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O roteiro de Duna foi escrito em um programa do MS-DOS

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George R.R. Martin está fazendo escola…

Eu fui ao cinema assistir ao filme Duna cheio de amor no coração. E até gostei do que vi na parte estética e de produção. Porém, infelizmente, este é o tipo de história que definitivamente não me conquista e, apesar do elenco recheado de nomes que eu gosto, não vejo motivos para assistir ao segundo filme.

Mas não estou aqui para escrever uma resenha de Duna. Quero compartilhar com você o fato que Eric Roth escreveu o roteiro deste filme em uma tecnologia completamente obsoleta. Para se mais específico, no software Movie Master, que já tem 30 anos de vida e só funciona no MS-DOS (que tem 40 anos de vida).

 

 

 

Obsoleto, porém, impenetrável

Eric Roth é responsável por grandes obras do cinema, como Forrest Gump ou O Curioso Caso de Benjamin Button, e ele sempre usou softwares antigos para produzir o seu trabalho. Afinal de contas, se tudo o que ele precisa é escrever em um ambiente seguro e livre de vazamentos, ele vai encontrar isso nos softwares do passado.

Em uma entrevista recente, Roth revela que utilizou o Movie Master 3.09 para escrever o roteiro de Duna em uma janela do MS-DOS exibida dentro do Windows XP. Dessa forma, ele garantia que nem mesmo os seus colegas de trabalho no filme poderiam acessar o roteiro a não ser através do próprio roteirista, em uma cópia impressa e entregue em mãos.

Se alguém quisesse compartilhar o roteiro em formato digital, deveria escaneá-lo página por página, e isso dá muito trabalho. O documento não era enviado por e-mail de forma alguma, e o computador de Roth não está conectado na internet, frustrando os hackers que estavam esfregando as mãos ao ler este post até agora.

Roth afirma que faz isso por conta de um mix de superstição e medo de mudar para novas plataformas. O Movie Master permite a redação de textos de até 40 páginas, e esse limite ajuda o roteirista na produção do seu trabalho, colocando uma meta a ser cumprida ou um ponto final para a história que será escrita: “Me dou conta que, se não consegui expressar o que eu tinha em mente em 40 páginas, começo a ter problemas”, explicou.

Além disso, o computador completamente desconectado da internet elimina as possíveis distrações que todos nós recebemos todos os dias enquanto tentamos trabalhar.

E esse é um bom argumento.

 

 

 

Ele não está sozinho nesta prática

Como disse no começo do post, George R.R. Martin revelou em 2014 que utilizava apenas softwares compatíveis com computadores que rodavam o MS-DOS para escrever os livros da saga Game of Thrones. Porém, o seu software preferido era o WordStar 4.0.

Martin gostava da simplicidade do programa e que não gostava dos corretores ortográficos atuais e dos sistemas de correção automática de palavras.

Outros roteiristas que usaram o WordStar foram Roger MacBride Allen, Gerald Brandt, Jeffrey A. Carver, Arthur C. Clarke, David Gerrold, Terence M. Green, James Gunn, Matthew Hughes, Donald Kingsbury, Eric Kotani, Paul Levinson, Vonda McIntyre, Kit Reed, Jennifer Roberson e Edo van Belkom, pelos mais diversos motivos.

Outros softwares também se destacaram entre os roteiristas de Hollywood, tais como WordPerfect, Word, MultiMate, Sprint, XyWrite e basicamente qualquer outro processador de texto que funcione com o MS-DOS.

O WordStar nasceu em 1979, antes de se estabelecer um padrão para os teclados dos computadores. Na época, os teclados não contavam com teclas de movimentação de cursos e funções especiais para comandos de edição. De lá para cá, muita coisa mudou, e hoje um software com mais de 40 anos de vida ainda pode ser útil para manter as surpresas do cinema longe dos vazamentos.


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@oEduardoMoreira