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Governos estão transformando IAs generativas em verdadeiras máquinas de produção de notícias falsas

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O maior temor de boa parte do mundo civilizado e das pessoas de bom senso está se materializando: a Inteligência Artificial generativa já é utilizada em larga escala como uma autêntica máquina de produção de notícias falsas.

Uma plataforma que apareceu como o competidor chinês da Midjourney desenvolvido pela Baidu está censurando certas imagens politicamente sensíveis, algo que atende aos interesses do governo local.

E a China não está sozinha na iniciativa. Por conta do uso das IAs generativas, foram detectadas restrições à liberdade de expressão na internet, algo que ficou evidente em casos detectados no Irã, Birmânia e Filipinas.

Vamos conversar sobre isso, pois o assunto é sério. E se a moda pega, alguns políticos brasileiros copiam essa ideia nefasta.

 

16 países estão usando IA para desinformar

O caso da China é o mais flagrante sobre o uso da IA para manipular a informação para os cidadãos. O órgão regulador local exigirá que algoritmos de recomendação promovam “valores sociais predominantes” que, na prática, quer dizer “aquilo que atende aos interesses do governo”.

Esse uso da tecnologia para produção de fake news institucionalizadas está se tornando um fenômeno perigosamente emergente. Um relatório da Freedom House revela que 16 países usaram IA generativa para fins de desinformação e influência do coletivo.

O resultado imediato dessa postura nefasta é uma queda da liberdade de expressão na internet. E isso vem acontecendo antes mesmo das tecnologias generativas se popularizarem: o relatório informa que, ao redor do mundo, a liberdade na internet caiu pelo 13º ano consecutivo, muito em parte devido à ascensão da IA generativa.

E o motivo aqui é bem simples de entender: o acesso facilitado a essa tecnologia de Inteligência Artificial contribui para o desaparecimento das barreiras na criação de desinformação. Ou seja, qualquer pessoa pode criar uma notícia falsa em poucos segundos. Basta inserir as informações mais básicas, e a IA faz todo o resto rapidamente.

Sem falar que plataformas como o ChatGPT e o Google Bard ainda são “burras e mentirosas”, pois tendem a completar contextos com dados falsos quando não encontram informações que podem ser adicionadas ao contexto de um texto.

Nesse sentido, os sistemas automatizados permitem a censura online mais precisa e sutil em pelo menos 16 países analisados, onde os governos podem manipular a realidade da forma que melhor convém. Pelo menos 47 governos usam especialistas para manipular debates online neste momento, o que é o dobro em comparação com uma década atrás.

E… espere. Tem mais.

O cenário se torna pior quando constatamos que 21 países têm marcos legais que incentivam plataformas digitais a usar ferramentas de aprendizagem de máquina para eliminar discurso desfavorável aos governos. Ou seja, a fake news é institucionalizada nestes casos, colocando em risco real a democracia desses países (se é que vivem em uma democracia).

 

Na prática, a censura tecnológica já existe

Não pense que a censura online acontece apenas em ditaduras como China e Coreia do Norte. Algumas restrições ao acesso a sites e plataformas também ocorrem nos EUA e Europa neste exato momento.

O mais recente exemplo disso envolve a França, onde se considerou restringir o acesso dos cidadãos às redes sociais para controlar os protestos contra a morte de um professor no país. E estamos falando de uma “democracia”, em uma nação que historicamente defende a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Em termos práticos, o acesso fácil a sistemas de IA generativa pode minar a confiança dos cidadãos em fatos verificáveis. E isso já está acontecendo, já que existe um grande grupo de pessoas que se retroalimentam de notícias falsas que, agora, sabemos que são criadas por ferramentas como o ChatGPT.

Esse movimento de manada que esse grupo de pessoas abraça é fruto de um fenômeno chamado “dividendo do mentiroso”, que torna as pessoas mais céticas em relação a informações verdadeiras. Neste caso, os fatos são pouco ou nada relevantes para esse grupo de pessoas, que vivem em um campo de distorção da realidade, acreditando apenas e exclusivamente em suas convicções.

E pensar que as ferramentas de Inteligência Artificial generativa, que hoje podem ser utilizadas por qualquer pessoa, estão ajudando a promover e expandir a propagação de notícias falsas e a manutenção do “dividendo do mentiroso” é algo assustador e, ao mesmo tempo, nada surpreendente.

Essa bola foi cantada bem antes de descobrirem a manipulação da realidade por parte de governos de todo o planeta. E agora que sabemos o que está acontecendo, cabe a cada um de nós combater essa rede de mentiras com a arma mais poderosa da história.

Os fatos.


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@oEduardoMoreira