Confesso que tenho até medo de fazer muita zoeira com a Xiaomi, pois os fãs da marca podem ser até mais verborrágicos que a galera que defende a Apple até debaixo d’água. Mas vou confiar no bom humor de uma gente que, de tempos em tempos, manda os usuários do telefone da frutinha “pra mamar”.
Os novos POCO X6 e POCO X6 Pro não são smartphones ruins. Pelo contrário: vão virar os novos queridinhos dos importadores brasileiros. É só pensar no volume de unidades desse telefone que vão passar de forma clandestina do Paraguai para cá.
Mas… essa é uma dupla confusa em alguns aspectos. E vou aqui desabafar o que me incomodou nas decisões da Xiaomi dessa vez.
Um troca-troca no melhor estilo Noronha
Essa dupla não tem muita coisa de errado, com exceção dessa escolha um tanto quanto controversa em colocar um processador da MediaTek no modelo Pro e um chip da Qualcomm na variante normal.
E isso não é normal.
Os fabricantes padronizaram em 2024 deixar os processadores da Qualcomm nos telefones mais caros. Porque a Qualcomm cobra a mais, e é o cliente que precisa pagar a conta disso. E o pior é que os fabricante sabem que o usuário gosta mesmo dos chips Snapdragon.
Quantas e quantas vezes eu vi os chips da MediaTek sendo autênticos “esquecidos no churrasco” e, em muitas vezes, sem ao menos ter uma chance sequer de mostrar o seu valor para os usuários.
Tem muita gente ingrata que julga a MediaTek de hoje baseado no que experimentou da marca no passado. E não entende que os seus processadores evoluíram a ponto de deixar um Snapdragon no modelo “normal, padrão e nada especial”.
O resultado: O POCO X6 ficou com o Snapdragon 7s Gen 2, e o POCO X6 Pro recebeu o MediaTek DImensity 8300 Ultra. Ambos são fabricados em 4 nanômetros, só para não dar briga.
De novo: nada contra o troca-troca, desde que todo mundo se organize.
Então… o que aconteceu aqui, dona Xiaomi?
A importância em manter a relação custo-benefício
A melhor resposta que podemos encontrar para entender o que aconteceu neste caso (que não passam por um ato de insanidade ou equívoco no material de divulgação) está nas especificações de RAM e armazenamento.
Seria um absurdo pensar que o MediaTek Dimensity 8300 Ultra é tão pior que o Snapdragon 7s Gen 2. E aqui, não pense no qualitativo de cada chip. Pense apenas e tão somente nos preços cobrados por cada um deles.
Se o processador da Qualcomm é mais caro, colocar ele no POCO X6 Pro, que já recebe RAM no padrão LPDDR5X e armazenamento no padrão UFS 4.0, poderia significar simplesmente no fim da ótima relação custo-benefício esse smartphone.
E isso passa bem longe de ser o mais interessante para a Xiaomi, que praticamente criou essa expressão no mercado de telefonia móvel: “relação custo-benefício”.
Além disso, quem entende melhor dos paranauês da tecnologia sabe muito bem que o processador é apenas UM DOS COMPONENTES que determinam o melhor desempenho de um smartphone. Os padrões de RAM e armazenamento entram nessa equação, com grande relevância.
E é sempre muito importante reforçar o tempo todo (porque boa parte da audiência possui memória seletiva) que, EM TEORIA, os dois processadores contam com um desempenho similar, onde as diferenças mais substanciais devem estar no consumo energético, na gestão da bateria, na forma em como vai realizar o pós processamento de imagens registradas e outros pequenos detalhes.
Tudo isso foi feito para que o POCO X6 e o POCO X6 Pro fossem minimamente equilibrados na proporção preço-especificações, em escolhas que não comprometem a boa experiência de uso no dispositivo, e com um preço que se mantém competitivo em relação aos demais telefones da concorrência.
E isso explica melhor as decisões recentes da Xiaomi com esses dois smartphones. Chega a ser um prêmio de consolo para os mais descontentes com tudo isso. Mas também ajuda a entender como os fabricantes optam por determinadas especificações em detrimento de outras.
Foi menos ruim do que você imaginava, vai…
Eu jurava que eu ia detonar o POCO X6 e o POCO X6 Pro, mas não consegui.
São dois smartphones muito interessantes. Até porque são iguais em todas as demais especificações técnicas, incluindo a maravilhosa taxa de resposta ao toque de 2.160 Hz, item que fará a alegria dos gamers de plantão.
E eu gosto de ver pessoas alegres, contentes e felizes, principalmente quando o fabricante de um smartphone contempla um aspecto do dispositivo para esse grupo específico.
Então… os Mi Fans nem podem reclamar deste conteúdo. Até que peguei leve com esses telefones da Xiaomi, que são bem menos problemáticos que outros modelos que analisei neste começo de 2024.
Mas… fica a pergunta: será que ainda existem Mi Fans no Brasil?
Eu pergunto isso porque a DL Eletrônicos fez (e continua fazendo) uma força gigantesca para deixar os clientes brasileiros da Xiaomi um tanto quanto irritados, já que os produtos chegam por aqui de forma oficial, mas claramente afetados pelo famigerado “fator Brasil”.
Então, a irritação com os preços dos produtos por aqui deve ter minado um pouco esse fã clube da Xiaomi no Brasil.
Mas “como quem tem, tem medo”, optei por pegar um pouco leve com esses modelos. Bem diferente do que vai ser o “compartilhando verdades inconvenientes” sobre o POCO M6 Pro.