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O Centro de Tradições Nordestinas é simplesmente espetacular!

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Para começo de conversa, só um perfeito imbecil afirma que o povo nordestino é burro. Mesmo porque o idiota que fez tal afirmação não se deu sequer ao trabalho de pesquisar o mínimo na internet para descobrir que 7 das 10 notas 1000 no último ENEM vieram de alunos do nordeste.

Aliás, gente burra vota em quem odeia o povo nordestino. Fica a dica.

Aproveitei que em 8 de outubro se comemora o Dia do Nordestino e visitei o Centro de Tradições Nordestinas (CTN) em São Paulo (SP). E, mais uma vez, essa foi uma das melhores experiências da minha vida.

E não tem como o dia ser ruim no CTN. Ruim mesmo é chegar até lá.

 

A odisseia para chegar ao CTN

Eu planejava ir de ônibus até a Lapa para retirar o meu cartão do Bilhete Único, algo que facilitaria ao extremo a minha vida aqui em São Paulo. Um dos gastos mais elevados do morador da cidade é no transporte público, e economizar dinheiro neste aspecto se tornou uma das minhas prioridades.

E como um dos postos do SPTrans onde poderia retirar o meu cartão personalizado do Bilhete Único ficava na Lapa…

Logo de cara, me esqueci que a Avenida Paulista fechava aos domingos. O meu plano era pegar um ônibus que seguia direto para o Terminal da Lapa, em um deslocamento que levaria no máximo 30 minutos. Mas como isso não foi possível, decidi seguir de metrô e trem da CPTM, o que levou quase uma hora para ser concluído. Isso só não foi um problema porque eu não estava com horário mercado para chegar até o CTN.

Ao chegar na Lapa, uma funcionária do SPTrans “extremamente feliz” por ter que trabalhar em um domingo pela manhã decidiu destilar toda a sua felicidade de forma bem enfática, mal respondendo as perguntas e, quando respondia, com uma rispidez peculiar de quem estava pedindo para perder o seu emprego.

Como eu não estava com paciência para devolver grosseria alheia, decidi retirar rapidamente o meu Bilhete Único e seguir em frente, ou seja, em direção ao CTN. O que seria muito mais fácil se o pessoal que trabalha no Terminal da Lapa indicasse o local correto onde o ônibus que segue para o local de destino.

No final, decidi pegar um 99 mesmo, pois era a garantia de não perder mais tempo e evitar aborrecimentos maiores.

 

O Centro de Tradições Nordestinas… sempre incrível!

De novo: eu acho algo muito babaca (na verdade, coisa de gente idiota mesmo) afirmar que o nordestino é burro. É o tipo de declaração de gente que, por exemplo, nunca pisou no Centro de Tradições Nordestinas na vida.

Para construir uma estrutura daquelas, com tamanha organização e cuidado, é preciso muito trabalho, dedicação e, principalmente, inteligência. Tudo foi muito bem pensado para abrigar um monte de gente, oferecendo uma série de produtos e serviços com uma enorme variedade. E, o mais importante: com preços competitivos.

Fiquei no local entre 11h30 e 16h no domingo, 9 de outubro de 2022. E o que eu testemunhei foi um chegar de gente sem fim. Uma fila de carros que chegava a um quilômetro de distância nas imediações do CTN, sem falar naqueles que chegavam através do transporte público ou de carros de aplicativo. E isso, porque fui informado que o local realmente bomba no período noturno.

E eu acredito naquilo que me falam. Pelo menos neste caso.

Mesmo assim, a estrutura construída pelo povo nordestino no local é organizada o suficiente para abrigar milhares de pessoas, com um atendimento absurdamente variado. Se você disser que não se sentiu no Nordeste ao visitar o CTN, só posso dizer que você precisa consultar um neurologista com urgência.

Tudo bem, eu ouvi mais arrocha do que eu desejava (e isso é algo que até mesmo alguns lojistas de alguns boxes reclamaram muito), mas a atmosfera do local é muito agradável. Sim, eu ainda tive a chance de ouvir algum forró na área externa do complexo, o que motivou a algumas pessoas mais animadas a arriscar alguns passos de dança.

Sem falar que até as crianças eram contempladas de alguma forma no CTN, pois um pequeno parque de diversões estava montado na área externa do recinto, o que garantiu uma boa diversão para crianças e adultos (cinco ingressos para os brinquedos custavam R$ 35, um preço mais competitivo do que aquele cobrado pela exposição de Araçatuba, que estava bem chinfrim).

Aliás, é importante enfatizar que o CTN se destaca também pelos preços justos dos itens comercializados. Isso torna o local acessível para públicos de todos os níveis financeiros, em um ambiente absurdamente democrático e inclusivo.

Mas… antes que eu comece a usar um discurso lacrador neste artigo, vou para a parte mais importante. Aquela que realmente interessa. Aquela que foi o verdadeiro motivo para ir até lá investir o meu dinheiro.

A comida.

 

Uma das melhores refeições da minha vida

Rodando pelos diferentes boxes com itens variados (desde um brinquedo em forma de robô dançante até quadros que só não levei para Florianópolis porque não queria complicar a minha vida na logística de viagem de volta), encontrei uma senhora muito simpática com uma placa de madeira que contava com uma frase que resumia aquela experiência: NORDESTINE-SE.

Aquela frase foi o suficiente para começar uma animada conversa, o que levou para uma indicação: O CABRA, um restaurante que oferece um combinado de pratos tipicamente nordestinos, como baião de dois, feijão de corda, carne de sol com macaxeira, escondidinho de carne seca, dadinho de tapioca e outros pratos. Um pequeno banquete que mostrava um pouco da gastronomia nordestina, feita por quem entende do assunto.

E não tenho medo de errar na afirmação: essa foi uma das melhores refeições que fiz em toda a minha vida.

Uma comida saborosa, que não estava carregada no tempero, que não pesou nem no meu estômago e muito menos no bolso. O pedido completo, com direito a bebidas e sobremesa (uma banana com canela na chapa, sorvete e queijo coalho), algumas garrafas de água e um chiclete no final (que é de lei) ficou em torno de R$ 210. E tinha comida para pelo menos umas três pessoas comerem sem maiores problemas.

De quebra, ainda degustei uma Cajuína, bebida típica que consegue ser mais gostosa que qualquer suco de caju que tomei ao longo de 43 anos de vida. O que nem é tão difícil assim, já que nunca gostei muito de suco de caju. Prefiro a goiabada como sobremesa.

Tudo estava simplesmente delicioso, com um ambiente festivo e harmonioso, música ao vivo e boa companhia. E eu não precisava de mais nada para aproveitar de forma plena essa experiência.

Na verdade, precisava sim: comprei algumas lembranças para amigos e mais uma caneca para a minha coleção. São formas de guardar na memória um dia simplesmente excelente.

Eu recomendo com convicção O Cabra como um restaurante a ser visitado no CTN. Mas recomendo também que você volte a visitar o local para conhecer os outros restaurantes. Aliás, vou seguir essa dica para ter motivos para voltar, sempre que possível.

Para finalizar, ainda peguei um potinho de cural (que é de lei), o bolo de rolo (que é obrigatório para alguém que tem o paladar infantil – é o meu caso) e um outro bolo que nunca comi na vida e, com alguma sorte, compartilharei com vocês as minhas impressões nas minhas redes sociais.

 

Visite o Centro de Tradições Nordestinas SIM OU SIM

O povo nordestino é incrível. É resiliente, trabalhador, solidário, cordial e, diferente do que aquele retardado travestido de neofascista, inteligente.

O Centro de Tradições Nordestinas é um local que, acima de tudo, é um símbolo de resistência. Ele nasceu em uma época em que o povo paulistano era muito mais preconceituoso contra esse coletivo que decidiu vir para São Paulo para vencer na vida. Hoje, essa relação voltou a ficar um pouco mais complexa do que deveria ser, por causa das divisões morais e éticas estabelecidas por causa do ambiente político que vivemos.

Se você é um ser inteligente, racional ou que ao menos sabe separar bem as coisas, a visita ao Centro de Tradições Nordestinas é algo obrigatório. Não apenas pela música, pela cultura ou pela gastronomia. Mas principalmente pelo que o local representa para todos nós.

Sem a força de trabalho dos nordestinos, São Paulo não seria essa cidade gigante e pulsante que conhecemos. Não teria a selva de pedra de arranha-céus, enormes avenidas e edificações incríveis. Também seria uma cidade menos diversa, com um mau humor insuportável e até mesmo mais prepotente.

Os nordestinos, assim como os negros, os homossexuais, os imigrantes e tantos outros grupos de diferentes ajudam a deixar São Paulo uma cidade mais diversificada, aberta, fraterna e cosmopolitana. O nordestino coloca o tempero que o paulistano precisa para ser diferente de todos os outros.

Então, visite o Centro de Tradições Nordestinas, se puder. Porque ele fala sobre personagens importantes de São Paulo tanto quanto o Bixiga ou a Liberdade. Celebrar a cultura nordestina é celebrar a capital paulista e o Brasil como um todo. Faça essa visita com amor e alegria, pois a galera que está por lá vai adorar receber e servir à você e sua família.

OBRIGADO, NORDESTE. OBRIGADO POR VOCÊ EXISTIR!

E… aqui é CAJUÍNA NORDESTINA, PORRA!


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@oEduardoMoreira