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Oscar 2024 | já valeu a pena só por terminar mais cedo

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O Oscar 2024 já foi melhor que o do ano passado em um quesito: permitir que eu tenha algumas horas de sono a mais.

Como a premiação começou 55 minutos mais cedo (pois atrasou em cinco minutos por causa de um manifesto que paralisou o trânsito na região do Dolby Theatre), eu consegui gravar o vídeo com a minha opinião sobre a premiação às 23h30 (Brasília), o que é excelente para quem produz conteúdo para a internet.

Sim… foi uma premiação previsível nos vencedores das principais categorias. Mas foi menos cansativo do que eu esperava, e só por isso o Oscar 2024 já tem crédito comigo.

 

Que seja sempre assim

O pessoal do roteiro do Oscar 2024 mandou bem.

Não erraram no tom das piadas, deixaram a premiação minimamente dinâmica e trouxeram presenças bem interessantes no palco… e o Al Pacino. Mas do eterno “Perfume de Mulher” eu falo daqui a pouco.

Não teve momentos em que tive vontade de dormir de tanto tédio. Pelo contrário: o fato de alguns vencedores serem uma certa surpresa para mim em alguns casos fez com que eu mantivesse a minha atenção na premiação.

Como foi o caso de “O Menino e a Garça”, que venceu como Melhor Longa de Animação. Eu jurava que “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” venceria nesta categoria, mas felizmente os votantes da Academia aceitaram a minha sugestão, e deram o prêmio máximo para Hayao Miyazaki, já que essa pode ser a última chance dele vencer uma estatueta.

Outro ponto alto da noite foi a homenagem aos povos originários em função do filme “Assassino da Lua das Flores”, que foi um dos grandes esnobados da noite, mas que reconheceu de forma justa em Lily Gladstone a grande estrela dessa história.

Sei que muitas mulheres ficaram esperançosas em ver John Cena “ao natural”, mas não rolou. Ao menos conseguimos ver mais uma vez o ótimo timing para comédia que o ex-lutador do WWE tem (e que agrada naturalmente).

Mas um dos melhores momentos dessa premiação foi a incrível performance de Ryan Gosling para “I Just Ken”, como indicado à Melhor Canção Original por “Barbie”. Só pela cretinice dele no palco ele merecia o prêmio.

Porém, Billie Eilish entrou para a história do Oscar por ser a mais jovem pessoa a vencer dois Oscars, aos 24 anos. E sua canção aparece em um momento emblemático de “Barbie”. Logo, o prêmio foi mais do que merecido.

 

E a previsibilidade?

É claro que ela se fez presente. E está tudo certo.

O Oscar 2024 foi mais do que previsível em seus vencedores nas principias categorias de atuação e direção, além do Melhor Filme Internacional, já que “Zona de Interesse” se tornou um dos meus filmes preferidos, apesar de todos os gatilhos que ele me gerou.

“Oppenheimer” foi o grande vencedor do Oscar 2024, com sete prêmios, seguido por “Pobres Criaturas”, com quatro estatuetas. E todos os prêmios de atuação foram os mesmos da grande maioria das premiações.

Ou seja, quem assistiu aos filmes e aos outros eventos de premiação sabia com dois meses de antecedência quem venceria esses Oscars. E todos mereceram, sem muitas dúvidas.

Eu confesso que tenho uma certa “preguiça” do Christopher Nolan, mas não nego que ele é um dos melhores diretores de sua geração. E as vitórias com “Oppenheimer” o posiciona como um dos melhores diretores de todos os tempos.

Mesmo assim, o Oscar 2024 se salvou em vários momentos e, em alguns casos, criou expectativas de que poderia surpreender nas escolhas, principalmente com os três prêmios técnicos para “Pobres Criaturas” na sequência.

Mas a grande surpresa no final não foi na lista de vencedores.

Foi na ausência de anúncio de uma dessas listas.

 

Sobre o Al Pacino…

Não… eu não me esqueci dele.

Al Pacino é um homem preso em seu personagem em “Perfume de Mulher” pelo resto da vida. O que é uma pobreza de espírito para alguém que foi monstruoso em “O Poderoso Chefão – Parte II” e “Scarface”.

Chamar ele para anunciar o Melhor Filme do Ano era uma jogada de muito risco. Faz tempo que Al Pacino está fora de caixa, se comportando como aquele tio bêbado com mais de 80 anos (ele tem 83) que saiu da piada do pavê para quase beirar ao assediador da sobrinha neta.

Visivelmente sob o efeito de alguma substância que eu não quero saber o que era, Al Pacino ignorou completamente o protocolo de apresentação dos indicados na categoria de Melhor Filme, e simplesmente anunciou “Oppenheimer” como vencedor, como se quisesse se livrar logo daquilo tudo para voltar a beber.

Bem feito para quem chamou o cara. Deveria ter calculado os riscos diante de evento de tal porte.

E a gafe de Al Pacino foi o equivalente ao “envelope trocado” do ano de La La Land (ou melhor, Moonlight), e a tradição do Jimmy Kimmel em ter um final de Oscar anormal continua.

 

Por fim…

O Oscar 2024 passou de ano.

Foi divertido em vários momentos, não fez com que eu quisesse escrever outros artigos durante a premiação e, o mais importante de tudo, terminou bem mais cedo que o normal.

Insisto que poder ter pelo menos cinco horas de sono garantidas depois da premiação é o principal motivo para avaliar esse Oscar 2024 como um evento que passou de ano com certa folga.

Se eu estivesse escrevendo este artigo depois das 2h da manhã, eu estaria muito mais irritado. E não estou. Pelo contrário: meu humor está nas alturas, pois vou dormir mais cedo.

E isso é o que realmente importa.


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