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[Resenhas] Hot In Cleveland colocou o TV Land na história. Mas… a que preço?

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Tudo nesta vida tem um lado bom e um lado ruim. Hot In Cleveland (TV Land) é a tônica disso. O canal, pouco conhecido no Brasil, está ligado à MTV Networks nos Estados Unidos, e começa a produzir séries originais. Originalmente, o TV Land é voltado a exibir as sitcoms e séries de aventura clássicas, dos anos 50, 60, 70, 80 e 90, e é voltado para o segmento de público da faixa entre 25 a 49 anos. Fato é que Hot In Cleveland (ou Betty White, entendam como quiser após este post) colocou o canal no mapa da TV americana. Mas acreditem: vale mais pelo hype do que pela qualidade. Mas, vamos explicar o que acontece.

Hot In Cleveland registrou na sua estreia, a maior audiência da TV a cabo na história dos EUA para uma sitcom, com 4.75 milhões. Foi a maior audiência da história do TV Land e, para um canal de TV paga, é uma audiência assustadora. Para se ter uma ideia, é uma audiência mais alta do que True Blood (naquela semana) e é mais alta do que a recém estreada The Good Guys (Fox), que é de TV aberta. Mas a responsável dessa audiência toda nós bem sabemos quem é.

A América sempre foi apaixonada por Betty White, e continua sendo. E muito da espera para que esta série chegasse na TV era para que o norte-americano voltasse a ver a velhinha de The Golden Girls novamente na TV. Este ibope todo da série mostra que Betty White continua com o seu merecido hype, sendo uma das mulheres mais “desejadas” (entendam também como quiser) da América.

Ponto. Falemos agora da série. Hot In Cleveland foi criada por Suzanne Martin (de Ellen e Fraiser) e tem produção de Sean Hayes (Jack McFarland, Will & Grace). Ou seja, gente que já fez séries de qualidade. Toda a estrutura de produção da série é feita como se fosse uma sitcom “clássica”, principalmente no quesito de ser gravada diante do público, como as sitcoms antigas eram feitas, para ter o efeito de claque das risadas ao vivo, durante a cena (hoje, séries como Two And a Half Men, How I Met Your Mother e The Big Bang Theory tem um processo de mixagem, onde as risadas são gravadas depois do episódio pronto).

No caso de Hot In Cleveland, é feito bem proposital, para atrair a audiência do canal, que é o público que cresceu vendo as sitcoms clássicas. Bom, o lado positivo é que eles tentam fazer um resgate desse gênero de comédia, que está cada vez mais escasso na TV dos EUA.

Isso tudo foi o lado bom da série. Agora, vamos para o lado ruim.

Hot In Cleveland não é uma série “engraçada”. A série conta a história de três amigas que estão na faixa dos 40, que durante uma pane no avião que as transportavam para uma viagem para Paris, resolvem ficar em Cleveland, Ohio, porque descobrem que lá é a “nova terra prometida” (leia-se: em Cleveland, os homens notam as quarentonas, ao contrário de Los Angeles). Uma dessas amigas, Melanie Moretti (Valerie Bertinelli, One Day At Time), mãe de dois filhos, se empolga mais que as outras com esta perspectiva, e resolve alugar uma casa na cidade, para viver com as outras duas amigas, Joy Scroggs (Jane Leeves, The Benny Hill Show, Thorb, Murphy Brown) a “rainha das sombrancelhas das celebridades” e Victoria Chase (Wendie Malick, Just Shoot Me), atriz decadente de novelas.

Ah, com a casa, eles levam como “brinde” uma inquilina que vive na casa a mais de 50 anos, Elka Ostrovsky (Betty White, The Mary Tyler Moore Show, The Golden Girls), uma velinha meio ranzinza, mas com vida sexual ativa e usuária de, digamos “marijuana”.

O primeiro problema da série é recriar a fórmula que deu muito certo em The Golden Girls (ou As Super Gatas). Devemos deixar claro que esta fórmula deu certo nos anos 80 porque o elenco era incrível, o texto era excepcional, e as propostas das situações da série estavam muito a frente do seu tempo.

Ver senhoras da melhor idade falarem de homossexualismo, HIV, sexo sem compromisso, dificuldades financeiras e desencontros amorosos é muito mais divertido do que ver quarentonas falando sobre os mesmos temas (a não ser que a série se chame Sex And The City). Fora que The Golden Girls é uma das séries mais influentes da história da TV dos últimos 25 anos. Por isso, é perigoso você ter uma obra que seja muito parecida com algo que deu muito certo no passado.

Além disso, Betty White, por incrível que pareça, pode vir a ser um problema sério para a série mais pra frente. Calma, ela não tem culpa de estar com o hype que está hoje, muito menos de ser muito melhor que o restante do elenco, ou de ter as melhores piadas, ou do argumento dos demais personagens serem muito menos interessantes do que os dela. Na verdade, Betty White era para estar só no piloto da série. O problema é que ela gostou do elenco e dos produtores, e todo mundo a convidou para fazer a temporada completa.

Logo, o argumento dela ser a velhinha que já morava na casa não dá muita liga com o resto. Além disso, o TV Land esta contando muito com este hype de Mrs. White. Mas, e quando este hype acabar? Betty White vai entrar no efeito de imagem desgastada, que toda celebridade enfrenta quando sofre uma super exposição, como ela está sofrendo (inclusive, sendo seriamente cotada para apresentar o Oscar 2011), mas suas participações na série são tímidas, do tipo “entra, faz a piada e sai”. Ou eles a integram efetivamente na trama da série (algo que já mudou no segundo e terceiro episódios), ou a série está fadada a cair numa mesmice sem sentido de ter MILFs encalhadas em busca do homem ideal.

Fora que, além de Betty White, só Wendie Malick se sai bem com algumas situações cômicas. Fora isso, tem situações constrangedoras na série, e propostas que, mesmo sendo condizentes com aquilo que aquelas mulheres da série apresentam, dão aquela dor física de vergonha alheia total.

Resumo da ópera: para você que tem menos de 30 anos, nem vale a pena chegar perto de Hot In Cleveland. Esta é uma série feita para quem curtiu séries como Cheers, Fraiser, All In The Family, The Golden Girls e derivados. E ainda assim, pra quem vai assistir, faça pela Betty White, porque sempre vale a pena. É ótimo vê-la em cena, por tudo o que ela já foi e ainda é para a TV dos EUA. E porque ela continua deliciosamente cômica na tela da TV. Ela é o fiel da balança da série. Já o restante, tem que melhorar e muito. Antes que o hype de Mrs. White acabe.


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@oEduardoMoreira