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Vamos conversar a sério sobre tecnofobia

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Vivemos em um mundo eminentemente tecnológico e conectado, e isso não está isento de problemas para um grupo enorme de pessoas. A tecnologia atual está impactando a saúde mental, sendo a tecnofobia um dos conceitos associados, afetando principalmente os mais velhos.

Nem todo mundo nasceu sabendo sobre tudo, e no caso dos idosos, eles foram obrigados a conviver com uma verdadeira revolução que aconteceu rapidamente e em um curto espaço de tempo. Logo, para muitos, o medo do novo e do desconhecido é algo absolutamente natural.

Como alguém que tem um pouco mais de conhecimento tecnológico, entendo que é o meu dever conversar sobre o assunto, promovendo a discussão em busca de uma maior inclusão e, principalmente, a eliminação desse medo.

 

A evolução precisa se alinhar com a saúde mental

A tecnologia trouxe avanços notáveis em todos os campos da sociedade, inclusive na medicina, melhorando a qualidade de vida pós-industrialização. Hoje, as pessoas vivem mais porque os diagnósticos são mais eficientes, as vacinas funcionam e os remédios entregam respostas melhores em diferentes tipos de organismo.

O problema é que essa evolução tecnológica entregou alguns efeitos colaterais, principalmente na era da internet. O uso compulsivo de redes sociais e isolamento social, especialmente entre os jovens, são problemas causados pelo uso indevido da tecnologia moderna.

Não é de hoje que testemunhamos os integrantes das gerações Millennial e Z cada vez mais isolados de parentes e amigos, pois esses grupos optam pelas interações através de plataformas como Instagram e WhatsApp. E esse distanciamento já entrega para esse grupo etário o desejo de desconexão das plataformas.

Isso mesmo: os mais jovens estão se desconectando. Aos poucos.

 

Estresse associado à tecnologia nos idosos

Diferentes profissionais das áreas da psiquiatria e psicologia estudam os efeitos negativos da tecnologia na saúde mental, incluindo tecnofobia e tecnoestresse. São termos novos e resultantes de nossas rotinas conectadas, e precisam ser levados a sério para um tratamento adequado.

Muitas pessoas vivem apenas no mundo digital, não tendo acesso a serviços de saúde mental especializados. Seja porque não procuram por ajuda, seja porque não contam com esses serviços com facilidade em suas cidades, essas pessoas precisam ser ajudadas para que sua condição mental não se deteriore de forma definitiva.

O período de distanciamento social resultante da maior crise sanitária da nossa geração afetou a todos, independentemente da faixa etária, mas com efeitos diferentes. Jovens e idosos entregam comportamentos distintos para denunciar que algo está errado no estado mental de cada indivíduo.

O tecnoestresse está diretamente associado ao trabalho, e foi um dos transtornos mais diagnosticados entre as pessoas que foram obrigadas a trabalhar em casa. Mas isso não quer dizer que os idosos não foram afetados por esse transtorno.

Os mais velhos tiveram suas rotinas interrompidas, deixando de interagir com amigos e parentes, abandonando as rotinas de exercícios físicos e deixando de fazer o que gostam para salvar suas vidas. O refúgio para eles foram as redes sociais e a internet. E com tantas notícias negativas e desinformação, ficou quase impossível não se estressar durante o distanciamento social.

 

Afinal de contas… o que é a tecnofobia?

Tecnofobia é, basicamente, o medo da tecnologia moderna. Também pode ser definido como uma adaptação insalubre às novas tecnologias. E aqui, o termo “insalubre” está diretamente associado à obrigação de conviver com os novos hábitos tecnológicos e conectados.

Os sintomas de tecnofobia variam, e nem sempre causam grande desconforto. E isso pode complicar o diagnóstico adequado do transtorno, exigindo mais dos profissionais de saúde e até mesmo das pessoas que estão ao redor daquele que precisa de ajuda.

 

Os diferentes efeitos em jovens em idosos

Como já mencionado neste artigo, jovens e idosos apresentam comportamentos diferentes diante dos efeitos negativos do excesso de tecnologia em suas vidas.

A exposição precoce à tecnologia pode levar a problemas de relacionamento e introversão em jovens. O isolamento, a agressividade e, em casos extremos, a violência são os sintomas mais evidentes de um transtorno provocado pelo tecnoestresse.

Já os idosos podem enfrentar dificuldades com tarefas tecnológicas simples, gerando frustração e sentimentos de inferioridade. O constrangimento em não conseguir publicar uma foto no Instagram ou entrar em contato com uma amiga em uma chamada de vídeo podem resultar em depressão nos mais velhos.

 

Como combater a tecnofobia nos idosos

Falando de forma mais específica dos idosos… esse grupo etário tem como fator complicador os problemas inerentes de sua idade, como a falta de recursos financeiros agravados durante a pandemia e a dependência tecnológica em buscar os recursos mais adequados para a sua saúde.

Por isso, dedicar um cuidado maior aos idosos diante da tecnofobia é algo essencial. E a sociedade como um todo deve ajudá-los a adotar novas tecnologias, promovendo a inclusão e a acessibilidade desse grupo.

Além disso, os idosos devem ser incentivados a buscar a medicalização da saúde mental, orientados por médicos e profissionais especializados.

A depressão se tornou algo comum entre os idosos nos últimos anos, e a tecnofobia pode estar relacionada a isso. A mesma tecnologia que existe para aproximar as pessoas acabou isolando um grupo enorme, apenas e tão somente pela ausência de intimidade com os dispositivos.

Melhorar a organização das atividades do idoso e educar as pessoas sobre tecnologia são elementos fundamentais para lidar com a ansiedade causada pela tecnofobia. E também uma boa dose de paciência com uma geração que foi obrigada a lidar com uma revolução que aconteceu rápido demais, e que não foi exatamente pensada nas gerações mais velhas.

Em um mundo perfeito, as gerações Millennial e Z deveriam cuidar da educação tecnológica dos Baby Boomers. Mas não vivemos em um mundo perfeito.

De qualquer forma, espero que este artigo ajude de alguma forma na discussão sobre o assunto, em busca de uma solução que resulte em uma melhora na saúde mental daqueles que estão neste mundo a muito mais tempo do que eu e você.


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@oEduardoMoreira