curva de Mônaco. Mas só assim para outro piloto vencer “em condições normais de temperatura e pressão”.

Então… é isso. Quase 1.000 palavras para não falar de um GP da Arábia Saudita. E o pouco que valeu a pena se resumiu ao estreante na Ferrari de 18 anos que marcou pontos vindo da Fórmula 2 no dia anterior.

E é isso.


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