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Mulheres… peço desculpas pelo machismo na Fórmula 1

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Mais uma vez, mulheres… eu peço desculpas…

Minhas sinceras desculpas por tudo o que está acontecendo na Fórmula 1 desde o começo de fevereiro de 2024, quando o “Hornergate” veio à tona. Sei que este artigo pode parecer muito pouco e até mesmo conveniente em um dia como hoje, mas não posso ser indiferente ao tema depois de tudo o que vi, li e ouvi ontem (07).

A decisão vergonhosa da Red Bull em afastar a funcionária que realizou a denúncia contra Christian Horner é, por si, algo revoltante. E não venham me dizer que é um ato corporativo e previsto por lei, já que “a empresa não é obrigada a manter uma funcionária que vai tomar ações legais contra seus executivos”.

A mulher é a vítima neste caso. E não podemos imaginar o quão humilhante é ver o seu caso ser relativizado e diminuído em um ambiente historicamente dominado pelos homens. Ler os comentários de pilotos, chefes de equipe e outros envolvidos chamando uma denúncia de assédio de “ruído” ou “distração”, afirmando categoricamente que “isso não me afeta, pois não tenho nada a ver com isso” e “estamos aqui para correr” mostra como é o cenário de momento entre aqueles que estão envolvidos no assunto de alguma forma.

Mas a suspensão da funcionária supostamente assediada por Horner (e só estou colocando dessa forma por mera formalidade jurídica, pois já tenho opinião formada sobre o assunto) tem como “cereja do bolo” o fato de que o pedido para essa decisão veio de ninguém menos que Geri Haliwell, ex-Spice Girl e esposa do chefão da Red Bull…

…que, de forma bem hipócrita, se esqueceu rapidinho do “Girl Power” que ela pregava nas canções que cantava na década de 1990.

Ou melhor… para ela, “Girl Power” significa “derrubar outra mulher”, já que não é a primeira vez que ela faz isso por causa de Christian Horner.

Então… mulheres… eu peço desculpas por tudo isso…

Toda essa história é vergonhosa, irritante e revoltante. Sério, eu não ligo mais se a Red Bull vai implodir sem Christian Horner, se a própria Fórmula 1 vai cair em descrédito, e se ninguém está falando sobre o GP da Arábia Saudita. Toda essa repercussão negativa que vi nas redes sociais é mais do que merecida.

Até porque… não tem santo nessa história.

Christian Horner estava se envolvendo com Geri Haliwell enquanto a primeira esposa estava grávida de um filho dele. Helmut Marko é conhecido por suas falas xenofóbicas e racistas. Jos Verstappen foi preso por espancar a esposa (tentativa de homicídio) e acusado de bater no próprio pai. Max Verstappen tem como sogro Nelson Piquet, um recalcado racista e homofóbico.

Estamos falando de pessoas que, de alguma forma, denunciam uma visão de mundo perturbada e tóxica. Logo, o machismo é apenas mais um componente dentro do pacote de falência ética dos envolvidos.

Então… o que não me leva a crer que Christian Horner realmente fez o que a vítima o acusa de ter feito?

É sim revoltante ver metade dos pilotos se manifestarem com indiferença e relativização diante de um caso que monopolizou as atenções dos fãs da categoria, que entendem que a Fórmula 1 não é a bolha que eles tanto sonham que seja.

No passado, essa categoria relativizou manifestos nazifascistas, virou as costas para causas antirracistas e tentou a todo custo seguir com suas atividades diante da maior crise sanitária global dos últimos 100 anos. E não perdeu tempo em iniciar (sem sucesso) uma perseguição à Susie Wolff, que foi acusada SEM QUALQUER TIPO DE EVIDÊNCIAS OU PROVAS de tráfico de influências por causa de uma luta pelo poder dentro do esporte.

Ou seja, o “coletivo Fórmula 1” manifesta o tempo todo a sua perversidade de visão de mundo, e o caso envolvendo Christian Horner é mais uma prova flagrante de um ambiente tóxico e, a partir de agora, extremamente ameaçador para as mulheres.

Um perigoso precedente foi criado. O próximo acusado de assédio poderá reclamar a mesma defesa dos seus iguais. A próxima vítima terá que pensar dez vezes antes de encarar uma batalha como essa, pois sabe que tem enormes chances de perder na busca por seu legítimo direito a ser tratada com respeito e dignidade.

Mulheres… minhas sinceras desculpas. Eu não respondo por essa palhaçada. E entendo a revolta.

Sei que não sinto o mesmo que vocês, mas… estou aqui.


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@oEduardoMoreira