Em um mundo onde os limites entre o universo laboral e a esfera pessoal se tornam cada vez mais tênues, um estudo meticuloso vem lançar luz sobre um enigma que há tempos intriga executivos e colaboradores por igual: qual é o momento perfeito para enviar um e-mail de trabalho e garantir que ele não se perca entre os incontáveis recados eletrônicos que inundam as caixas de entrada?
Uma vez que as comunicações eletrônicas se tornaram a regra em nossas vidas desde 1996 (pelo menos – ou este é o ano em que eu enviei o meu primeiro e-mail), o horário ideal para o envio de uma mensagem passa por uma série de variáveis típicas dos diferentes estilos de vida.
Mas deve existir alguma regra ou conjunto de regras que podem ajudar a determinar um denominador comum sobre o melhor horário para responder aquele e-mail comercial sem acordar ninguém.
Alguém estudou o tema mais a sério
Os resultados de um estudo pioneiro e conduzido pela empresa Axios HQ, que é especialista em desenvolvimento de soluções em software de comunicação, prometem redefinir a maneira como encaramos o ato de enviar e-mails corporativos. A pesquisa, baseada em uma análise meticulosa de nada menos que 8,7 milhões de e-mails enviados entre o período de janeiro de 2022 e março de 2023, desvendou um padrão tão surpreendente quanto esclarecedor.
Nas palavras da própria companhia, que empregou a inteligência artificial como aliada nesse empreendimento inovador:
“Para traçar o perfil do momento ideal de envio de e-mails internos, mergulhamos nas taxas médias de abertura de 8,7 milhões de correspondências eletrônicas, transmitidas através da plataforma Axios HQ. O período de análise compreendeu desde o início de 2022 até o terceiro mês de 2023”.
A revelação que ecoa nos corredores corporativos é surpreendente: o cenário ideal para o envio de e-mails laborais revelou-se um domingo vespertino, mais precisamente entre as 15:00 e 18:00 horas. É nesse espaço temporal que os e-mails alcançam uma impressionante taxa de abertura de 94%, uma façanha que supera em larga medida os modestos índices que oscilam entre 50% e 76% durante os dias úteis.
O estudo, longe de ser uma mera curiosidade estatística, propõe uma interpretação plausível para esse fenômeno. A seleção desse horário estratégico não apenas coloca os e-mails no epicentro da atenção no momento propício para leitura, como também coincide com as primeiras horas da segunda-feira, quando as engrenagens da semana laboral voltam a girar.
Não é tão simples quanto parece
Mas tal e como acontece em toda revolução, surgem questionamentos e ponderações sobre o assunto.
Especialistas no campo da psicologia e comportamento alertam para uma possível invasão tecnológica, onde a barreira entre vida profissional e pessoal tende a desvanecer-se ainda mais, o que pode piorar a relação entre empregador e empregado a médio e longo prazos.
Matthew Davis, professor associado na Escola de Negócios da Universidade de Leeds (Reino Unido), alerta para o fenômeno da “invasão tecnológica”, onde a tecnologia do trabalho gradualmente permeia o espaço íntimo da vida pessoal.
Sob essa perspectiva, embora possa soar tentador aproveitar o cenário dominical para o envio de mensagens profissionais, é imperativo pesar os prós e contras, considerando que, para muitos, tal abordagem pode intensificar o peso da carga laboral sobre os ombros já sobrecarregados.
Sem falar que muitos podem interpretar o envio e recebimento de e-mails durante o domingo como uma comunicação coorporativa fora do horário de trabalho, o que eventualmente pode resultar em incômodos, reclamações e, em cenários mais críticos, processos.