Há muito tempo que as mudanças tecnológicas vêm abalando as estruturas do mercado de trabalho, e esse verdadeiro pânico por causa da ascensão da Inteligência Artificial (IA) não é exatamente uma novidade na história da humanidade. O ChatGPT é apenas o novo “vilão” de quem tem medo do novo.
Desde os primeiros dias da Revolução Industrial, o medo de perder empregos para máquinas tem sido uma constante. As pessoas que não conseguem lidar com as inovações e avanços naturais do mundo naturalmente tratam o novo e a tecnologia como um autêntico demônio, algo que passa longe de ser uma realidade prática.
Agora, em pleno século XXI, esse medo está mais vivo do que nunca, onde o chatbot com IA é o último monstro a ameaçar os postos de trabalho tradicionais… dos mais fracos, obviamente.
O medo do ChatGPT, “inspirado” no ludismo
O movimento do ludismo, que surgiu durante a Revolução Industrial, mostrou como os trabalhadores podiam se sentir ameaçados pela maquinaria. Um pensamento idiota, se você parar para pensar de forma fria e racional.
Séculos se passaram, mas a sensação de déjà vu permanece. A IA emerge como uma nova força disruptiva, com a capacidade de executar tarefas complexas como criação de textos, respostas de e-mails e traduções de maneira surpreendentemente hábil.
E, mesmo assim, neste momento, a IA não pode substituir por completo o ser humano nessas tarefas. Eu mesmo utilizo o ChatGPT para automatizar a produção de alguns textos para meus blogs e, ainda assim, os artigos passam por minha revisão.
Fato é que a automação é iminente, e a sombra do desemprego paira sobre muitos setores.
No entanto, a história nos ensina que a adaptação ao novo é uma necessidade imperativa. Recordemos o advento do Excel, uma ferramenta que revolucionou a maneira como realizamos tarefas de análise e organização de dados.
Antes dele, tais tarefas eram feitas manualmente, com cálculos meticulosos e arquivos escritos à máquina. Hoje, quase qualquer pessoa adiciona o Excel ao currículo, independentemente da área de atuação.
Saber usar o Excel tornou-se uma habilidade fundamental para quem quer conseguir um emprego em determinadas áreas, mas não nasceu com a mesma relevância que possui hoje.
E isso é algo absolutamente normal.
Quem não souber usar uma IA vai ficar para trás
Com a ascensão da IA, o ciclo se repete.
Atividades que antes demandavam considerável esforço humano agora podem ser executadas por máquinas de forma mais precisa e rápida. A promessa da IA reside na otimização do trabalho, na redução de erros humanos e na aceleração das operações, mas não necessariamente na substituição do elemento humano nas tarefas a serem realizadas.
A IA também cria novas profissões, como engenheiros de prompts e especialistas em interações com IA. Essas habilidades estão se tornando tão essenciais quanto o conhecimento do Excel, marcando uma nova era de adaptação profissional.
Muitos não entendem ou acreditam nisso, mas uma verdade inescapável é que a humanidade não está destinada à substituição total pela máquina. Por trás das operações da IA ainda existem funções que apenas os seres humanos podem desempenhar.
A criação de prompts adequados e a avaliação crítica do conteúdo são tarefas que requerem conhecimento e sensibilidade humanos. Esses papéis emergentes podem ser a chave para manter um equilíbrio entre a eficiência da IA e a qualidade humana.
Nenhuma IA vai ter o nível de visão crítica para auto-desenvolver os comandos para realizar as tarefas de automação, pois apenas o ser humano tem esse nível de perspicácia para preparar os chatbots para fazer o que precisa ser feito. E é mais fácil acreditar que vai ficar desempregado quem não sabe utilizar essa tecnologia a seu favor.
O pessimismo desenfreado não é a solução neste caso, pois a IA é um avanço inevitável para a humanidade. Cabe a cada um decidir abraçar o novo ou rejeitar tudo isso… e ficar para trás.
A renovação constante de habilidades e a capacidade de se adaptar ao novo serão cruciais para qualquer pessoa prosperar na era da IA. Assim como aconteceu com a era do Excel, que redefiniu as regras do jogo.
A grande diferença é que o ChatGPT é bem mais poderoso que o Excel, e pode aprender por conta própria. E, mesmo assim, o ser humano ainda precisa interagir com ele para que essa versatilidade se torne uma realidade prática.