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Fim do exibicionismo online

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Se você usa a internet como a principal plataforma de exposição de sua imagem (seja pelo alpinismo social ou apenas porque gosta que todos saibam o que você fez e como foi o resultado de sua última harmonização facial), é melhor pensar umas dez vezes a partir de agora.

O mundo é cíclico, as modas são passageiras e o comportamento humano muda de tempos em tempos. E, neste caso, está mudando para melhor (na minha modesta opinião).

Muitos entendem que o exibicionismo online está acabando, o que é uma ótima notícia para a maioria das pessoas que não contam com o mesmo número de seguidores do Cristiano Ronaldo no Instagram, ou que não são uma supermodelo para apresentar a sua beleza ao mundo.

E uma nova era de compartilhamento privado de nossas vidas começou. E todos nós temos muito a ganhar com isso.

 

Fim da era do compartilhamento de conteúdos para todo mundo ver

Em um passado não muito distante, as pessoas não se preocupavam em estabelecer filtros para determinar quais eram as pessoas que poderiam acessar os seus conteúdos nas redes sociais, o que poderia resultar em problemas diversos para a imagem do indivíduo.

Não foram poucas as vezes que testemunhei alguns amigos e colegas de trabalho em fotos constrangedoras, o que poderia trazer danos práticos para as suas respectivas imagens a médio e longo prazos.

Vou ser prático: o seu futuro chefe para um cargo executivo em uma grande empresa multinacional não vai ficar feliz quando decidir dar uma olhada para o seu feed no Instagram e detectar aquela foto onde você aparece todo vomitado no banheiro do show “Cabaré” com Leonardo.

E sua futura esposa vai odiar saber que você apareceu em outra foto completamente bêbado enfiando a língua na garganta de uma das melhores amigas dela (e você não contou isso para ela antes porque achou conveniente… ou entendeu que ela jamais iria vasculhar o seu Facebook).

Esse é o tipo de exposição que sempre foi considerada desnecessária, mas que apenas agora o grande grupo de usuários deixa claro que está se importando. Caso contrário, a grande maioria das principais redes sociais do mercado não criariam ferramentas e soluções que oferecem ao usuário a possibilidade de compartilhar determinados conteúdos com um número restrito de pessoas.

Algumas redes sociais já entregavam essas soluções a algum tempo. Eu mesmo sempre mantive o meu Facebook restrito para aquelas pessoas que estavam registradas como meus amigos na rede social, porque acho muito expositivo ter uma conta onde qualquer pessoa pode ver o que estou publicando.

E isso, porque eu trabalho com internet e, em teoria, preciso que o maior número de pessoas possível tenha acesso ao meu conteúdo. Na prática, encarei as minhas contas do Facebook como meios de comunicação para contatos pessoais e profissionais. E, ainda assim, eu meio que abandonei a plataforma de Mark Zuckerberg porque ela estava simplesmente “me cansando”.

 

Estamos na era dos círculos de confiança e mensagens privadas

Quando Instagram e Twitter criam recursos para que as pessoas possam compartilhar os seus conteúdos apenas para os seus melhores amigos, familiares ou grupos de pessoas selecionadas, isso não pode ser uma obra do mero acaso.

Isso está acontecendo por um motivo muito claro: a grande massa de usuários mudou aspectos de comportamento, foco e objetivo de uso nas redes sociais, e quer manter essas comunicações mais restritas com as pessoas que realmente importam em suas vidas.

A superexposição que as redes sociais ofereceram nos últimos anos resultou em efeitos extremamente prejudiciais para a sociedade como um todo, tais como a objetivação da estética, os assassinatos de reputação, a crítica gratuita, a individualização, o stalker, o complexo de perseguição e a queda de autoestima em muitas pessoas que não conseguiam acompanhar o estilo de vida imposto pelas pessoas mais populares dentro dessas plataformas.

E só estou citando alguns dos aspectos que não são tão positivos assim nas redes sociais.

Por outro lado, é claro que ainda estamos falando de negócios. E tudo o que uma rede social menos quer é perder usuários. Logo, para evitar um êxodo, as plataformas se movimentam para entregar um pouco do que o coletivo realmente deseja.

No final das contas, esse movimento de mudança está bem longe de ser totalmente ruim. Na verdade, é boa parte do coletivo tentando recuperar a sua sanidade mental.

Eu sou suspeito para falar sobre a internet e as redes sociais. Eu estou na web desde 1996, e ao longo de todo esse tempo, já vivi diferentes fases da minha relação com essa incrível plataforma de comunicação, informação e entretenimento.

Hoje, posso dizer que sou um felizardo em ter a internet como a minha principal via de ganhos financeiros. Trabalhar com a web para ganhar dinheiro, pagar as contas e comprar a pizza sagrada de todo final de semana é um privilégio para poucos, e eu reconheço isso.

Então, até mesmo por conta dessa necessidade em usar a internet de forma produtiva, acabei modificando ao longo dos anos a forma em como eu me relacionava com a web e, principalmente, com as redes sociais.

Eu passo o dia inteiro na frente do computador escrevendo artigos para os meus blogs, gravando e editando vídeos para o YouTube e ainda quero tirar algum tempo para voltar a gravar podcasts (mas o podcast raiz, não o Nutella feito de lives de cinco horas).

Por conta disso, eu não tenho tanto tempo assim para perder com as redes sociais. Passou o tempo em que eu ficava horas conversando em comunicadores privados ou batendo boca no Twitter. Bom, quero dizer, neste último eu ainda faço de vez em quando, principalmente quando o assunto é política.

Porém, eu defendo quem queira tornar a sua relação com as redes sociais algo mais privado. Quando eu decidi fazer isso com as poucas pessoas que eu me importo, eu me senti livre.

Nem todo mundo precisa saber o que você pensa. Apenas aqueles que realmente se importam com isso. Procure ter essa ideia em mente e, quem sabe, você vai encontrar um pouco de paz nas redes sociais.

E esse conselho não se aplica a este artigo, pois você chegou nele porque quis. Certo?

Espero ter ajudado de alguma forma.


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@oEduardoMoreira