Os influenciadores digitais também estão sob ameaça das inteligências artificiais generativas. E temos neste artigo mais uma prova desse processo, com a iniciativa da agência espanhola The Clueless (seria essa uma referência ao filme “As Patricinhas de Beverly Hills”?).
Em 2021, a primeira versão da DALL·E, IA especializada em criar imagens ultrarrealistas, mostrou todo o seu potencial para recriar a forma em como enxergamos tudo. Apenas dois anos depois, tanto o gerador de imagens da OpenAI quanto outros desenvolvidos por diferentes empresas deram um salto neste aspecto.
Agora, é possível gerar imagens fotorrealistas que beiram a perfeição e são praticamente indistinguíveis da realidade. Como é o caso da Aitana López, uma digital influencer muito popular no Instagram… que é fruto de uma inteligência artificial.
Motivos para investir em influenciadores criados por IA
Empresas em todo o mundo identificaram na tecnologia uma oportunidade de negócio. Uma delas é a The Clueless, com sede em Barcelona que se autodenomina como “uma agência de modelos de IA”, representando várias personalidades virtuais. A motivação por trás dessa abordagem é clara: reduzir custos para os clientes.
A capacidade de utilizar modelos de IA foi originalmente concebida para atender às necessidades de marcas e empresas com orçamentos limitados, tornando mais acessível a criação de ações publicitárias. Pensando nisso, a The Clueless criou uma coleção de modelos via IA que abrange um amplo espectro de identidades, culturas e histórias. Cada modelo virtual é único, refletindo sua própria personalidade.
Aitana López, uma das personalidades virtuais mais notáveis representadas pela The Clueless, é um exemplo dessa abordagem.
Amante de gaming, fitness e cosplay, Aitana encanta o público com sua “autenticidade” gerada por IA. A criação de uma personalidade virtual exige um meticuloso trabalho, que envolve muitos prompts e vários detalhes inseridos nos comandos.
Como foi o processo de criação de Aitana
Para criar essas personalidades, a equipe da The Clueless realizou estudos de mercado e levou em consideração uma ampla variedade de parâmetros, incluindo estereótipos de imagem e tendências culturais e sociais. O resultado é uma coleção diversificada de modelos de IA, cada um com seu próprio apelo e a capacidade de ressoar com públicos diversos.
O realismo de Aitana e outras personalidades virtuais se traduz em interações significativas nas redes sociais. Muitos internautas parecem ignorar que estão interagindo com um produto de marketing.
Diana Nuñez, cofundadora da The Clueless, ressalta que a transparência é um princípio fundamental de sua empresa: “Está no perfil de cada influenciadora. Não o ocultamos em nenhum momento, não enganamos ninguém.”
Está funcionando?
Por enquanto, não. Ainda não.
A empresa ainda está trabalhando na recuperação de seu investimento inicial, mas já está explorando pequenas colaborações. O objetivo é conquistar a confiança das marcas e empresas nesse novo modelo de modelo virtual.
Essa é uma tendência que está apenas começando a florescer e tem o potencial de transformar a indústria da publicidade em larga escala. A modelagem de personalidades virtuais por meio de IA está rapidamente se tornando uma oportunidade lucrativa para empresas de publicidade e marketing, e colocando em sério risco os chamados influenciadores digitais reais.
Os modelos virtuais estão mais realistas e eficientes nas interações com o público, e isso cria novas perspectivas para a indústria como um todo. O público nas redes sociais está aceitando esses influenciadores criados por IA, o que mostra que essa abordagem é menos absurda do que parece em um primeiro momento.
Por isso, os produtores de conteúdo terão que apresentar um maior potencial de singularidade e originalidade para se manterem em evidência. Com o avançar da tecnologia, esses profissionais podem sim ser substituídos por imagens geradas por uma inteligência artificial, que será muito mais competente para conversar com o público que as marcas querem alcançar.
E é por isso que o Felipe Neto, a Boca Rosa e outros “digitais inflencers” podem declarar falência daqui a 10 anos.