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Primeiras Impressões | Backstrom (Fox, 2015)

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A boa notícia é que Rainn Wilson está de volta à TV, e nós gostamos dele por conta das nove temporadas como Dwight Schrute em The Office. E acho que aqui se encerra as boas notícias sobre Backstrom, que tal como muitos previam, é um ‘House procedural’, mesmo que o próprio Wilson tenha insistido nas últimas semanas que não seria assim. Porém, a comparação é inevitável.

A série é centrada no detetive Everett Backstrom (Wilson), um detetive da cidade de Portland que é um gênio. Consegue identificar pistas onde os demais não conseguem ver, extrai as informações que precisa dos suspeitos, e desenha o cenário do crime em sua cabeça de forma que nenhum dos outros detetives seriam capazes de fazer. Porém, como a maioria dos gênios da TV (e tal como aconteceu com um certo Dr. Gregory House), ele tem uma personalidade auto-destrutiva, irritante e beirando o insuportável.

Backstrom bebe, fuma charutos, bebe qualquer coisa que tenha álcool, não dorme e se alimenta de várias porcarias. Seu médico já disse que seu coração está do tamanho de uma bola de basquete, e se ele não mudar o seu estilo de vida, ele vai morrer mais rápido do que o tempo que eu vou levar para terminar esse post. Sem falar que ele precisa arrumar amigos, para se sentir mais sociável, aliviar o estresse, e se tornar uma pessoa mais calma, tranquila e integrada com a sociedade.

Mas quem disse que Backstrom está disposto a isso? Sua alma é amargurada, pois é filho de um detetive que é considerado uma lenda na cidade, mas que não era tão legal assim com o nosso pequeno Everett. E esse é apenas um dos motivos pelos quais nosso protagonista é chato do jeito que é. Bom, ao menos sabemos que ele tem medo de uma coisa: de morrer. E para se manter vivo, fará qualquer coisa para se manter na equipe de detetives, com o objetivo de pegar aqueles que tiram a vida dos outros.

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Algumas coisas precisam ser ditas antes da gente simplesmente dizer que Backstrom é uma série sem graça e nada inovadora. Uma delas é que esta é uma típica série da Fox, onde muito provavelmente o canal entende que a sua audiência estaria mais propensa a assistir. Afinal de contas, essa série é dos mesmos criadores de Bones, que está na grade do canal há 10 anos. Logo, apresentar um procedural criminal com características similares ao que já foi apresentado antes na própria Fox não é nenhum absurdo (observando a estratégia do canal).

Dito isso, por mais que Rainn Wilson tenha dito que a série não é um ‘House procedural’, as similaridades são enormes. Um protagonista com personalidade bizarra e auto-destrutiva, que aparentemente odeia tudo e todos, uma equipe de detetives com características e personalidades diferentes, onde só Backstrom é o fodão que resolve os crimes? Só falta o protagonista dizer logo de cara que o motivo do crime é ‘lúpus’.

Talvez por conta disso é que o piloto de Backstrom, apesar de cumprir com o objetivo de apresentar os personagens, é um episódio difícil de chegar até o final sem cochilar. As situações envolvendo o protagonista são previsíveis, algumas poucas piadas funcionam (a maioria não), e tudo fica nas costas do Rainn Wilson, que até foge do esteriótipo de ser um ‘Dwight wannabe travestido de detetive’, mas que para muita gente pode simplesmente parecer um detetive detestável e nada mais.

Falta um pouco mais do sarcasmo necessário ao personagem para que ele crie a empatia do público (coisa que House tinha de sobra), onde a inteligência não é sinônimo de grosseria gratuita e falta de bom senso constante. Nem vou tentar pensar no fato que os politicamente corretos (aka chatos) vão encher o saco pelo fato do protagonista fumar e beber o tempo todo. Afinal de contas, ele é adulto e faz o que quiser. E, no final das contas, nem é isso o que prejudica o personagem principal. Como disse antes, falta um pouco de lapidagem em Backstrom (o personagem) para que ele seja mais interessante como centro das atenções.

No final das contas, a série teve uma estreia ‘ok’ na audiência norte-americana, e só o tempo vai dizer se vai permanecer no ar ou não. Eu particularmente não continuo com a série. Mas se você gostaria de saber como seria um encontro entre Dwight Schrute e o Presidente David Palmer… aí está a sua chance.


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@oEduardoMoreira