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Primeiras Impressões | Bordertown (Fox, 2016)

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Bordertown Fox

Não é do Seth MacFarlane… mas tem a cara dele!

Bordertown é a nova série de animação da Fox, que tem tradição em colocar comédias desse gênero na sua grade de programação dominical. Apesar do projeto estar em desenvolvimento a mais de um ano, entendo que ela estreia em um timing perfeito. Não tanto pelo fato do tema do preconceito como os latinos sempre ser um “grande elefante branco na sala de cristal” dos norte-americanos, mas principalmente porque ele ficou mais em evidência nos últimos anos. Seja porque Barack Obama flexibilizou as políticas de permanência dos imigrantes ilegais durante a sua gestão, ou seja porque Donald Trump quer expulsar todo mundo caso se torne o próximo presidente dos Estados Unidos.

De qualquer forma, não há momento melhor para a série estrear. E, de forma bem humorada, debate a questão.

Bordertown acontece na fictícia cidade de Mefixornia, que fica na fronteira entre a California e o México. Logo, a cidade é formada por norte-americanos e mexicanos, mas fica dentro dos Estados Unidos. Ou seja, parte-se do princípio que todos os mexicanos que lá vivem são, de alguma forma, cidadãos norte-americanos, de acordo com as leis vigentes no país.

Mas isso, na teoria.

Ainda é preciso ter um guarda da fronteira para evitar que alguém atravesse de forma irregular. E essa missão é de Bud Buckwald (Hank Azaria). Um norte-americano comum, como outro qualquer: insatisfeito com o seu emprego, gordo, não consegue correr, e acha que sabe tudo sobre a vida. Talvez ele até goste do seu emprego, pois é através dele que consegue realizar (em partes) o grande sonho de sua vida: ver todos os mexicanos bem longe dos Estados Unidos.

Porém, a realidade de Bud é bem diferente daquilo que passa na sua cabeça. Ele e sua família tem como vizinho a família de Ernesto Gonzalez (Nicholas Gonzalez), um imigrante mexicano que já está nos Estados Unidos há quase 10 anos, e tem uma vida muito melhor e mais feliz que Bud. Ernesto prosperou, consolidou a sua atividade profissional e, mesmo vivendo uma vida de classe média, tem o orgulho de poder mandar seu filho para a universidade. Algo que Bud não está nem perto de alcançar.

Para completar o pesadelo de Bud, sua filha e o filho de Ernesto estão apaixonados, decidem se casar, e enfrentar a ira de Bud contra esta união considerada por ele algo abominável. Mas como em toda série de TV, os opostos acabam se atraindo: as famílias colocam algumas diferenças de lado em prol dessa união, e ao longo da série veremos como eles vão conviver com suas diferenças pessoais, culturais, econômicas e ideológicas.

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Bordertown é mais uma comédia de animação que pode vingar na Fox. Tradicionalmente o canal acerta a mão nesse tipo de série, e dificilmente uma animação é cancelada na primeira temporada. Aliás, é difícil quem gosta de uma série de animação desgostar de uma logo de cara. E no caso da comédia dos norte-americanos e mexicanos, as chances de sucesso são grandes. Pelos motivos que já citei no começo desse post, e por outros.

Não só o tema está em evidência ajuda. O texto da série também. Bordertown tem a clássica assinatura de MacFarlane de diálogos ágeis e ácidos, com um humor recheado de ironias, alfinetadas e provocações. Aliás, a série em diversos momentos escancara os preconceitos que o norte-americano médio tem em relação aos imigrantes, mostrando como isso se reflete no comportamento cotidiano, tanto na vida privada como no convívio com a comunidade e através da mídia de entretenimento de massa.

Só por isso Bordertown tem um grande mérito. A coragem de expor esse assunto de forma bem humorada é algo que deve ser aplaudido. Não é qualquer série que consegue fazer isso, e não é qualquer canal que oferece a possibilidade de levantar a discussão sobre um assunto que interfere sim no dia a dia dos norte-americanos. Um tema que boa parte da audiência simplesmente não gosta (e não quer) discutir. Ponto para a Fox nesse aspecto.

Em linhas gerais, Bordertown é uma comédia divertida. Dei várias risadas com as situações apresentadas, com a ironia ofertada e com os argumentos para os eventos. Algumas piadas são óbvias, algumas situações são igualmente óbvias, mas o conjunto geral da série agrada. É uma daquelas comédias que quem já gosta do estilo oferecido hoje por Family Guy e American Dad não terá muitas dificuldades em encontrar afinidades.

É uma daquelas séries que vale a pena considerar fazer uma maratona nas férias.

P.S.: Sim… teremos participação especial de Peter Griffin na série…


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@oEduardoMoreira